Turquia culpa o exterior e procura paz interior

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A Turquia vive dias difíceis. Os casos de corrupção, que afetaram o partido do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, despoletaram reações em cadeia. Desde uma mudança radical no gabinete do governo até a uma guerra aberta entre o poder executivo e o judicial. A legitimidade da polícia também foi posta em causa nesta questão. Enquanto isso a população exige uma mudança e assiste impotente ao colapso da economia. Tudo isto a acontecer a apenas três meses das eleições municipais.

O correspondente da Euronews em Istambul falou com Talip Kucukcan, na Universidade de Marmara, sobre os últimos acontecimentos na Turquia, que estão a abalar o governo de Recep Tayyip Erdogan.

euronews: Como avalia o escândalo de corrupção?

Talip Kucukcan: “Quando olhamos para os últimos desenvolvimentos na Turquia, especialmente os relativas à investigação sobre a corrupção, existem duas dimensões. Primeiro ponto: o partido no poder tem crescido muito durante os seus onze anos, não consegue controlar todos os militantes. É impossível controlar o comportamento de todos. Há suspeitas sobre casos de corrupção. O segundo ponto é o “timing”. Existe uma investigação sobre corrupção, em que as provas que temos até agora, indicam que foi cometido algum tipo de corrupção. Espera-se que o governo tome uma atitude em relação a estas pessoas. Tudo isto acontece pouco antes das eleições municipais na Turquia. O que criou algumas interrogações na mente do governo”.

euronews: Erdogan coloca a culpa dos problemas numa comunidade internacional Como é que esta situação vai afetar a relação entre a Turquia e o resto do mundo?

Talip Kucukcan: “O sucesso da Turquia em relação à política externa, especialmente a sua abertura ao mundo, a sua política externa multidimensional no Cáucaso, nos Balcãs e no Médio Oriente foram criticadas pela Europa e pelo Ocidente ao longo do tempo. Para ultrapassar as críticas, a Turquia tentou melhorar as relações com a UE. Mas, apesar da Turquia ter reformado o sistema jurídico, sincronizando as leis com as normas comunitárias, algumas nações da Europa criticaram a Turquia, devido ao governo fazer parte do mundo muçulmano. Alienaram a Turquia culturalmente. Disseram que o país não faz parte do mundo ocidental. Desta forma apesar do sucesso, os partidos no poder não são bem recebidos pelos países ocidentais.”

euronews: Os investidores internacionais temem a situação e esta incerteza pode desestabilizar a Turquia e a região?

Talip Kucukcan: “Existe estabilidade económica e política na Turquia há 11 anos. Todos ganharam com isso, com vantagens para todas as partes. Estabilidade também é importante para a solução dos problemas crónicos da Turquia, como a democratização, a questão curda e a situação dos alauítas. O Governo da Turquia percebeu o processo de reforma da UE e começou a lidar com a questão curda, que é importante para a segurança regional. Se a estabilidade se deteriora na Turquia, os círculos de negócios podem ficar a perder e outras questões podem explodir, o que prejudicaria a paz interna da Turquia e a paz regional.”

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