EUA ainda não realizaram sonho de Martin Luther King

EUA ainda não realizaram sonho de Martin Luther King
De  Euronews
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Foi há 50 anos, mais precisamente a 28 de agosto de 1963, que Martin Luther King proferiu o seu célebre discurso junto ao Lincoln Memorial, em Washington. O pastor de 34 anos, enviou uma mensagem de não-violência de dimensão universal. Uma etapa na luta pelos direitos cívicos da população afro-americana.

“Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença. Nós consideramos estas verdades como auto evidentes, que os homens são criados iguais”

Sob a impulsão do Presidente Abraham Lincoln, os Estados Unidos abolem a escravatura em 1965, no seguimento da Guerra da Secessão. Mas na prática, em muitos Estados os negros continuam a ser tratados como cidadãos de segunda classe. O Ku Klux Klan, fundado no mesmo ano, cria um autêntico clima de terror para as populações negras. Os Estados do sul impõem a segregação racial.

John W. Franklin, do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americanas explica que “em Washington, não havia restaurantes nesta parte da cidade onde eu pudesse ir ou os meus pais pudessem ir. Nenhum hotel nesta parte da cidade aceitava clientes afro-americanos. Nenhum hospital aceitava pacientes afro-americanos. Havia uma parte negra de Washington com bancos e lojas e só nessas lojas é que os afro-americanos podiam experimentar roupa.”

Mas a resistência à segregação começa a organizar-se nomeadamente nas igrejas batistas. Em 1955, o pastor Martin Luther King lança uma campanha de boicote aos autocarros em Alabama. Rosa Park, militante dos direitos cívicos, é detida por recusar ceder o lugar no autocarro a um passageiro branco. O boicote durou mais de um ano. As ações não violentas, iniciadas por Martin Luther King multiplicam-se nos anos seguintes: bloqueios, marchas, boicotes a empresas que praticam a discriminação racial. Estamos no ano de 1963.

“Em maio desse ano, em Birmingham, Alabama, houve uma campanha de crianças na qual alunos do colégio e do liceu participaram numa manifestação. Estamos no início da televisão, não só nos Estados Unidos, mas também no mundo inteiro. E as imagens que mostraram crianças negras, brancas, latinas, asiáticas a serem atacadas com mangueiras de incêndio, adultos a serem atacados pelos cães da polícia, despertaram a consciência da nação”, afirma John W. Franklin.

Três meses depois é organizada a grande marcha de Washington “pelo emprego e pela liberdade”. Uma manifestação destinada a apoiar o Presidente John Fitzgerald Kennedy que pretende adotar novas leis cívicas. JFK foi assassinado em novembro de 1963.

Foi o seu sucessor, Lyndon Johnson, quem promulgou a Lei dos Direitos Civis, em 1964. O texto declara como “ilegal” a discriminação baseada na raça, cor, religião, sexo e origem nacional. No entanto, a situação radicaliza-se com a multiplicação de distúrbios e confrontos entre brancos e militantes dos direitos cívicos.

Martin Luther King foi assassinado a 4 de abril de 1968 num motel em Memphis, no Tennessee, por um segregacionista branco. O Presidente Johnson declara um dia de luto nacional, o primeiro para um cidadão afro-americano. Mesmo assim, a medida simbólica foi insuficiente para impedir uma explosão da violência racial. Atualmente, as vitórias políticas de Martin Luther King são uma realidade, mas…

“A luta continua. Muitas pessoas podem inscrever-se e votar. Elegemos um homem de cor para a Presidência dos Estados Unidos da América. Muitas pessoas perguntam se a eleição do Presidente Barack Obama é o cumprimento do sonho Martin Luther King. Eu digo que não, é apenas uma pequena recompensa. Ainda não chegámos lá. Ainda há muita gente posta de parte ou deixada para trás”, defende o líder do movimento de defesa dos direitos cívicos e congressista, John Lewis.

“We Shall Overcome” ou “Venceremos” foi o título da canção interpretada por Joan Baez durante a marcha de Washington de 1963. Na letra, Baez diz acreditar do fundo do coração que um dia os Estados Unidos andarão de mãos dadas e deixarão de ter medo. Na prática, e apesar das vitórias políticas, a letra da canção permanece quase tão atual nos dias de hoje como há 50 anos.

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