Ucrânia luta para se afastar da Rússia rumo à União Europeia

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De  Euronews
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O futuro europeu da Ucrânia vai ser decidido nas próximas semanas. A 28 e 29 de novembro, na cimeira da Parceria Oriental, em Vilnius, na Lituânia, é esperado que a Ucrânia assine um acordo de associação comercial com a União Europeia

O Governo ucraniano aprovou esta quarta-feira o documento que formaliza o importante tratado. Mas Kiev ainda vai ter superar algumas exigências impostas por Bruxelas, nomeadamente nos sistemas judicial e democrático. A prisão de Yulia Tymoshenko, por exemplo, deve ser revista. Detida desde 2011, Tymoshenko, uma conhecida opositora do atual Governo ucraniano, cumpre uma pena de sete anos por abuso de poder – condenação que a União Europeia denunciou como alegada perseguição política.

A euronews deslocou-se a Kiev, ao encontro de Aleksander Kwasniewski, antigo presidente da Polónia. Ele lidera atualmente uma representação do Parlamento Europeu que acompanha o processo de associação da Ucrânia à União Europeia e respondeu-nos a algumas questões sobre a aliança comercial que está em cima da mesa.

Giovanni Magi, euronews – A Ucrânia preenche as três condições exigidas por Bruxelas com vista à associação comercial com a União Europeia, isto é, a questão da justiça seletiva, as reformas no sistema eleitoral e as reformas jurídicas?
Aleksander Kwasniewski – Espero que ainda tenhamos tempo para que a Ucrânia consiga concretizar essas três exigências antes da cimeira de Vilnius, no fim de novembro. Nalguns aspetos, vejo que há verdadeiro progresso, em especial no que toca às reformas no sistema judicial e regulamentação eleitoral. Temos alguns problemas com a justiça seletiva, em particular no caso da senhora Yulia Tymoshenko. Está a revelar-se um ponto complicado sob vários ângulos: seja do ponto de vista legal, do político ou do psicológico.

euronews – E se a senhora Tymoshenko não for liberta antes da cimeira de Vilnius, será o acordo assinado ou não?
Aleksander Kwasniewski – Penso que é cedo demais para prever esse cenário. Esta pergunta, em particular, é muito difícil para mim. Faço parte deste processo, sou membro da missão especial do Parlamento Europeu e penso que temos de usar todos os argumentos de que dispusermos. Temos de jogar com o tempo e desenvolver todos os esforços possíveis para encontrar uma solução.

euronews – Que reação podemos esperar da Rússia depois da associação entre a Ucrânia e a União Europeia?
Aleksander Kwasniewski – Este é um período que me parece complicado para a Ucrânia porque a pressão que a Rússia tem colocado é incrível. É uma pressão forte e inacreditável. Os russos estão a usar todos os métodos possíveis: bloqueio ao comércio ucraniano; pressão sobre algumas das oligarquias ucranianas; e os meios de comunicação têm feito muita propaganda a favor do Mercado Comum europeu. A minha previsão, contudo, é que, se assinarmos em Vilnius o tratado de associação, a Rússia vai ter de mudar as suas políticas porque uma pressão como a que estão a impor à Ucrânia está errada e os resultados são totalmente contraprodutivos. Depois do bloqueio russo, hoje em dia aumentou o número de apoiantes da União Europeia. Mesmo entre a população que ainda fala russo.

euronews – Há pouco tempo, o senhor disse que mais integração e maior alargamento eram oportunidades para a Europa. Acredita que é realístico falar de alargamento, neste preciso momento?
Aleksander Kwasniewski – Claro! Não é muito popular falar agora de alargamento, mas não só é realístico como é mesmo algo de que precisamos. A Europa não pode dizer a países como a Ucrânia, a Sérvia ou outros similares que, mesmo que satisfaçam todas as exigências, eles não vão poder fazer parte da União Europeia. É claro que não vamos falar já amanhã da adesão à União, nem temos de falar da Zona Euro já para a semana; nem de falar sobre grandes investimentos no próximo mês. Temos de falar, sim, é do processo que tem de começar a andar.

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