Regime iraniano prossegue com detenções de jornalistas

Regime iraniano prossegue com detenções de jornalistas
De  Euronews
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São já 16 os jornalistas iranianos detidos em Teerão desde o passado domingo.

As últimas detenções tiveram lugar ontem, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras e representantes da Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irão.

O regime iraniano acusa os jornalistas de colaborarem com “uma rede mediática ligada ao Ocidente”.

Meios estrangeiros com emissões em língua persa, como a BBC, a Voice of America ou a Radio Free Europe são acusados por Teerão de cooperarem com governos ocidentais para destabilizar o regime iraniano.

A vaga de detenções acontece a poucos meses das eleições presidenciais de Junho e é interpretada por muitos como uma forma de tentar evitar a repetição do Movimento Verde que contestou nas ruas o resultado das eleições de 2009.

Reihaneh MAZAHERI, euronews: “A ONG Repórteres Sem Fronteiras, que tem acusado sistematicamente o Irão de atentar contra a liberdade de expressão, reagiu, em comunicado, à nova vaga de repressão contra jornalistas no país.

Estamos em contacto com Reza Moini, responsável da ONG para o Irão, o Tajiquistão e o Afeganistão, que se encontra em Paris.

Senhor Moini, três dias depois de iniciar a nova vaga de detenções de jornalistas, o Ministério iraniano dos Serviços Secretos acusou, num comunicado, os detidos de “colaborarem com meios de comunicação em língua persa fora do Irão”. O comunicado explicava também que as detenções iam continuar. Qual pensa ser a razão para estas detenções?”

Reza Moini: “No comunicado que nós próprios emitimos um dia depois das primeiras detenções – o dia agora conhecido como “Domingo Negro” -, falámos na possibilidade de novas detenções. Lamentamos que o Ministério dos Serviços Secretos da República Islâmica do Irão mantenha a mesma visão há anos a fio. Continua a lançar acusações contra jornalistas o que, na nossa perspetiva, não é a resposta adequada à crise no Irão. O facto é que, apesar de todas as ‘linhas vermelhas’ e de toda a censura, os jornalistas no Irão estão a tentar informar e, mesmo a esse nível, é algo que não é tolerado pelo regime.”

euronews: “Para além da Repórteres Sem Fronteiras e da Human Rights Watch, mais de duzentos jornalistas iranianos, dentro e fora do país, protestaram em comunicado contra as detenções. Estas reações ajudarão a mudar o comportamento do regime iraniano?”

RM: “Estamos no trigésimo quarto aniversário da chegada do Ayatollah Khomenei ao Irão. Nestes 34 anos, têm-se repetido as repressões contra jornalistas, mas o importante é não ficar em silêncio. Nestes casos, todas as organizações humanitárias, bem como jornalistas iranianos dentro e fora do país, podem, sem dúvida, ter um papel preponderante nos protestos contra as detenções de colegas de trabalho. Devemos sublinhar o facto de que, 34 anos depois do início do regime islâmico, o Irão é infelizmente uma das maiores prisões para jornalistas do Mundo. Atualmente, 62 jornalistas e ‘bloggers’ da República Islâmica estão na prisão.”

euronews: “Para além de um comunicado, que outras medidas está a tomar a Repórteres Sem Fronteiras para responder à recente repressão?”

RM: “A nossa função é informar e difundir os factos sobre a situação, no que diz respeito à liberdade de expressão, à liberdade da imprensa e à liberdade de informação. Há dois dias, a Repórteres Sem Fronteiras publicou um ‘ranking’ da liberdade de imprensa e, entre 179 países, o Irão está na posição 174”.

euronews: “Devemos esperar uma nova vaga de emigração de jornalistas iranianos?”

RM: “Infelizmente, um sistema repressivo provoca sempre algum tipo de êxodo. Um grande número de jornalistas foram convocados e detidos em Teerão e noutras cidades. Só em Teerão, foram detidos até ao momento 16 jornalistas. Penso que esta nova vaga de detenções pode conduzir a mais repressão e pode levar mais jornalistas a sairem do país”.

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