Como manter as aparências no Bahrein?

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Manter a realização do Grande Prémio de Fórmula 1 no Bahrein servirá para mostrar ao mundo que o país está a regressar à normalidade. Este é o argumento do príncipe herdeiro do reino. Mas as imagens que nos chegam são doutra realidade, uma realidade feita de protestos e contestação contra o governo de uma família real sunita, num país de maioria xiita.

No entanto, o príncipe Salman considera que cancelar a competição apenas fortaleceria os extremistas e percorreu tranquilamente o circuito de Sahkir ao lado de um nome mítico das corridas, Bernie Ecclestone.

Mas os treinos não decorreram normalmente: a equipa Force India não os completou por não querer chegar ao hotel depois do anoitecer.

Bahrein: Oposição diz que “a luta vai continuar”

Euronews: Hala Shehabi, ativista e porta-voz da oposição no Bahrein, seja bem-vinda à euronews. Qual vai ser a próxima jogada da oposição?

Hala Shehabi: “A luta vai continuar a avançar. O movimento nas ruas seguirá pressionando o governo para que responda às ambições legítimas de eleições parlamentares livres, para que haja um governo eleito, após 41 anos deste regime”.

EN: Porque é que a Fórmula 1 assumiu tanta importância nos protestos?

HS: “Porque a Fórmula 1 está a apoiar a família real. O príncipe é o patrão do evento. Os organizadores são membros da família real que também são investidores importantes no desporto motorizado. Por isso, é natural que a Fórmula 1 seja um alvo do movimento de protesto, especialmente tendo em atenção toda o circo mediático que se forma e a presença de jornalistas estrangeiros, o que trás muita atenção sobre o Bahrein”.

EN: Que mensagem querem passar?

HS: “A mensagem é clara: é a luta pela liberdade e a libertação; a luta por uma maior participação e por mais inclusão. É a exigência de libertação de todos os presos políticos. Neste momento pelo menos 600 pessoas estão presas por motivos políticos. É a exigência de que as pessoas sejam reintegradas nos seus postos de trabalho e que acabe a repressão aos protestos pacíficos. Os jornalistas tiveram a oportunidade de ver a repressão contra as manifestações pacíficas, com a polícia a recorrer a gás lacrimogéneo, disparando balas de borracha ou ainda pior, tiros de caçadeira”.

EN: Têm alguma coisa a dizer aos organizadores e aos adeptos de Fórmula 1 no mundo inteiro?

HS: “A mensagem é clara: Parem de apoiar uma família real que está envolvida em violações graves dos direitos humanos. Têm de ser eticamente responsáveis por este desporto não é neutro. É uma falácia, afirmar que não há um relacionamento entre a política e o desporto. Infelizmente, vimos claramente essas relações perigosas na África do Sul, na Argentina e noutros pontos do globo”.

EN: Desde o cancelamento da prova no ano passado, o governo do Bahrein conseguiu convencer os organizadores a avançarem com a corrida porque a situação tinha acalmado. O que pensa deste argumento?

HS: “Penso que a decisão de avançar com a prova foi puramente comercial e os interesses particulares tiveram um papel muito importante no processo. Na nossa perspetiva isso é óbvio. Passamos o último ano a pedir reformas sérias e genuínas. O governo teve um ano para abrir o diálogo com a oposição e encontrar uma solução política. A menssagem para o governo é que resolva finalmente o conflito político. Isso é a única coisa que trará estabilidade e segurança a toda a população do Bahrein”.

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