Vaticano: Que futuro?

Vaticano: Que futuro?
De  Euronews
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O que vai mudar na Igreja Católica com a resignação deste papa? Qual será o impacto na Igreja e na comunidade católica? É difícil interpretar, ainda é muito recente. De qualquer forma, a Euronews tenta fazer uma análise histórica com Adriano Prosperi, professor emérito na Escola Superior Normal de Pisa e especialista em catolicismo.

Adriano Prosperi, professor:
“O papa é um soberano absoluto, dotado de poderes diante de Deus. E quando renuncia a esses poderes, não deve renunciar face a uma autoridade terrestre. No que diz respeito a consequências futuras da sua decisão, naturalmente, não somos profetas. Podemos dizer que é um gesto forte, que tem como objetivo reforçar o papel do papa e não enfranquecê-lo.”

Manuela Scarpellini, euronews:
“Há quem interprete esta decisão como uma demonstração da crise do papado, que é vista como uma instituição anacrónica, manchada pela vaga de escândalos recentes, uma instituição que procura um caminho para se salvar e se regenerar.”

Adriano Prosperi, professor:
“A tese, segundo a qual, esta demissão é consequência dos recentes escândalos pode ser, até certo ponto, correta. Ainda assim, não acredito que seja a principal causa desta resignação. Acredito que é preciso procurar as causas, sobretudo nos desafios que a Igreja enfrenta hoje. Uma escolha entre a proposta do do cardeal Martini (que morreu em agosto de 2012, que queria um novo Concílio, depois do Concílio Vaticano II de 1962) que queria um novo concílio, ou seja, uma Igreja que se organiza-se a partir das suas bases, que tentasse envolver os fiéis, e do outro lado, existe outra corrente, a de Ratzinger como papa, antes de mais teólogo e personagem eminente da Curia Romana que propõe um poder crescente do poder central.”

Manuela Scarpellini, euronews:
“Para além desta resignação, que importância histórica tem este papa?”

Adriano Prosperi, professor:
“O papel deste papa apareceu desde o início como um papel de alguém que quer continuar a via mais conservadora, uma via de reflexão, prudente, uma espécia de restauração do poder magistral do papa, mas que ao mesmo tempo devia ser capaz de reorientar a Curia Romana, que com o seu antecessor, que pôs de lado a gestão do quotidiano, tomou o seu próprio caminho fortemente marcado por problemas e escândalos.
O papa Ratzinger não conseguiu resolver os problemas e isso acabou por consumi-lo.
A questão da pedofilia era um enorme problema mundial que ele conhecia bem. As soluções acabaram por ser improvisadas e não foram bem acolhidas.

Neste momento, sem mais energia e tendo uma gestão centralizada, sobretudo depois dos recentes escândalos financeiros, o papa decidiu que era a altura de romper com esta situação.”

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