Rússia abandona South Stream

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O South Stream era um projeto ambicioso: Um gasoduto que deveria levar o gás russo até ao sul da Europa, mas que acaba de ir por água abaixo.

A Gazprom, monopólio russo do gás, abandonou o projeto, com a construção a meio. O anúncio chega depois do presidente Putin ter dito que o projeto não poderia continuar se a União europeia se continuasse a opor.

Trata-se, aparentemente, de uma consequência do braço-de-ferro entre a Rússia e a UE.

O South Stream deveria atravessar o Mar Negro, passar pela Bulgária, Sérvia, Hungria e Eslovénia, até à fronteira italiana.

A construção do South Stream estava estimada em 23,5 mil milhões de euros, com um custo total de 32 mil milhões.

O projeto tinha sido lançado em 2007, por Vladimir Putin e Silvio Berlusconi. Deveria estar pronto em 2016. Agora, foi o mesmo Vladimir Putin que lhe pôs um termo, durante a visita de Estado à Turquia.

A União Europeia insiste que a Rússia tem de respeitar os acordos que estão feitos: “A decisão que foi tomada e anunciada pela Rússia diz-nos que é urgente diversificar não só as rotas, como também as fontes de energia na União Europeia”, disse a responsável pela diplomacia externa da União, Federica Mogherini.

O gasoduto era o resultado de um acordo entre a empresa russa South Stream Transprt e uma filial do grupo italiano Eni.

Segundo a South Stream, as empresas europeias devem perder, diretamente, cerca de 2,5 mil milhões de euros com o abandono deste projeto. O Japão vai também sair fortemente penalizado.

Gabor Kovacs, euronews – Recebemos, no estúdio da euronews em Budapeste, Andràs Deàk, do Instituto da Economia Mundial, a quem perguntamos, desde já, quem são os grandes perdedores e vencedores, da inesperada anulação do projeto South Stream e como vai afetar a dependência energética?

Andràs Deàk – É evidente que, se for elaborado um novo projeto com uma orientação diferente da defendida no projeto South Stream, a Turquia poderá ser a grande vencedora. O país vai aumentar o seu tráfego de gás. E a Rússia muda, aparentemente, a sua dependência do tráfego pela Ucrânia e pela Turquia, o que dá mais espaço a Ancara para a negociação.

A Comissão Europeia pode, por sua vez, aumentar o prestígio, convencer a Rússia a afastar-se do conflito, com a justificação de que um compromisso será bom para ambas as partes. É evidente que os dois lados estariam melhor se a Comissão tivesse reconhecido os procedimentos legais que a Rússia quis impor.

Os perdedores são, claramente, os países da Europa Central e de Leste, por onde o tráfego se deveria fazer. Para eles, até ao fim da década, apenas existe o oleoduto ucraniano. A sua situação agravou-se, pois estes países precisam de uma diversificação lenta, da manutenção ou modificação progressiva dos acordos de gás entre a Rússia e a Europa.

euronews – Nos últimos dois anos, a Hungria foi um dos países que mais defendeu o projeto. Porque era tão importante? A anulação do South Stream não constituirá um golpe político e económico para a Hungria?

András Deák – É verdade que, este ano, a cooperação económica russo-húngara teve um enorme desenvolvimento. Em janeiro, foi assinado um acordo nuclear e no verão a Hungria suprimiu o fornecimento de gás à Ucrânia. Nos últimos meses, defendeu acerrimamente o South Stream. Há aqui, de certeza, uma razão macroeconómica, algo que os russos terão oferecido ao governo húngaro, que desconhecemos.

A questão é se vale a pena estar sempre a favor dos russos, contra a Comissão Europeia e contra a solidariedade europeia.
O que sucedeu mostra com clareza que não se pode ser mais papista do que o Papa, nem mais russo do que Moscovo.
É inútil a Hungria continuar a apoiar um projeto do qual a Rússia se afastou, porque isso só isolaria mais o país.

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