Revista Económica do Ano: Um ano negro para o petróleo

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Há muito tempo que o mundo não tinha preços do petróleo tão baixos.

A desaceleração da procura mundial e o aumento da produção do petróleo de xisto estão na origem desta forte queda dos preços.

Em 2014, o crescimento económico da China desacelerou e, na zona euro, a estagnação da economia faz temer uma nova recessão.

Do outro lado, os países produtores têm um excesso de produção, já que todos querem produzir mais e a todo o custo. Mas o excesso de oferta deve-se, sobretudo, à progressão na exploração do petróleo de xisto nos Estados Unidos.

A produção norte-americana atingiu 8,6 milhões de barris diários e, em 2015, deverá subir para 9,5 milhões. Já a dependência petrolífera dos Estados Unidos baixou dos 60% para 30%.

A Arábia Saudita acredita que 60 dólares por barril é um bom preço. Um jogo político dos sauditas para debilitar a influência do Irão e para enfraquecer e reduzir para metade a produção norte-americana de petróleo de xisto.

A queda contínua dos preços pode ameaçar grandes projetos nos países do Golfo, onde quase metade da população tem menos de 25 anos e a questão do desemprego é primordial.

O impato dos preços não deverá, mesmo assim, ameaçar os grandes projetos e a criação de emprego. Os países do Golfo calcularam os orçamentos com preços entre 85 e 100 dólares por barril.

Francis Perrin, chefe de redação da revista “Pétrole et gaz arabes” defende: “A Arábia Saudita estima fazer um sacrifício a curto prazo para encontrar um equilíbrio. Acredita que a médio e a longo prazo, a situação será diferente. A Arábia Saudita tem reservas financeiras substanciais, com os fundos soberanos e as reservas cambiais do Banco Central. Pode permitir-se esperar alguns meses, o que não é o caso de todos os países produtores, membros ou não da OPEP”.

A queda do preços do crude tem um grande impacto em países produtores como Venezuela, Irão e Nigéria, com contas públicas frágeis.

Para as empresas, a queda constante faz reduzir os custos. É com grande entusiamo que o setor do transporte aéreo, rodoviário e marítimo vê baixar a fatura energética.

O aspeto mais positivo é que os automobilistas dos países consumidores sentem os efeitos. Na Europa, apesar dos impostos sobre o petróleo, a queda dos preços alimenta o poder de compra. E para os norte-americanos, que não pagam os impostos sobre os combustíveis, os ganhos são ainda maiores.

O preço do petróleo recua desde junho. O mercado e os consumidores interrogam-se: Até quando se vai manter a tendência?

Francis Perrin considera que a atual situação não se pode prolongar: “Se os preços continuarem a recuar em 2015 ou se se mantiverem baixos durante vários meses, é possível que, no próximo ano, a OPEP decida responder, porque o sacrifício, que os membros da organização podem fazer durante alguns meses, não se pode, necessariamente, prolongar muito”.

Quando os preços eram elevados, os países do Golfo investiram parte das receitas, para usar quando fosse necessário. A questão é saber quanto tempo é que a OPEP vai desejar manter os preços baixos.

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