Angus Campbell: Nova desvalorização do rublo pode provocar corrida aos bancos

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De  Euronews com REUTERS, LUSA, AFP, ENTREVISTA DA EURONEWS
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O presidente russo rompeu o silêncio sobre a queda do rublo e tenta tranquilizar, tudo e todos. Vladimir Putin está convencido de que, no pior dos

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O presidente russo rompeu o silêncio sobre a queda do rublo e tenta tranquilizar, tudo e todos.

Vladimir Putin está convencido de que, no pior dos cenários, a economia vai levar dois anos a recuperar da crise. Mas não apresenta soluções para a turbulência económica e financeira, que diz ser causada por “fatores externos”.

Putin reconhece que não foi feito o necessário para diversificar a economia e reduzir a dependência das receitas do petróleo. E para lá das divisões internas, defendeu a ação do governo e do Banco Central: “Acredito que o Banco Central e o governo estão a tomar as medidas adequadas para lidar com a situação. Há questões sobre o momento e a qualidade das decisões quer do governo quer do banco central, mas em geral, as ações eram desejáveis e foram corretas”.

O Banco Central da Rússia já gastou 80 mil milhões de dólares, este ano, para travar a queda do rublo e subiu as taxas de juro para 17%. Mesmo assim, o rublo já perdeu quase 50% face ao dólar e a economia está à beira da recessão.

O ministro da Economia fala de uma “tempestade perfeita” para qualificar o efeito conjunto da queda do preço do petróleo, das sanções internacionais e dos problemas da economia mundial.

O governo e o banco central anunciam medidas a favor do setor bancário, fragilizado pela desvalorização do rublo e a desaceleração económica. Só o Kremlin pretende ajudar o setor com 1 bilião de rublos, o equivalente a 17 mil milhões de dólares.

Para analisar a conferência de imprensa anual de Vladimir Putin, a euronews falou com Angus Campbell, analista sénior na FxPro.

Oleksandra Vakulina, euronews: Primeiro, o presidente russo disse que “ a atual situação económica é causada, sobretudo, por fatores externos”. É o caso ou há também fatores internos? Estes são problemas temporários ou falámos de fragilidades estruturais da economia russa?

Angus Campbell, analista: Penso que é uma combinação de ambos: de fatores externos e internos. Claro que o principal fator externo é a queda do preço do petróleo, que perdeu quase metade do valor. Isso teve um enorme efeito na economia russa. É por isso que os investidores estão nervosos sobre investir na Rússia.

Também há fatores internos. A desvalorização da divisa está a ter efeitos inflacionistas. E, no próximo ano, é quase certo que os preços de vários produtos, por exemplo, bens eletrónicos, vão subir muito, muito mais.

euronews: Putin disse, passo a citar, “no pior dos cenários externos desfavoráveis, esta situação pode durar um a dois anos”. Até onde é que a situação pode piorar antes de começar a melhorar?

A. Campbell: Se houver uma certa calma e não existir mais pressão sobre o crude e o rublo, poderá durar menos de dois anos. A Rússia poderá recuperar de forma bastante rápida.

O pior cenário é se assistirmos a uma corrida aos bancos na Rússia. Isso pode ocorrer se o rublo desvalorizar ainda mais. E poderá desvalorizar mais se forem impostas novas sanções à Rússia ou, certamente, se o preço do petróleo recuar ainda mais.

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