"Europe Weekly": As surpresas de Juncker e a "onda" separatista

"Europe Weekly": As surpresas de Juncker e a "onda" separatista
Direitos de autor 
De  Euronews
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
PUBLICIDADE

Nesta edição do “Europe Weekly” damos destaque ao anúncio da estrutura da futura Comissão Europeia. Três meses e meio depois das eleições europeias, que deram a vitória ao candidato da direita, Jean-Claude Juncker, este apresentou a sua equipa.

Os escoceses são chamados a decidir sobre a independência num referendo a 18 de setembro, ao fim de 300 anos como parte do Reino Unido. A tentativa, algo tardia, do governo de Londres de oferecer maior autonomia pode não ser suficiente para os manter sob o domínio britânico e, também, dentro da União Europeia.

Todos os anos, o 11 de setembro é comemorado como o Dia Nacional da Catalunha e os separatistas invadem as ruas. Tal como na Escócia, pedem um referendo sobre a independência desta comunidade autónoma espanhola e querem realizá-lo a 9 de novembro. Mas o governo central de Madrid considera a consulta ilegal, como explica a reportagem de Marta Vivas.

Mas voltando à Comissão liderada por Juncker: esta fez muitas promessas, mas será que vai cumpri-las? Para começar, será que passa no exame das audiências no Parlamento Europeu?

A correspondente da euronews em Bruxelas, Audrey Tilve, falou sobre o tema com Christoph Garach, editor do Europolitics, jornal diário especializado em assuntos europeus.

Audrey Tilve/euronews (AT/euronews): “Nesta equipa existem comissários e pelouros algo surpreendentes. Será que alguns comissários vão ter dificuldades em passar na audição frente aos eurodeputados?”

Christophe Garach/editor “Europolitics” (CG/editor): “Há efetivamente candidatos com alguns problemas de currículo. Há certas coisas…”

AT/euronews: “Tais como?”

CG/editor: “São já do conhecimento público as ligações de Miguel Arias Cañete à indústria do petróleo.”

AT/euronews: “É o comissário espanhol designado para a pasta do Clima e Energia. É algo embaraçador ter interesses no setor do petróleo”.

CG/editor: “Exatamente. Ele tem alguns dias para esclarecer esta questão financeira, mas vai também ter de se explicar perante os eurodeputados”.

AT/euronews: “E o britânico, Jonathan Hill? É um ex-lobista”.

CG/editor: “O candidato britânico é um caso de desadequação entre o seu percurso e a pasta que lhe foi atribuída, isto é, os assuntos financeiros. Não é uma pasta de somenos porque lida com os serviços financeiros, os bancos, os mercados como a City de Londres. Os eurodeputados ligados a esta área vão estar muito atentos”.

AT/euronews: “Nalguns pelouros, vemos que Jean-Claude Juncker apostou no contraste. É o caso do alemão Gunther Oettinger que ficou com a economia digital, uma pasta que à partida não é o seu forte. O comissário húngaro é muito próximo do primeiro-ministro Viktor Orbán, acusado de autoritarismo, mas obteve a pasta da cidadania. E a Grécia recebe a pasta da migração e administração interna. São opções ousadas, mas não serão também arriscadas?”

CG/editor: “O risco é o de neutralizar comissários que poderiam tender a dar prioridade aos interesses do seu país. Pelo contrário, atualmente um comissário deve ter em mente o interesse geral da União. Ainda assim, será que precisamos de comissários neutros quando se enfrentam desafios tão grandes como a imigração, a economia e uma série de áreas em que a União precisa de dar um salto em frente? Essa é a verdadeira questão para a Comissão. “

AT/euronews: “Esta Comissão tem ainda a particularidade de ter sete vice-presidentes que vão supervisionar grandes dossiês. Terão de coordenar o trabalho de vários comissários e também de se coordenar entre os sete. Quais são as vantagens desta hierarquia e quais são as armadilhas a evitar?”

CG/editor: “No papel, parece ótimo, é ambicioso e inteligente. A questão, agora, é saber como funcionará nos corredores da própria organização, com todas as suas direções-gerais muito poderosas e estratégias para agradar a uns e a outros. A forma como toda a organização vai funcionar também levanta várias questões ainda sem resposta”.

AT/euronews: “Em qualquer caso, vê-se que há uma vontade real de Jean-Claude Juncker de refrescar a forma de trabalhar em Bruxelas, que é muito tecnocrática e pouco transparente. Dizia-se que Juncker estava cansado e ultrapassado, com poucas ideias. Ficou surpreendido com ele? “

PUBLICIDADE

CG/editor: “Ele terá sempre a aura de legitimidade pelo facto de ter sido escolhido através de um novo processo de nomeação. Mas tem uma margem de manobra muito reduzida. Ele sabe-o e a Comissão também. Poderemos julgá-los quando estiverem no terreno”.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

“Estado da União”: Proteger a natureza e controlar gigantes digitais

"Estado da União": Economia de guerra e ajuda humanitária

"Estado da União": Defesa da democracia e ajuda para Gaza