Letizia traz sangue vermelho ao azul real espanhol

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Letizia Ortiz Rocasolano pode ter sonhado, como todas as meninas, ser princesa. Mas nada a predestinava a ser Rainha de Espanha.
Plebeia, divorciada, filha de uma família de classe média e jornalista – apresentadora do principal telejornal da TVE e repórter no terreno, inclusivamente no Iraque.
A vida de Letizia deu uma reviravolta em novembro de 2003, quando se comprometeu com Felipe de Bourbon e teve de renunciar à atividade profissional para iniciar a aprendizagem do protocolo e assumir funções no seio da Família Real.
Com 10 anos de formação, dúvidas e mesmo algum sofrimento, o percurso de Letizia não foi completamente tranquilo. Mas com humildade e firmeza, soube criar o seu próprio espaço na Corte, um pouco atípico: Boubon de dia, Ortiz à noite. Os monárquicos mais conservadores podem ficar chocados, mas foi essa a chave do sucesso e do creconhecimento de Juan Carlos e Sofia. Mesmo assim, ainda há espanhois que a consideram distante… magra demais, mas já não a consideram carreirista, como de início receavam.
Com inteligência e discrição, a jovem mãe de duas princesas, aos 41 anos, consegue preservar a vida de família e cumprir a agenda oficial sem abdicar da vida em “off”, verdadeiramente íntima.
É evidente que os críticos a comparam a Sofia, que foi raínha as 24 horas de todos os dias de reinado.
Mas a tragédia pessoal da família Ortiz, em 2007, que viveu o suicídio de Erika, grávida de um segundo filho, irmã mais nova de Letizia, comoveu a Nação.
De negro vestida e também grávida, Letizia rompeu em lágrimas e com ela as críticas mais duras.
Depois do nascimento da segunda filha, Sofia, Letizia comprometeu-se cada vez mais em ações de defesa dos direitos das crianças, cultura e educação.
Faz questão em apoiar e dar a conhecer ao mundo o trabalho dos estilistas espanhois, nomeadamente Felipe Varela e Lorenzo Caprile, mas não se coibe de comprar na Zara. Tem um estilo sóbrio e elegante.

A popularidade da monarquia espanhola está em baixa, em relação às duas últimas décadas. Letizia e Felipe não viveram esta sucessão como uma ruptura, mas como uma continuidade. Sem arrogância. A cerimónia da proclamação vai ser solene, mas austera. A crise obriga a adoção de um orçamento austero.

Marta Gil, euronews – O reinado de Felipe VI de Espanha não pode ser dissociado da rainha consorte, Letizia Ortiz Rocasolano. Temos connosco a escritora e jornalista Pilar Urbano, que passou muitos anos a estudar a monarquia.
Dez anos como princesa das Astúrias, 10 anos com a família real, Letizia está pronta para ser a primeira rainha consorte de Espanha sem sangue azul?
Pilar Urbano – A princesa Letizia fez uma aprendizagem de 10 anos, além do ano de noivado que passou no Palácio da Zarzuela por insistência da raínha Sofia. Sua magestade disse-me que não a tinha trazido para ela aprender fosse o que fosse – mesmo se aprendeu protocolo e outras coisas – mas para ela abrir os olhos e ouvidos, para ver e entender em que família ia entrar e que tipo de vida ia viver. Portanto ela está pronta, porque 10 anos de formação equivalem a muito mais do que quaisquer outros cursos académicos ou militares.
euronews – Há pouco menos de um ano houve uma grande polémica em torno de Letizia, por causa das saídas à noite, sozinha. Será que ela pode continuar a fazê-las como raínha?
Pilar Urbano – As saídas à noite nada têm de mal pois ela vai assistir a concertos de música ou sai com amigos ou com o marido – ela leva-o, porque ele é muito caseiro. Ela não é uma princesa de contos de fada, educada no círculo restrito de um castelo. Pode continuar e parece-me bem que continue. A minha opinião, e também a da raínha Sofia, é que o casal deve estar na rua ou onde houver eventos, com o povo.
euronews – A comparação com a raínha Sofia é inevitável. Àparte as origens, o que vai diferenciar a raínha Letizia da antecessora?
Pilar Urbano – Praticamente tudo. E é bom que ela não seja um clone, uma pricesa clonada. É preciso que ela mude o estilo e o prícipe também. Esta não é uma sucessão de gerações, apenas, é uma sucessão que implica um novo modo de vida. Ela vai saber conciliar, como tem feito, a sua identidade de mulher que para mais, como jornalista, tem os olhos bem abertos, interessada pelo mundo e partir o cristal, tocar o povo.
euronews – Podemos dizer que é uma mais-valia para o marido e para a monarquia, como instituição?
Pilar Urbano – Esta entrada de plebeus nas monarquias é a vacina para a sobrevivência. Estavam obsoletas ee tinham códicos caducos e fora de moda. Esta injeção de sangue vermelho é a chave da socialização da monarquia. Mais do que uma vacina, é como um salvo-conduto, que podemos apreciar em toda a Europa. Hoje, os negócios do Estado já não se resolvem entre lençóis mas no seio dos governos e dos parlamentos. Os príncipes e as princesas têm o direito de escolher o cônjuge livremente e de casar por amor de modo a garantir a estabilidade do casal real.

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