O sentido da beleza

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“Narciso”, a obra-prima de Caravaggio, prepara-se para uma viagem. Como muitos quadros clássicos, a pintura do século XVI vai ser emprestada a outro

“Narciso”, a obra-prima de Caravaggio, prepara-se para uma viagem. Como muitos quadros clássicos, a pintura do século XVI vai ser emprestada a outro museu para uma exposição temporária. Um pequeno descuido durante o transporte pode danificar este quadro valiosíssimo. Por isso a Galeria Nacional de Arte Antiga do Palácio Barberini, em Roma, e uma equipa de engenheiros uniram esforços para monitorizar a obra de Caravaggio durante o trajeto.

Cinzia Ammannato, diretora da Galeria Nacional de Arte Antiga do Palácio Barberini:

“- Esta galeria tem uma coleção muito rica, com obras que datam do século XII. Muitos trabalhos são valiosíssimos, não só financeiramente mas também, como pode imaginar, culturalmente.”

Embora seja raro que uma viagem provoque danos visíveis durante o transporte, os restauradores estão sempre preocupados com eventuais estragos microscópicos, especialmente se as obras forem sujeitas a condições meteorológicas extremas.

Ugo Maria Colesanti, diretor de Sensing Systems:

“- Neste momento estamos a colar vários sensores com uma cola especial nas partes de alumínio. Quando solidificar podemos medir corretamente as vibrações durante o transporte.”

Além dos sensores que se colam no quadro da pintura, colocam-se outros na caixa usada no transporte. A comparação dos dois registos permite avaliar a eficiência do invólucro protetor na absorção dos choques. Qualquer que seja o estado do tempo, o quadro tem que estar protegido das variações de temperatura ou humidade e das vibrações. Os sensores vão monitorizar o trajeto. Os dados são registados em permanência dando conta das alterações microclimáticas e de eventuais choques durante o transporte. Estes dispositivos desenvolvidos pela Universidade de Roma “La Sapienza” não gastam muita energia o que lhes permite ter uma autonomia de várias semanas, ou mesmo meses. São extremamente robustos e podem ser utilizados no exterior.

Chiara Petrioli, professora na Universidade de Roma “La Sapienza”:

“- Esta tecnologia tem potencial para ser utilizada em situações diversas, devido ao seu baixo consumo energético. Além das obras de arte estamos também a desenvolver aplicações para podermos monitorizar estruturas como túneis ou pontes.”

Ao fim de seis horas de viagem o “Narciso” chega à Basílica Palladiana, em Vicenza, no nordeste de Itália. Os dados obtidos vão agora mostrar se o trajeto foi feito de forma suave e segura, o que pode permitir a redução dos custos dos seguros e tornar o intercâmbio de arte mais acessível.

Elisabetta Giani, ministério dos Bens e Atividades Culturais e do Turismo:

“- O transporte de pinturas, terracota, estátuas e por aí fora, é uma atividade importante do nosso ministério. Só no último ano transportámos mais de seis mil obras de arte.”

Enquanto os peritos inspecionam a superfície da pintura em busca de eventuais danos, os engenheiros carregam os dados para o computador para visualizar o registo da viagem.

Ugo Maria Colesanti, diretor de Sensing Systems:

“- Assim que tivermos carregado a informação no computador podemos visualizar as curvas da temperatura e da humidade durante o transporte. Aqui podemos ver um choque, por exemplo, mas a aceleração no interior da caixa foi completamente amortecida, o que mostra que a obra estava bem acondicionada.”

O desenvolvimento de uma aplicação para smartphone para acompanhar o transporte em tempo real é o próximo objetivo desta equipa de investigadores.

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