Margaret Thatcher e a relação ambígua com a Europa

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Margaret Thatcher chegou ao poder em 1979 com a promessa de transformar o Reino Unido mas também de reforçar a então Comunidade Económica Europeia, à qual o país aderiu em 1973.Thatcher defendeu o Mecanismo de Taxa de Câmbio, precursor da moeda única, e uma abordagem europeia de defesa.

Mas apenas seis meses depois de chegar a primeira-ministra, ficou famosa a frase “quero o meu dinheiro de volta”. Como o Reino Unido beneficiava pouco da Política Agrícola Comum, que ainda hoje representa 1/3 do orçamento europeu, Thatcher lutou pelo famoso abatimento.

Esse desconto foi obtido quatro anos depois, na cimeira europeia de Fontainebleau, e mantém-se em vigor até hoje, tendo o Reino Unido recebido de volta milhares de milhões de euros.

Mas se Thatcher acreditava no projecto europeu para evitar novas guerras sangrentas no continente e promover o desenvolvimento económico, tornou-se mais cética com o passar dos anos.

No discurso que fez, em 1988, em Bruges, mostrou-se contra a união monetária e contra uma maior integração política que implicasse perda de soberania para Bruxelas.

Um posicionamento mal visto por parte do seu próprio governo e que foi um dos motivos para que o Partido Conservador lhe tirasse o tapete debaixo dos pés. A primeira e única mulher a chefiar de Governo no Reino Unido foi obrigada a deixar o poder em 1990.

A herança de Magaret Thatcher continua a dividir o parlamento europeu. Questionámos vários eurodeputados sobre qual a frase mais forte que recordam da “Dama de Ferro”.

Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu:
“Quero o meu dinheiro de volta” continua a ser um problema para mim. Podemos partilhar ou não os seus pontos de vista. Eu não partilho e acredito que o desenvolvimento da economia neo-liberal inspirado em Margaret Thatcher e Regan conduziu a Europa na direção errada, esta é a minha opinião, de qualquer forma, ganhou eleições livres e justas graças a uma enorme popularidade e um carater forte, influenciou todo o continente.”

Jacek Saryusz-Wolski, eurodeputado Grupo Centro-Direita:
“Margaret Thatcher disse que era capaz de negociar com Mikhail Gorbachev e pecebeu que ele estava a “descongelar” o comunismo na União Soviética. A minha nação, a Polónia, também deve muito a Margaret Thatcher pela luta contra o comunismo. Não é por acaso que lhe chamaram a “Dama de Ferro”- um jornal russo- perceberam o tipo de mudanças que estava a protagonizar na política internacional e o compromisso que tinha com os seus valores. Thatcher descredibilizou profundamente o que chamávamos de “socialismo real” no bloco soviético. Para nós vai ser sempre um ícone do mundo livre e da luta pela liberdade.”

Richard Ashworth, eurodeputado Grupo europeu Conservadores e Reformistas, Partido Conservador Reino Unido:
“Thatcher salvou a nação: quando chegou ao poder a economia britânica estava numa verdadeira confusão. Os três governos anteriores tentaram resolver o problema mas falharam e Thatcher consegui: conseguiu dar a volta à economia, tornando-a líder na altura. Foi uma conquista fantástica que inspirou toda uma geração de jovens, que os fez acreditar neles próprios e acreditar, que apesar de se nascer numa família pobre, não se tem de ser pobre toda a vida: o mundo está cheio oportunidades.”

Martina Anderson, eurodeputada, Sinn Féin:
“As suas políticas para a Irlanda falharam e vai ser lembrada por isso. Lembro-me que Thatcher, durante uma greve de fome, afirmou que os grevistas tinham jogado a última carta e que seria uma derrota para a causa republicana. E estou aqui, estou aqui como antiga prisioneira que passou 10 anos numa prisão inglesa e 3 anos e meio na Irlanda antes de ser libertada. E na altura Thatcher pensava que estava a ser testemunha do desmoronar do republicanismo e do Sinn Féin e nada poderia estar mais longe da verdade.

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