Vida de herói de 11 de setembro dá origem a ópera

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Vida de herói de 11 de setembro dá origem a ópera
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Heroísmo, amizade, guerra, amor… são estes os temas de “Heart of a Soldier”, ou “Coração de um Soldado”, do compositor norte-americano Christopher Theofanidis. Esta ópera contemporânea teve a estreia mundial na cidade de São Francisco na véspera do décimo aniversário do 11 de setembro.

Conhecida como uma das cidades mais liberais da América, a Casa da Ópera não poderia ser diferente. Sem receios, levou à cena a história de vida de Rick Rescorla, um homem destemido e heroico

Com os atentados às torres gémeas como pano de fundo, “Heart of a Soldier” é um trabalho complexo, mas acessível.

A encenadora Francesca Zambello, considera que “é importante salientar que não é apenas uma história sobre o onze de setembro. Fazê-lo neste dia é importante para comemorar o seu significado, mas considero que isso significa muito mais e não quero confiná-la a apenas isso.”

Zambello afirma que a ópera tenta responder a variadas questões que se coloca hoje. Questões como: “O que é a América? Qual é o nosso lugar no mundo? Como é que vamos honrar todos aqueles que caíram e morreram em nome da democracia? A questão do cristianismo e do islamismo… Por que aconteceu o onze de setembro? O que é o coração de um soldado? “

Rick Rescorla era encarregado da segurança de um banco de investimentos na Torre Sul. Ele garantiu a retirada de cerca de 2.700 pessoas. Rescorla voltou a entrar no edifício para uma última verificação, na altura em que a torre colapsou… O seu corpo nunca foi recuperado.

Para o barítono norte-americano, Thomas Hampson, os heróis acabam por ser “pessoas normais que no momento certo, num momento de necessidade, têm a capacidade de ir além de tudo aquilo que conhecem da vida, por causa da crise, do perigo e da necessidade de protegerem a vida. Rick Rescorla fez coisas extraordinárias! É uma grande história, mas ele era apenas uma pessoa com quem se gostaria de conviver. Ele era um homem bom e simpático.”

“Heart of a Soldier” é também uma história de amizade profunda entre Rescorla e Dan Hill, um antigo companheiro de armas desde a guerra do Vietname. Uma amizade que superou os altos e baixos da vida.

O romance está também presente. A ópera dá voz à história de amor entre Rick e Susan, a segunda mulher, com quem casou aos 59 anos.

Para a encenadora, a questão etária é uma das maiores novidades da ópera. “São pessoas na casa dos cinquenta. Esperamos assistir a óperas com personagens como Mimi e Rodolfo, de “La Bohème”, estão nos seus vinte e poucos anos. O que acontece com as pessoas na casa dos cinquenta, que é a idade média dos nossos espetadores? Por isso creio que é muito emocionante ver essas pessoas a descobrirem-se e a unirem-se aos 50, 58 anos,” confessa Francesca Zambello.

Naquela fatídica manhã de onze de setembro de 2001, sob um belo céu azul, a vida de Rick Rescorla e de milhares de nova-iorquinos foi abalada para sempre.

Thomas Hampson a reação de Rescorla foi a única possível. “Acredito que ele não teve escolha. Nunca lhe passou pela cabeça não voltar ao prédio para se assegurar que todas as pessoas tinham saído. Honestamente acredito que ele pensava que tinha tempo. Ninguém acreditava que aquelas torres ruiriam por volta da uma da tarde. O Rick voltou a entrar porque não estava cem por cento seguro de que todos os seres humanos, pelos quais era responsável, tinham tido a oportunidade de sair do edifício. Ele ainda estava capaz, ainda conseguia andar, ainda estava forte. Este foi Rick Rescorla.” assegura.

A reportagem contém excertos da ópera “Heart of a Soldier” de Christopher Theofanidis e Donna Di Novelii.

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