As consequências do suspense que o BCE mantém

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De  Euronews
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O tempo urge e Mario Draghi continua a tentar um consenso sobre as medidas de estímulo económico a implementar. O último encontro do BCE terminou sem

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O tempo urge e Mario Draghi continua a tentar um consenso sobre as medidas de estímulo económico a implementar. O último encontro do BCE terminou sem anúncios de monta, a não ser o de previsões mais pessimistas: de 1,6%, o crescimento europeu em 2015 não deve ir além do 1%. Segundo Draghi, os bancos centrais aguardam os efeitos das providências entretanto postas em marcha e ainda as consequências da descida dos preços do petróleo sobre a inflação.

Em cima da mesa está a possibilidade de o BCE aplicar o programa de flexibilização quantitativa, ou seja, a compra massiva de títulos para injetar mais de 1 bilião de euros na economia. Mas a Alemanha opõe-se terminantemente a esta ideia.

Logo após a reunião do BCE, os índices europeus caíram, para pouco depois voltarem a reanimar-se perante os indícios de que a medida vai ser divulgada no próximo encontro de janeiro. Exemplo disso foram as bolsas de Madrid e Paris que acabaram por liderar em terreno positivo.

Já no Médio Oriente, a queda do valor do petróleo está a provocar o afundamento de algumas classificações das agências de notação: a Standard and Poor’s reduziu a nota da Arábia Saudita de “positiva” para “estável”; no entanto, Omã despenhou para o negativo. Enquanto o tempo passa, alguns analistas consideram que atrasar ainda a intervenção pode ser muito mais prejudicial.

A jornalista da euronews Daleen Hassan explorou este cenário com Nour Eldeen Al-Hammoury, analista da ADS Securities em Abu Dhabi.

euronews, Daleen Hassan: Aquilo que aconteceu na semana passada reflete uma estratégia concertada do BCE ou, pelo contrário, é a consequência da divisão que reina entre os bancos centrais europeus?

Nour Eldeen Al-Hammoury: Desde o início deste ano que Mario Draghi se mostra relutante. No passado, ele esperou que as condições se deteriorassem na zona euro antes de tomar medidas. Agora a situação é ainda mais grave. As tensões internas no BCE influenciam muito a política seguida. Tomar uma decisão final implica uma pequena maioria e isso a Alemanha não pode impedir. Berlim tem tentado evitar a intervenção porque a considera demasiado cara. Mas o BCE vai ter de agir tendo em conta as economias da zona euro como um todo, não de acordo com as necessidades da Alemanha.

euronews: Quais são as perspetivas para o euro e é ou não necessária uma intervenção urgente do BCE?

NAH: Enquanto o BCE estiver a ponderar equilibrar as coisas através da injeção de um bilião de euros na economia, o euro vai continuar a ser pressionado e pode situar-se no 1,20 dólar nas próximas semanas. Nós acreditamos que o BCE tem de intervir o mais rapidamente possível, até porque a queda dos preços do petróleo agrava a pressão sobre a inflação.

euronews: Do ponto de vista de Abu Dhabi, que consequências têm as flutuações dos mercados do Médio Oriente e Norte de África, apesar dos indícios das medidas europeias em janeiro?

NAH: Há dois grandes fatores a ter em conta no Médio Oriente: a queda dos preços do petróleo está a afastar os investidores, que procuram outros valores mais seguros, até porque toda a gente receia um abrandamento económico global nos próximos meses. A segunda parte da estória é que as decisões das agências de notação de que já falaram aqui agravam os receios e vão manter os investidores à margem durante algum tempo.

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