A reação da UE aos conflitos no Mali

A reação da UE aos conflitos no Mali
De  Euronews
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Pergunta de Mathieu, estudante de Ciências Políticas em Paris :

“Gostaria de perguntar se a União Europeia concebe uma eventual intervenção militar no Mali, dada a crise atual que este país atravessa?”

Resposta de Bertrand Badie, professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris:

“Penso que temos de ser muito prudentes, por várias razões. Antes de mais, porque estamos a entrar numa conjuntura – na qual a Líbia e, sobretudo, a Síria, tiveram um papel importante – onde as intervenções internacionais não são bem vistas mediaticamente, nem são consideradas como um meio eficaz, credível ou sequer legítimo de regulação política.

De resto, a intenção é a de constituir uma operação essencialmente africana, isto é, de regressar ao velho conceito de regionalizar as questões de segurança: cabe aos africanos decidir qual a melhor forma de restabelecer a paz e o direito num país africano. Portanto, podemos prever que o papel da Europa e dos países não-africanos nesta intervenção venha a ser extremamente discreto. Dito isto, podemos questionar-nos sobre a capacidade de os exércitos africanos poderem resolver, de forma autónoma, um dossiê tão complicado.

Num segundo momento, podemos também conjeturar que, uma vez concretizado o afastamento das forças que ocuparam o norte do Mali, a partir da pacificação, aí as tropas não-africanas podem intervir para consolidar esse trabalho, para assegurar a retoma do país. É uma possibilidade.

Mas isso implicaria uma decisão ao nível europeu. Não tenho a certeza de que, no atual contexto europeu, haja uma vontade concreta de participar numa intervenção. A Alemanha – que tem hoje, como todos sabemos, uma posição essencial nas decisões tomadas no quadro europeu – iniciou, desde o fim da Guerra Fria, uma tradição de não-intervencionismo, como vimos no Iraque, depois na Líbia…

Podemos considerar que o dossiê do Mali é menos óbvio do que foi o dossiê da Líbia. Pelo menos, em princípio, a posição será de extrema prudência para não falar mesmo em abstencionismo.”

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