Irão: Hassan Rohani assume presidência

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De  Euronews
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Hassan Rohani, o novo presidente do Irão, eleito em junho, assume oficialmente o cargo este fim de semana. Considerado como um religioso moderado, Rohani prometeu que a sua eleição mudaria a situação do seu país no cenário internacional. Mas, até que ponto?

No seu programa assegurou que conseguiria a flexibilização das sanções internacionais, que sufocam o país e alimentam o descontentamento popular. Mas isso passa por concessões sobre a questão nuclear.

Em 2003, Rohani conseguiu fazer um acordo com o Ocidente para a suspensão temporária do programa de enriquecimento de urânio iraniano. Uma atividade que o Ocidente suspeita ter fins militares.

Neste contexto, o presidente russo, Vladimir Putin, deverá viajar para Teerão, em meados de agosto, para tentar reavivar as negociações nucleares. Desde os anos 90 que as relações entre os dois países se foram estreitando.

Foi aliás uma empresa russa que terminou a construção da central nuclear de Bushehr, inaugurada em 2010. Moscovo poderá vir a ajudar o Irão na construção de outras centrais.

Os dois países querem aumentar as trocas comerciais de armas, trigo e petróleo, afetadas pelas sanções internacionais. No ano passado, estas trocas caíram para os 2 mil milhões de euros, 40% menos do que em 2011.

Moscovo e Teerão apoiam o regime de Bashar al-Assad, na Síria, mas temem ver cair Damasco nas mãos pró-ocidentais.

A Rússia pode ter um papel a desempenhar enquanto mediador sobre o nuclear mas a decisão final cabe ao líder supremo do Irão. Resta saber se Ali Khamenei está pronto a fazer concessões em nome da salvaguarda do regime.

O novo presidente Hassan Rohani está a chegar ao poder no Irão. Vai haver alguma alteração no país e nas relações entre o Irão e os outros países? O nosso convidado, a partir de Moscovo, é o presidente do Centro para o Estudo da Energia e Segurança, e especialista em política iraniana.

Euronews:

Considera-se que o novo presidente eleito do Irão, Hassan Rohani pertence aos centristas, quando comparado aos conservadores. Eles são, realmente, diferentes? E que mudanças podemos esperar na política iraniana com o novo líder?

Khlopkov Anton:

Tendo em consideração as promessas feitas por Hassan Rohani, durante sua campanha eleitoral, em relação às condições da sua eleição, acho que podemos esperar o regresso à política de reformas que começou no tempo dos presidentes Rafsandjani e Khatami.

Sem dúvida que hoje, no Irão, a saída do regime de sanções, aplicadas contra Teerão, é de enorme importância. Claro que, neste contexto, a busca de soluções para a crise nuclear iraniana tem de ser a prioridade do novo presidente. Sabemos que durante o trabalho de Rohani, enquanto responsável pelas negociações, o progresso nesta área, entre o Irão e os europeus, a “troika”, foi alcançado. Mas temos de ser realistas. Pouco antes das eleições presidenciais, visitei o Irão, passei lá 10 dias. E vi que ninguém pensa que o Irão parou o desenvolvimento da tecnologia nuclear.

Euronews:

“A Rússia ocupa um lugar especial na política externa do Irão”, Rohani sublinhou-o na sua resposta ao presidente russo, Vladimir Putin, depois de vencer as eleições. O que significa isso?

Khlopkov:

O Irão e a Rússia têm uma história muito profunda no que diz respeito a esta relação. Até porque são vizinhos. É por isso que a Rússia e o Irão têm inúmeros interesses comuns em matéria de segurança. É claro que os dois países têm os mesmos interesses no campo nas relações comerciais e económicas. Tudo isso determina o lugar da Rússia na política externa iraniana e vice-versa.

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Euronews:

Como frisou, a Rússia coopera, fortemente, com o Irão em campos que o Ocidente pode analisar apenas sob o prisma das sanções, como o fornecimento de armas, a questão das centrais nucleares… Como vê Moscovo esta relação?

Khlopkov:

Primeiro é necessário sublinhar que a cooperação com o Irão não é um empreendimento técnico-militar, não é uma cooperação no campo do uso pacífico da energia nuclear, que são os temas das sanções impostas pelo Conselho de Segurança. E é importante mencionar que, no campo da cooperação técnico-militar, a Rússia foi ainda mais longe do que o foi imposto no quadro da resolução SC N: 1929. É por isso que, para mim, não faz sentido falar sobre a cooperação russo-iraniana como um negócio técnico-militar e no campo nuclear, em termos de violação, pelo menos no que diz respeito às negociações em curso.

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