Portugal ainda sonha com o apuramento para os oitavos-de-final depois de um empate frente aos Estados Unidos. Silvestre Varela evitou a eliminação com um golo tardio e quando já se festejava o apuramento dos norte-americanos nas bancadas da Arena Amazónia.
No entanto dificilmente o sonho se tornará em realidade. A última jornada do grupo G coloca frente a frente Alemanha e Estados Unidos, um encontro em que um empate serve às mil maravilhas para ambas as equipas.
Todos sabemos no que isto costuma dar mas antes de apontarmos o dedo, convém recordar o nulo entre Portugal e Brasil, há quatro anos na África do Sul e que permitiu a ambas as equipas seguirem em frente. Na altura, ninguém pareceu importar-se com isso.
Quanto ao jogo propriamente dito, Portugal esteve melhor que no encontro de estreia frente à Alemanha. Pior era difícil, é certo, mas quando Nani abriu o ativo logo aos cinco minutos milhões de portugueses respiraram de alívio. Estava feito o mais difícil. A Alemanha não tinha passado de um pesadelo.
Infelizmente esses mesmos milhões de portugueses também esperavam que Portugal embalasse para uma grande exibição e isso pura e simplesmente não aconteceu.
Os pecados da equipa das quinas
Hélder Postiga saiu com uma lesão muscular ainda antes do quarto de hora de jogo e tantas lesões musculares na equipa não podem ser apenas azar.
O lado esquerdo da defesa portuguesa foi uma via rápida constante para os norte-americanos. Sem Fábio Coentrão foi André Almeida o escolhido mas parece não ter convencido Paulo Bento. Após o descanso deu lugar a Miguel Veloso.
Ambos tentaram “remendar” o melhor que conseguiram mas era uma tarefa ingrata para um homem só. O buraco no lado esquerdo da defesa é um problema que não se resume a quem é o lateral titular. Está já no ADN da equipa.
Também o meio campo esteve muito macio. Os Estados Unidos fartaram-se de testar Beto com remates de meia distância. Tantas vezes o cântaro foi à fonte que foi de fora da área que chegaram à igualdade, já no segundo tempo.
Jermaine Jones, na sequência de um pontapé de canto, atirou a contar.
Antes, porém, Portugal teve duas oportunidades soberanas para fazer o 2-0, quiçá matar o encontro. A fechar o primeiro tempo, Nani rematou de longe ao poste, na recarga Éder obrigou Tim Howard à defesa da noite.
Já no segundo tempo, Cristiano Ronaldo, isolado, teve um remate perfeitamente desastrado. Dois minutos depois, chegou o empate. Até podia ter acontecido antes mas Ricardo Costa cortou sobre a linha um remate de Michael Bradley.
Portugal reagiu bem. A entrada de William deu qualidade ao meio campo, oportunidades de golo é que nem vê-las.
Já os Estados Unidos não se fizeram rogados. Aproveitando mais uma falha coletiva da defesa portuguesa, Clint Dempsey aproveitou da melhor forma um cruzamento de Zusi e de barriga colocou os norte-americanos em vantagem.
Quinze minutos fora do mundial
Faltavam dez minutos para os noventa. Portugal baixou os braços, deixou de acreditar. Limitou-se ao costumeiro chuveirinho. Sem ideias, sem futebol, sem esperança.
Quando já se aguardava o apito final, no meio de tantas bolas despejadas para a área surgiu um cruzamento com conta, peso e medida. Silvestre Varela vestiu a pela de salvador da pátria, no último de cinco minutos de descontos, e evitou que Portugal fosse (já) eliminado.
A sina lusitana obrigar-nos-á a vencer o Gana e esperar pelo desfecho do Alemanha-Estados Unidos. Matematicamente até pode haver hipóteses de seguir em frente, esperança é que já não há.
Equipas
Portugal: Beto, João Pereira, Ricardo Costa, Bruno Alves, André Almeida (William Carvalho), João Moutinho, Miguel Veloso, Raul Meireles (Varela), Nani, Hélder Postiga (Éder), Cristiano Ronaldo
Estados Unidos: Tim Howard, Johnson, Geoff Cameron, Matt Besler, Beasley, Beckerman, Bedoya (Yedlin), Jermaine Jones, Bradley, Graham Zusi (Omar Gonzalez), Clint Dempsey (Chris Wondolowski )
Árbitro: Néstor Pitana (Arg)
Assistentes: Hernán Maidana (Arg), Juan Pablo Belatti (Arg)
Quarto árbitro: Walter López (Gua)