Chipre: resgate internacional com consequências incertas

Chipre: resgate internacional com consequências incertas
De  Euronews
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Depois de começar a investigação ao sistema bancário de Chipre, os analistas mais pessimistas acreditam que o país possa necessitar de um segundo resgate, dentro de alguns meses. Sobretudo porque as medidas exigidas ao Chipre podem abrir uma crise ainda mais profunda.

Peter Vanden Houte, economista-chefe da Zona Euro, do ING, explica que “os grandes depositantes vão perder mais de 40% do dinheiro que tinham no maior banco cipriota. E isso é algo que vai afastar os investidores estrangeiros nos próximos anos. E acho que não é só o setor financeiro que vai ser prejudicado pela falta de credibilidade mas também o facto dos investidores terem perdido o seu dinheiro.”

A euronews ouviu falou ainda com Andreas Neocleous, fundador de uma das maiores sociedades de advogados da Europa, que trabalha com as maiores companhias. Neocleous, entre outros, foi um dos primeiros a estabelecer relações com a Rússia, trazendo capitais russos para a ilha.

Efthymia Koutsokosta, euronews:
“10 dias depois do acordo de 25 de março e dos cortes nos depósitos, quanto dinheiro perdeu e quanto perderam os seus clientes?”

Andreas Neocleous, advogado:
“O nosso escritório perdeu cerca de 20 milhões de euros e claro que somos afetados pelas perdas dos nossos clientes. Muitos deles viram o próprio dinheiro ser confiscado.”

Efthymia Koutsokosta, euronews:
“Alguns dos seus clientes estrangeiros ou grandes investidores já pediram a devolução do seu dinheiro?”

Andreas Neocleous, advogado:
“Estamos a receber mensagens dos nossos clientes, não só do leste da Europa, mas também do centro, do Reino Unido, Alemanha, França…pedindo o seu dinheiro para poderem financiar os próprios negócios. E também em Chipre já foram feitas queixas nos tribunais. Vão avançar com ações judiciais medidas protecionistas, providências cautelares que proíbam os bancos de congelar os capitais ou os trocar por títulos de dívida.”

Efthymia Koutsokosta, euronews:
“Quase 2/3 dos depósitos estrangeiros na ilha são russos. O que vai acontecer se os russos e outros grandes investidores retirarem o dinheiro dos bancos cipriotas, seja para os levarem para casa ou para os transferir para locais mais seguros?”

Andreas Neocleous, advogado:
“Acredito que vai ser muito prejudicial para o sistema bancário. Mas, não é um desastre. O centro internacional de negócios de Chipre está baseado em três pilares. O sistema bancário é apenas um deles. Os outros dois são o sistema legal e o último, os chamados serviços de gestão fiduciária, que são muito comuns em Chipre.”

Efthymia Koutsokosta, euronews:
“Que perspectivas de negócios tem Chipre a partir de agora?”

Andreas Neocleous, advogado:
“Chipre vai enfrentar algumas dificuldades nos primeiros 1, 2, talvez três anos, mas acredito que vai superar esta fase e vai ficar mais forte depois do sofrimento. E também gostaria de deixar uma mensagem a quem tem interesses específicos de destruir o papel de Chipre como centro internacional de negócios: vão ficar desapontados.”

Efthymia Koutsokosta, euronews:
“Quer dizer, os países do Norte?”

Andreas Neocleous, advogado:
“Alguns desses países, os que estão em concorrência directa connosco. E para não pensar que me estou a esconder atrás das minhas palavras, falo principalmente da Holanda.
Temos uma forte concorrência da Holanda na atração de investimento estrangeiro e como centro de negócios da comunidade empresarial internacional.”

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