Vice-PM irlandês explica prioridades da presidência da UE

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Chegou a vez dos irlandeses dirigirem a União Europeia nos próximos seis meses. O que mudou? Será que a recessão abalou o euro-entusiasmo irlandês?

Para descrever a Irlanda, usaram-se muitas metáforas animais, desde o tigre celta ao pato enfraquecido. Agora que os irlandeses assumem a presidência rotativa da União, será que o euro-entusiasmo passou do rugido ao grasnar?

O vice-primeiro-ministro Eamon Gilmore respondeu às perguntas dos telespetadores da euronews.

Soukaina, Bélgica:

Gostaria de saber o que os irlandeses pensam da União Europeia depois da ajuda financeira da Europa.

A Irlanda juntou-se à então Comunidade económica Europeia há quarenta anos e tem sido uma experiência muito positiva para o país.

A União Europeia contribuiu muito para o crescimento económico, para a modernização das leis. Contribuiu para as leis sobre igualdade. Muitas leis ambientais têm origem na Europa. Por isso, tem sido uma experiência muito positiva.

Maria, Espanha:
Queria saber o que pensa a Irlanda fazer em relação à questão da bandeira na Irlanda do Norte e como pensa gerir a questão do aumento dos nacionalismos na Europa.

Eamon Gilmore:

Estamos, com certeza, preocupados. Precisamos de ser vigilantes no que toca ao processo de paz. Tivemos um conflito na Irlanda do Norte que durou 30 anos. Foi um conflito muito violento, matou 3500 pessoas e deixou muitos feridos.

Trabalhámos longamente no processo de paz, com os governos irlandês e britânico, tal como com os partidos políticos da Irlanda do Norte, o que teve como consequência o estabelecimento de uma administração partilhada. Vimos nas últimas semanas alguns distúrbios que são preocupantes. Espero que não durem muito tempo. Mas penso que mostra os desafios que vamos ter de enfrentar para construir um futuro partilhado, para o povo da Irlanda do Norte. Mostra também a que ponto as identidades nacionais são fortes por toda a Europa. A União Europeia conseguiu criar uma união de 500 milhões de pessoas. Dentro dela há muitos povos e grupos que têm uma forte identidade nacional ou regional. É importante que respeitemos essas identidades, mas tem de haver um respeito mútuo e temos de trabalhar em conjunto, como povo, na Europa, para construir um futuro melhor para todos os cidadãos.

Chantal, Bélgica:

O que pensa a presidência irlandesa fazer para contrabalançar o poder da Alemanha na União Europeia?

Eamon Gilmore:

É importante reconhecer que a União Europeia não é feita só de um Estado ou de um número reduzido de grandes Estados. A união europeia é feita de 27 Estados membros, que serão 28 com a chegada da Croácia. É importante que façamos o nosso trabalho segundo o método da comunidade, ou seja, com um grande número de Estados trabalhando juntos, havendo respeito mútuo entre os países grandes e pequenos.

Anke, Alemanha:
A Irlanda é a primeira presidência do trio Irlanda, Lituânia e Grécia. Gostaria de saber se há coesão e uma boa cooperação entre esses três países nestes tempos, duros do ponto de vista económico.

Eamon Gilmore:

Sim, no que toca à presidência rotativa. Mas agora existe a presidência do Conselho Europeu, que é uma instituição permanente, o presidente Van Rompuy. Existe o presidente da Comissão europeia, Durão Barroso e o Alto Representante para os Assuntos Externos e Segurança. Penso que o novo sistema de trio, em que a presidência funciona com os dois países seguintes, que no caso da Irlanda significa que vamos trabalhar com a Lituânia e a Grécia, dá continuidade ao trabalho. Há uma agenda particular que tem de ser impulsionada nos próximos seis meses e a Irlanda tem consciência disso.

Esperemos que possa haver um entendimento sobre o orçamento europeu e sobre o quadro financeiro multianual e isso seja seguido por um programa legislativo. Queremos que o mercado único se aprofunde, em particular na área do mercado digital, e queremos que sejam assinados acordos de comércio que estão pendentes há muito tempo.

Por isso, queremos trabalhar nessas matérias, levá-las para a frente e, com a colaboração da Lituânia e da Grécia, que haja uma continuação nos 12 meses seguintes.

François, França:

Gostaria de saber o que o governo irlandês planeia fazer para proteger a juventude dos efeitos da crise, sobretudo para parar o fluxo de emigração. Vê-se os jovens irlandeses deixar o país para procurar trabalho. O que vai fazer para parar isto?

Eamon Gilmore:

O maior e mais urgente problema que a Europa enfrenta, neste momento, é o desemprego, em particular junto dos jovens. Um pouco por toda a União Europeia, 20% dos nossos jovens não conseguem trabalho. Temos de enfrentar esse problema urgentemente. Há várias iniciativas que a Irlanda quer tomar durante a presidência da União, entre fazer com que os jovens tenham acesso ao emprego, experiência de trabalho, ou formação e estágios.

O pior que pode acontecer a um jovem é estar numa situação de desemprego sem esperança à vista.

Por isso, é preciso um conjunto de medidas: em primeiro lugar, dar crescimento à Europa para que haja criação de empregos, aprofundar o mercado comum e o mercado digital em particular, uma área onde há um grande potencial de emprego para os jovens.

Desenvolver a educação e a formação, criar a ideia do Erasmus para todos – uma ideia de intercâmbio de estudantes entre países europeus – acima de tudo, fazer do combate ao desemprego jovem uma prioridade, não só da presidência irlandesa, mas de toda a Europa, para que possamos dar esperança aos jovens e fazer com que tenham futuro, não só na Irlanda, como noutros países da União Europeia.

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