A Ria de Aveiro ao microscópio

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Começa de manhã cedo a recolha de amostras para a equipa de investigadores que percorre a Ria de Aveiro. São cerca de 75 quilómetros quadrados de um ecossistema único e frágil, onde inúmeras espécies – bivalves, crustáceos, peixes, aves – coabitam numa vasta área pontuada pelas salinas.

Mas a laguna enfrenta uma série de ameaças, como explica Ana Lillebø, bióloga da Universidade de Aveiro: “alguns dos problemas mais comuns relacionam-se com a eutrofização, o excesso de carga de nutrientes neste sistema, que podem provocar o bloom de macro-algas, e depois todas as condições de anóxia e de perda de qualidade ambiental dessas massas de água. Depois há uma série de compostos emergentes, como os fármacos ou as nanopartículas, que também são poluentes que põem em causa a qualidade das massas de água.”

As alterações climáticas também comportam riscos significativos, alterando o volume de água na laguna, a temperatura e a acidez, enfraquecendo um ecossistema que é particularmente vulnerável. Os investigadores estão a apurar de que forma as espécies animais e vegetais mais presentes aqui reagem às alterações em curso. Arnaldo Marín Atucha, da Universidade de Murcia, aponta que recorrem a modelos “que permitem fazer uma avaliação das alterações climáticas no futuro. Podemos prever a evolução destas populações, se vão aumentar ou diminuir, ou se, muito simplesmente, vão desaparecer do sistema.”

Trata-se de um projeto científico que se estende a toda a União Europeia, integrando estudos em quatro lagunas. Cada uma delas representa uma realidade diversa. Mas todas precisam de ser protegidas, com urgência. Os dados biológicos são inseridos num sofisticado modelo computacional. Os investigadores criam mapas interativos para identificar também outros fatores que interferem na sustentabilidade, como o turismo, a indústria ou os hábitos agrícolas.

A investigação passa pelo contacto com a população local. Os cientistas contam com a colaboração de caçadores e pescadores na recolha de informações que permitem destrinçar a realidade desta área, sobretudo os pontos mais vulneráveis. Geoffrey Gooch, professor na Universidade de Dundee, revela-nos o método: “damos-lhes mapas e pedimos que assinalem, com pontos e cores, as áreas da laguna que consideram estar a evoluir de forma positiva e as que se encontram ameaçadas. Para além de identificar as questões em jogo, temos a sua perceção geográfica.”

O trabalho conjunto dura há três anos. A sua relevância é relembrada por Arnaldo Marín Atucha: “cada laguna é irrepetível. Se perdermos esta herança, perdemos um pouco de nós próprios.”

Para mais informações, consulte lagoons.web.ua.pt. lagoons.web.ua.pt

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