Ban Ki-moon: "eu acredito na diversidade cultural"

Ban Ki-moon: "eu acredito na diversidade cultural"
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Ban Ki-moon tem provavelmente uma das tarefas mais difíceis do mundo. Enquanto Secretário Geral das Nações Unidas, tem de procurar concórdia internacional numa multitude de assuntos espinhosos, tais como as alterações climáticas, emigração, desenvolvimento, pobreza mundial, ambições nucleares iranianas, tensões entre palestinianos e israelitas…
A Euronews aproveitou a presença de Ban Ki-moon em Estrasburgo para lhe colocar algumas questões.

Euronews: Sr. Secretário Geral, bem vindo à Euronews. Nas próximas semanas, as alterações climáticas estarão de novo no centro da agenda internacional. Concorda com Durão Barroso que a Cimeira de Cancun, em Dezembro, vai muito provavelmente falhar a renovação do Protocolo de Kioto sobre as alterações climáticas? Porque é que estas negociações são tão penosamente infrutíferas?

Ban Ki-moon, Secretário Geral das Nações Unidas:
Este é um assunto de vontade política dos
estados-membros: A comunidade internacional tem a perfeita consciência que este assunto da alteração climática é um tema fulcral da nossa era. Quanto a isso não há dúvida. Pode dar-se o caso de não conseguirmos ter um acordo globalmente aceitável, um acordo compreensivo e obrigatório, mas temos feito alguns progressos tangíveis na desflorestação e degradação da floresta, facultando apoio financeiro particularmente rápido, apoio inicial para países em desenvolvimento, adaptação tecnológica e capacidade de construção. Nestas cinco áreas, temos de nos empenhar de forma a consiguir um progresso maior quando para o ano formos para a África do Sul. Mas estamos a fazer o nosso melhor para em Cancun progredirmos o mais possível.

E: Apesar de economicamente necessária, a emigração é cada vez mais descrita na Europa como uma ameaça social e política. O multiculturalismo foi mesmo recentemente apresentado por Angela Merkel como um fracasso na Alemanha. Reconhece a tendência para um maior nacionalismo na Europa? Isso preocupa-o? BKM: Eu sei que tem existido alguma controvérsia em alguns países europeus sobre os trabalhadores emigrantes e algumas minorias. No que respeita às Nações Unidas, enquanto Secretário Geral, nós estamos a solicitar a todos os estados-membros que incrementem e protejam a plenitude dos direitos humanos destas pessoas que possam estar ser descriminados e provavelmente não completamente protegidos. As Nações Unidas tomaram a iniciativa reunindo um fórum internacional sobre “Migração e Desenvolvimento”. Já nos reunimos três vezes. E vamos continuar a reunir. A finalidade destas reuniões é definir como é que podemos usar a contribuição destes trabalhadores migrantes para se alcançar uma forma mais positiva e favorável de desenvolvimento económico e social. E: Então, do seu ponto de vista, a migração não é pior na Europa do que em outros continentes?

BKM: Este é um fenómeno comum em todo o lado. Há a tendência para que as pessoas olhem os migrantes como “os outros”. Mas se formos suficientemente mais generosos e mais inclusivos, eles podem ser “nossos”, da mesma forma as pessoas dos nossos países também podem ser vistas como “os outros” em outros países. É por isso que a inclusão social é muito importante. Eu acredito na diversidade cultural. Eu acredito na mobilidade. Consequentemente, toda esta diversidade cultural deve de ser promovida e respeitada de um modo positivo. E: Em termos de solidariedade mundial, o que é que espera da próxima cimeira do G20 no mês que vem em Seul?

BKM: Pela primeira vez na história do G20, os lideres vão ocupar-se da agenda do desenvolvimento. Enquanto estarão a discutir como consolidar a sua situação financeira, como implementar a austeridade, ao mesmo tempo, eles vão discutir como é que os lideres do G20 podem dar o sentido de esperança, como é que podem lidar com todos os assuntos ligados à pobreza extrema, como é que podem lidar com o conjunto dos temas do desenvolvimento, incluindo as alterações climáticas. Isso é algo muito encorajador.

E: As negociações com o Irão sobre a temática nuclear estão quase a recomeçar em Viena. Estão as Nações Unidas e a União Europeia em sintonia sobre o dossier iraniano assim como sobre a não proliferação do nuclear em geral?

BKM: Eu tenho discutido este assunto com a Senhora Ashton. Estou convencido que as conversações têm avançado numa direcção favorável. Sempre que me tenho encontrado com as autoridades iranianas tenho incitando-as para que regressem ao diálogo e estabeleçam negociações com o Grupo dos 6, e isso vai provavelmente acontecer no inicio de Novembro. Enquanto Secretário Geral, eu não pouparei esforços para facilitar este processo de negociações. Não há outro caminho a não ser o diálogo, através do qual nós podemos resolver este assunto de uma forma pacifica.

E: Qual é a sua opinião sobre a proposta, cada vez mais frequente, de acolher nas Nações Unidas um novo membro, a saber a Palestina?

BKM: Palestina e Israel, estão envolvidos no relançamento do processo de paz, e até mesmo, estas questões dos colonatos, isto foi parado. Como membro do Quarteto e como Secretário Geral das Nações Unidas, tenho trabalhado muito com as partes interessadas, tanto Israel como Palestina, assim como com os importantes membros da Liga Árabe e também os Estados Unidos. Nós temos esperança que este processo de paz possa ser retomado com a maior brevidade possível para que se possa concretizar a visão dos dois estados onde Israel e Palestina podem viver lado a lado e em segurança. Então, poderemos dar as boas vindas à Palestina como novo estado membro das Nações Unidas.

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