Pode a economia americana caminhar sozinha?

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A Reserva Federal americana, ou Fed, está prestes a dar por terminado o terceiro capítulo da flexibilização quantitativa, o QE3.

A medida consiste na injeção de liquidez, isto é, na emissão de dinheiro para a compra de títulos do Tesouro a longo prazo e obrigações apoiadas em hipotecas. Se a economia americana continuar na rota do crescimento e os mercados permanecerem estáveis, a Fed coloca como hipótese subir as taxas de juro no final do próximo ano. Após a eclosão da crise financeira, a Reserva Federal recorreu à flexibilização quantitativa por três vezes, de forma a manter em baixa as taxas de crédito imobiliário e estimular a criação de emprego.

Em 2010, foram injetados mais de 1,5 biliões de dólares; no ano seguinte, 600 mil milhões. Até ao final deste mês, o terceiro programa terá atingido perto de 800 mil milhões de dólares. A verdade é que ao longo do QE3, a economia americana avançou, o desemprego caiu para baixo da fasquia dos 6% e a inflação subiu ligeiramente.

A injeção de liquidez estimulou os mercados europeus, asiáticos e do Médio Oriente. No entanto, ainda estão bem presentes os receios gerados no rescaldo dos dois primeiros capítulos da flexibilização quantitativa, quando os mercados financeiros voltaram a entrar em turbulência.

A jornalista da euronews Daleen Hassan abordou esta questão com Nour Eldeen Al-Hammoury, analista da ADS Securities.

euronews: A recuperação económica americana tem solidez suficiente para aguentar sem os incentivos da Fed? E quais são as implicações para a Ásia e a Europa?

Nour Eldeen Al-Hammoury: Há algumas melhorias, mas creio que não se pode afirmar que é a recuperação que todos esperavam. O PIB está a aumentar de acordo com os inventários, o que não significa que as vendas estejam a crescer. A economia continua condicionada e ainda não há uma solução estratégica à vista. Mais ainda: o abrandamento na Europa e na Ásia tem de ser levado em consideração, porque os Estados Unidos não vão crescer sozinhos.

euronews: Os mercados do Médio Oriente têm beneficiado com os incentivos da Fed. Ficará o seu crescimento em causa se esta injeção de liquidez deixar de existir?

NAH: Não abrange só os mercados do Médio Oriente – são os mercados a nível global, sobretudo os emergentes. Podemos apontar o caso do Dubai, por exemplo: o seu desempenho tem sido dos melhores a nível mundial. No entanto, podemos assistir a algumas quedas no final deste ano. Trata-se de mercados muito sensíveis a este tipo de situações. No entanto, os mercados do Médio Oriente podem vir a beneficiar de novo, mas com o contexto europeu, com a saída de investimentos. É preciso também não esquecer que a região do Médio Oriente abriu as portas aos investidores estrangeiros. O fim da flexibilização quantitativa americana pode provocar novas quedas. Se prosseguir o abrandamento global, os mercados globais como os do Médio Oriente podem continuar a fazer correções em baixa.

euronews: O próximo passo da Fed pode ser a subida das taxas de juro. Que impacto pode isso ter?

NAH: Os mercados estão preparados para esse cenário. No entanto, se olharmos para os mercados de obrigações, vemos que os corretores não estão convictos de que a Fed terá os meios necessários para subir as taxas: os títulos a 10 anos continuam em baixo, apesar de todos os rumores sobre a subida das taxas de juro. Também o mercado imobiliário não está em condições de aguentar mudanças para breve.

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