Human Rights Watch: O que é e o que faz

Human Rights Watch: O que é e o que faz
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Para responder às questões dos espetadores, iTalk convidou Jan Egeland, vice-diretor da Human Rights Watch e diretor para as operações na Europa, que nos responde a partir de Oslo.

Loic, Bélgica:

Gostaria de saber como a Human Rights Watch funciona, de que temas trata e o que faz exatamente.

Jan Egeland:

A Human Rights Watch é uma organização mundial que pesquisa e documenta situações de abuso, violência contra indivíduos e atropelos à lei no tratamento das pessoas. Depois, tudo isso é publicado, para que as pessoas saibam a verdade.

Defendemos a mudança, o predomínio do Estado de direito e que a toda a gente seja garantida a defesa dos direitos humanos.

As pessoas que recrutamos são as melhores entre as melhores. São peritos especializados em países, que vão à Síria, à Rússia, à África do sul, à China, a todos os países onde há guerra, repressão, discriminação e abuso dos direitos humanos.

Fazem centenas de entrevistas e depois há relatórios. Todas as semanas há novos relatórios que são publicados e novos press-releases. Tudo é anotado ao pormenor, porque precisamos de ter a certeza absoluta que o que publicamos é verdade, essa é a nossa força. Nós vimos a verdade, cheirámos, descobrimos no local.

Bertrand, França:

Quais são os temas de direitos humanos no seio da própria União Europeia de que os media não falam? Temos a casa limpa, na Europa?

Jan Egeland:

Não. Nós, na Human Rights Watch, estamos muito preocupados com a situação em vários países europeus. Muito sucintamente, diria que essa situação tem a ver com minorias que são discriminadas e imigrantes cujos direitos são violados. As minorias e os imigrantes são sempre os grupos mais vulneráveis em tempo de austeridade.

Mentor, Bélgica/Kosovo:

Gostaria de lhe colocar uma questão sobre o que se passa com as violações na Índia, o que o governo pensa fazer para erradicar este problema e o que nós, enquanto cidadãos da Europa, podemos fazer para ajudar a acabar com o problema.

Jan Egeland:

Podemos fazer muito. Ao mesmo tempo que estamos aqui a falar, a Europa prepara-se para o diálogo União europeia-Índia, que inclui os direitos humanos. Acreditamos que a Europa tem de insistir não só nas leis que defendam os direitos das mulheres, mas que isso se aplique na prática. A Índia tem muitas boas leis. Mas, na realidade, há polícias, juízes e líderes corruptos que não defendem os direitos das mulheres. O que vimos depois destas horríveis violações foi alguns líderes políticos e religiosos dizerem que a culpa era das mulheres. Isso não pode ser tolerado. Na prática, a cultura tem de mudar na Índia, tal como em muitos outros países, no que toca à defesa dos direitos das mulheres.

Sabrina, Bélgica:

A primavera árabe é uma boa evolução para a democracia, mas não há evolução em termos de direitos das mulheres. Como vê a situação?

Jan Egeland:

Por exemplo, somos muito críticos em relação à falta de direitos para as mulheres na Arábia Saudita, um país que apoia movimentos islâmicos em vários outros países. Ao expor o que acontece num país como a Arábia Saudita ou, agora, no Egito, onde está a acontecer uma batalha de valores em torno deste assunto, estamos a ajudar estas corajosas mulheres que lutam pelos seus direitos. Lutam da Arábia Saudita ao Egito, ou nessa terrível guerra civil na Síria. Temos que expor as violações e ajudá-las nesta luta para terem direitos iguais aos homens.

Lola, Bélgica:

Nos países em vias de desenvolvimento, as mulheres tomam iniciativas positivas para melhorar as condições?

Jan Egeland:

Penso que há uma tendência, positiva e duradoura, para que cada vez mais países abram a educação às mulheres. Nunca antes, na história, tantas meninas e raparigas foram à escola primária, à secundária ou à universidade. Em muitos países de África, Ásia e América latina, onde antes nem se falava de mulheres líderes políticas, isso acontece agora mais do que nunca.

No entanto, estamos ainda muito longe da igualdade que as mulheres merecem. Em muitos lugares, são ainda discriminadas, seja no mercado de trabalho ou na vida académica e política”.

Alex Taylor, euronews:

Muita gente mandou questões ao senhor Egeland sobre o que pensa das questões de direitos humanos no futuro. Há muito que acompanha as questões dos direitos humanos. Quais são os temas emergentes neste século?

Jan Egeland:

Há muitos temas antigos, como a tortura, ou as execuções extrajudiciais, que se mantêm. Vemos agora os dramas na Argélia, no Mali ou, em especial, na Síria, com a guerra que se está a desenrolar. A nova geração de batalhas em torno dos direitos humanos tem a ver com a liberdade de informação e a internet. Esta é uma grande ferramenta para a abertura das sociedades e das ditaduras. Mas pode também ser uma ferramenta para exercer vigilância e disseminar acusações falsas e mensagens de ódio. Por isso, penso que a batalha da informação e a batalha pelas nossas mentes são as batalhas futuras em que os direitos humanos têm que ser defendidos.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Depois do Bosão de Higgs, CERN pode virar-se para a matéria negra

O espaço é uma experiência sensorial

"Nos meus seios há sempre uma mensagem"