A agonia grega já terá uma resposta?

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O resultado das eleições gregas trouxe uma acalmia relativa, muito longe de ser uma luz ao fundo do túnel. Se a Europa evitou, para já, o pior, se o pior for a eventual saída de Atenas da zona euro, há demasiados fogos para apagar. Por isso, os cenários continuam todos em aberto.

No próximo mês de julho, a liquidez grega volta a atravessar uma fase crítica, com dificuldades anunciadas na sustentação financeira da máquina da função pública. Recorde-se que, em 2010 e 2012, a canalização de fundos de resgate para o país totalizou 240 mil milhões de euros.

O presidente da Câmara de Comércio grega, Constantine Michalos, afirma que “no último ano e meio, tem sido tremenda a pressão da liquidez sobre o setor privado. Terá de haver sacrifícios, mas o povo grego tem de saber quanto tempo vão durar esses sacrifícios, quando terminam, e quando poderão sair do túnel da crise.”

A prevista oposição do partido de extrema esquerda Syriza também fragiliza este contexto, que será o tema forte na cimeira em Bruxelas, nos próximos dias 28 e 29.

Grécia pretende renegociar austeridade e crescimento

A Grécia ficou conhecida por, durante 30 ou 40 anos, ter tido um Estado corrupto e um sistema que viveu do clientelismo político até a levar à falência.
Laura Davidescu, euronews – O que vai mudar com o Governo de Samaras, que vai ser formado por partidos acusados da atual catástrofe?

Dimitrios Tsomocos, conselheiro económico de Samaras, responde às questões:

euronews – A austeridade pela austeridade não funcionou e o novo governo grego tem a oportunidade de recomeçar, o que deve negociar e defender?

Dimitrios Tsomocos – O ponto de partida é renegociar as medidas de austeridade e combiná-las com medidas de crescimento.
Restituir, retificar e consertar as injustiças sociais cometidas. A liquidez dos bancos capitalizados tem de fluir para a economia real. Precisamos de um plano de investimentos mais oportuno e audaz. Um plano de investimentos rápido e a ativação, ao mesmo tempo, das reformas estruturais.

Por último, mas não menos importante, há que reformar o sistema de impostos. É necessário baixar os impostos. A economia grega caiu na armadilha da recessão. As empresas gregas fecham umas atrãs das outras. A população grega tem problemas económicos graves, por isso um sistema de impostos mais benigno, com a baixa do IVA, do imposto de sociedades e do imposto sobre os rendimentos, vao ajudar a impulsionar a economia, a tirá-la da armadilha da recessão.

euronews – Sou um empresário grego, tenho a cabeça cheia de ideias brilhantes e bato à porta do novo executivo. Que resposta vou ter? Dar-me-ão luz verde?

DT – O principal objetivo do novo governo grego é restabelecer a confiança do mercado e das empresas. Assim, os investidores nacionais e estrangeiros vão começar a investir, a confiar na economia grega, e só assim, as relações entre o Estado e a economia real serão mais simples, eficazes e inteligentes, comparando com as relações passivas, paternalistas e burocráticas que havia até agora.

Tudo isto vai ser negociado com a Alemanha, principal provedor de fundos, e com os parceiros europeus. Acha que o novo governo grego vai ser capaz de o fazer sem pestanejar perante os alemães?

DT – Samaras demonstrou em toda a carreira política que é um negociador tenaz e que não cede. Mas não gostaria de ver as relações entre Grécia e a Alemanha como antagónicas. Estamos todos no mesmo barco.

Já é hora da União Europeia acordar, por assim dizer, para fomentar o crescimento, e de se dar conta de que a crise da dívida soberana grega é um problema paneuropeu.

Os países com superavit, os países do norte de Europa, não vão tê-lo eternamente, e os países com déficit também não. Há que reforçar as políticas de convergência das economias, como fizeram Jacques Delors, Helmut Kohl, François Mitterrand. acredito que, depois do que se passou em Espanha, os europeus comecem a dar-se conta da urgência de mudar de mentalidade.

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