Alemanha: Polémica sobre o movimento Pegida

Alemanha: Polémica sobre o movimento Pegida
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Gizem Adal, euronews: “Aydan Özoğuz, Secretária de Estado alemã para a Imigração, Refugiados e Integração. Bem-vinda. Preocupa-a o movimento

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Gizem Adal, euronews: “Aydan Özoğuz, Secretária de Estado alemã para a Imigração, Refugiados e Integração. Bem-vinda. Preocupa-a o movimento anti-islâmico Pegida, as suas manifestações e o aumento do interesse por este movimento?”

Aydan Özoğuz: “Assistimos a uma diminuição das manifestações na semana passada. Também houve uma diminuição esta semana.”

Gizem Adal, euronews: “É uma consequência da renúncia de Lutz Bachmann?”

Aydan Özoğuz: “Não sabemos se terá a ver com esta demissão, mas as contramanifestações aumentaram, atraindo multidões maiores do que o Pegida. Talvez esta circunstância os tenha afetado. Não sabemos porquê, mas diminuíram em número. As pessoas estão a protestar contra eles em muitas cidades. Cada vez mais pessoas dizem querer o pluralismo e que estão com os vizinhos. Que não vão deixar que sociedade seja destruída e que querem viver juntos em paz”. Estes são sinais encorajadores.

Gizem Adal, euronews: “Porque é que acha que este movimento anti-islâmico Pegida se tornou popular na Alemanha. Estarão apenas preocupados com o Islão, ou com a economia também?”

Aydan Özoğuz: “É uma combinação de fatores e talvez este seja o maior problema. De um lado vemos a organização do grupo, até podem ser nazis, são de direita, mas muitas pessoas juntam-se a eles dizendo que têm medo do que viram acontecer em França, que uma mulher de véu as assusta, ou que não gosta dessas pessoas. Tudo isto existe. E nos fóruns na internet dizem que os salários são baixos, ou que estão desempregadas e os benefícios sociais não são suficientes”. Talvez exista aqui um terceiro fator.

A Alemanha Oriental ainda não faz parte da Alemanha Ocidental. Não podemos generalizar a toda a Alemanha, porque existem pessoas que são contra eles. Com certeza que nem todos na Alemanha Oriental são xenófobos, para não ser mal interpretada. No entanto, o número de pessoas que não acredita nas vantagens da democracia é alto, vemos isso aqui na Alemanha, só na cidade de Dresden mais de 20 mil pessoas manifestaram-se a favor do Pegida. Algo até “positivo” porque não o poderiam fazer em qualquer outra parte da Alemanha. Foram para lá, de todo o país, e o número de simpatizantes gira em torno de apenas 20-25 mil. Não existem muçulmanos em Dresden, o Islão não existe lá.”

Gizem Adal, euronews: “Vivem no país mais de 4 milhões de muçulmanos. Muitos dos imigrantes que vieram para cá em 1960, enquanto trabalhadores, são agora empregadores, essas pessoas beneficiaram o país. O que é que o governo alemão tem vindo a fazer contra este movimento, especialmente contra o Pegida?”

Aydan Özoğuz: “O governo alemão está a seguir tudo. O mais importante para nós e, toda a sociedade quer o mesmo: toda a gente deve poder apresentar as suas ideias nas ruas. Com certeza que os radicais são diferentes, mas toda a gente tem o direito de dizer que tem medo de alguma coisa ou até que não gosta de muçulmanos. Mas isso não significa que se possa provocar o medo, perseguir os muçulmanos ou prejudicá-los. Estamos a seguir esta questão. Temos de separar a sociedade real, dos que dizem que estão com medo. Temos de separar a sociedade, da extrema-direita populista. Só o conseguimos fazer através da união e do diálogo.”

Gizem Adal, euronews:“Na Europa, o aumento dos salafistas é uma séria ameaça. De acordo com os números oficiais, vivem na Alemanha perto de 7 mil salafistas. Principalmente jovens que levam uma lavagem cerebral através das redes sociais. Que tipo de medidas são tomadas, pelo seu ministério e pelo governo alemão, sobre este assunto?”

Aydan Özoğuz: ‘‘Essas pessoas vão realmente ter com eles”.

Gizem Adal, euronews: “Os jovens vão até às organizações e conhecem-nos um por um.”

Aydan Özoğuz: “Ou são eles que vêm. O pior é que vêm e prometem uma vida melhor a estes jovens, se fizerem parte dessas organizações. Deparamo-nos muito com esta situação na Alemanha. Por exemplo, noutros países sabemos que vão lá dar palestras, mas isso não acontece na Alemanha.

Estes radicais concentram-se principalmente nos jovens que não conseguem ter sucesso na escola, que não conseguem encontrar um lugar na sociedade. Isso significa duas coisas: temos de intensificar a nossa política de integração. Temos de nos concentrar mais no seu sucesso escolar. Há que guiar estes jovens e é isso que estamos a fazer. No último ano houve um grande sucesso.

No entanto, eles pensam que o mundo lhes deve prestar atenção e querem participar numa organização grande e forte. Agora ouvimos a versão de alguns dos que regressaram. Dizem que se queriam sentir assim, pelo menos uma vez na vida. Isso significa que há jovens que não se sentem suficientemente fortes. Creio que devemos estar mais em contacto com eles e com os pais ao mesmo tempo.”

Gizem Adal, euronews: “Com certeza, com os pais e com as escolas. Falamos de aproximadamente 500 jovens, as estimativas dizem que 200 ou 300 regressaram.”

Aydan Özoğuz: ‘‘E alguns deles morreram lá”.

Gizem Adal, euronews: “Alguns morreram, mas as estimativas dizem que a maior parte destes salafistas são cidadãos alemães. Que tipo de medidas tomou depois de terem regressado?”

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Aydan Özoğuz: “Com certeza que se presta atenção ao que fazem, com quem se reúnem e que tipo de mentalidade têm.”

Gizem Adal, euronews: “Mas não lhes retiraram os passaportes, certo?”

Aydan Özoğuz: “Estamos a retirar-lhes os passaportes agora, não conseguem sair da Europa. Pelo menos não de forma legal. Este é um sinal para eles… Os que querem, conseguem encontrar outras formas de sair, mas não conseguem voltar para aqui facilmente. Temos que lhes demonstrar que a cultura e a religião das pessoas não é importante, mas se matam outras pessoas, não fazem parte desta sociedade. A sociedade tem de se opor e dizer que não quer este tipo de pessoas. Com que direito se mata outras pessoas? É-se um bom muçulmano desta forma? Temos de dizer isto mais diretamente e talvez de forma um pouco mais agressiva.”

Gizem Adal, euronews: Aydan Özoğuz, Secretária de Estado para a Imigração, Refugiados e Integração, muito obrigada.

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