Ashton regressa ao Cairo para discutir instabilidade no Egito

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De  Euronews
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A Chefe da diplomacia europeia está de regresso ao Egito para analisar a atual situação de instabilidade no país. Catherine Ashton está no Cairo onde vai encontrar-se com o presidente interino Adli Mansour, com representantes do Partido da Liberdade e da Justiça, o braço político da Irmandade Muçulmana e com o General Abdel Fattah al-Sisi, chefe das Forças Armadas egípcias que derrubaram Morsi.

O papel do General Sissi, como rosto da nova ordem, tem levantado dúvidas sobre as intenções do exército. A Irmandade Muçulmana tenta manter-se à distância até porque Sissi foi nomeado por Mohamed Morsi mas acabou por virar-se contra ele. Morsi está detido e o governo interino, apoiado pelos militares, colocou-o sob investigação por acusações que incluem o assassinato.

A visita de Ashton acontece depois de mais um fim de semana sangrento. Oitenta apoiantes do presidente deposto morreram este sábado, no Cairo, na sequência de violentos confrontos contra as forças de segurança. Trezentas pessoas ficaram feridas.

Para esta terça-feira, os apoiantes de Morsi, convocaram uma marcha contra o golpe militar e para homenagear aqueles que morreram nos recentes distúrbios.

Mohammed Shaikhibrahim, euronews – O ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros, Nabil Fahmy, responde, em duplex, à euronews:

Os incidentes da praça Rabbya Adawiya foram condenados por muitos países. Como é que o ministério dos Negócios Estrangeiros está a lidar com o assunto?

Nabil Fahmy – Temos de clarificar a nossa posição para que, a nível internacional, todos compreendam o contexto porque, como qualquer acontecimento, tudo depende do contexto específico. Na sequência de uma série de ameaças tomaram-se medidas que geraram tensão. Por exemplo, por duas vezes, atacaram a sede da polícia de Mansoura, com explosivos. As forças de segurança passaram a estar em alerta e quando se fizeram manifestações não pacíficas, eram inevitáveis os confrontos entre manifestantes e cidadãos de um lado, contra outros manifestantes e as forças da ordem.

euronews – Recep Tayyip Erdogan recusou o alegado golpe miliar no Egito e afirmou que não vai reconhecer outro presidente que não seja Mohamed Morsi, o que causou uma certa tensão entre o Egito e a Turquia. Como vão ultrapassar isto??

Nabil Fahmy – Na minha opinião, houve muitos excessos, em relação ao que é política e diplomaticamente aceitável, em muitas declarações da Turquia. Trata-se de um assunto interno do Egito e a maioria da população egípcia tem uma opinião muito diferente da do primeiro-ministro turco. Apesar disso, as relações e acordos bilaterais são mais importantes do que uma declaração ou posição de uma personalidade política. Nós atuamos com uma visão estratégica.

euronews – Há ambiguidade na interpretação norte-americana da situação no Egito. Algumas fontes asseguram que também há tensão diplomática entre o governo egípcio atual e o dos Estados Unidos. Até hoje Washington não qualificou como “revolução” o que ocorreu.

Nabil Fahmy – Os Estados Unidos manifestaram alguma preocupação com a violência no Egito e também o interesse em acalmar a situação para garantir a paz e a continuidade do processo democrático.
Nós compreendemos as declarações. Mas o mundo deve saber que a tensão que vivemos hoje no Egito resultou do recurso à violência à margem das manifestações pacíficas.

euronews – Os jornalistas têm assistido a uma série de ataques verbais contra os palestinianos nalguns canais egípcios de televisão, principalmente contra os palestinianos que vivem no Egito, a quem acusam de ser responsáveis pelos incidentes. As acusações estão a revoltar os dirigentes palestinianos. Como é que o seu ministério vai gerir este assunto?

Nabil Fahmy – O apoio egípcio à causa palestiniana não vai mudar, vamos apoiá-la sempre. No entanto, o que vemos nas ruas, e que alguns canais de televisão transmitem, varia segundo a tendência política, nomeadamente nas informações dos Media sobre as ações do Hamas no Sinai. Algo que o Hamas desmentiu.
Este é um caso de segurança nacional egípcia e não tem nada a ver com um sentimento de ódio aos palestinianos ou uma mudança de postura relativa ao inabalável apoio à causa palestiniana.

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