Abdullah II da Jordânia: Rei essencial no xadrez geopolítico da atualidade

Abdullah II da Jordânia: Rei essencial no xadrez geopolítico da atualidade
De  Maria-Joao Carvalho
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O quarto monarca da dinastia hachemita* é filho do Rei Husseimibn Talal, a quem sucedeu quando faleceu, a 7 de de fevereiro de 1999. Nasceu do

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O quarto monarca da dinastia hachemita* é filho do Rei Husseimibn Talal, a quem sucedeu quando faleceu, a 7 de de fevereiro de 1999. Nasceu do segundo dos quatro matrimónios do Rei, com a britânica Antoinette Gardiner, convertida em princesa Muna al-Hussein, de quem se divorciou em 1972.
in Biografias de Homens Políticos

*Atualmente os hachemitas estão dispersos por muitos países islâmicos ou com importantes minorias muçulmanas. As duas dinastias hachemitas mais importantes são a do Iraque e da Jordânia, sendo que esta última é uma família reinante comandada pelo rei Abdullah II. Wikipédia

Antoinette ou Tony, Mãe de Abdullah

Embora as relações anglo-jordanas tivessem melhorado imenso em 1961, a perspectiva de um rei hashemita casar com uma britânica não era bem vista pela mãe de Hussein, a rainha Zein. Em Londres, o Foreign Office também receava complicações, mas Hussein (divorciado da sua prima Dina) e Toni estavam determinados e uniram-se numa cerimónia discreta.

Antoinette recebeu o nome árabe de Muna (Desejo) al-Hussein, naturalizou-se jordana e converteu-se ao islão. Não quis ser rainha e preferiu ser princesa. Em Fevereiro de 1962, deu à luz Abdullah (nome do avô, assassinado em 1951). Foi uma surpresa para muitos quando Hussein se divorciou de Muna, mas a separação, depois de mais três filhos (Faisal e as gémeas Zein e Aisha), foi tão discreta quanto o casamento. Ela manteve os privilégios e ainda hoje vive em Amã, tratada como Sua Alteza Real. In jornal Público

O jovem príncipe foi educado em colégios do Reino Unido e dos Estados Unidos e, seguindo os passos do pai, desde 1980, teve formação militar na elitista Royal Academy de Sandhurst. Depois da graduação ampliou os estudos em Oxford, no Reino Unido e em 1986 licenciou-se em Relações Internacionais na Universidade de Georgetown., nos Estados Unidos. Prestou diversos serviços no exército britânico e nas unidades ancoradas do exército real jordano.

Desde logo foi considerado um oficial competente, pelo que, em 1993, ascendeu a vice-comandante das forças especiais encarregues da proteção da família real e, no ano seguinte, dirigiu a difícil captura de um homem armado que tinha morto várias pessoas, já com o grau de general de divisão à frente de uma unidade especial antiterrorista. Nessa unidade participou no restabelecimento da ordem pública, num período de distúrbios de 1996, na Jordânia.

Desde os primeiros anos de vida, Abdullah viveu na condição de herdeiro do trono, mas no dia 1 de abril de 1965, a complicada situação interna levou Hussei, alvo de numerosos atentados, a desigar o irmão como príncipe herdeiro, mais velho 15 anos do que o sobrinho Abdallah. Depois de três décadas sem alterações na linha de sucessão, com a súblta agravação do estado de saúde, o monarca decidiu outra coisa:
No dia 25 de janeiro de 1999, antes de partir para os Estados Unidos para fazer mais um tratamento contra o cancro que o minava, emitiu um decreto em que retirou a Hassan a condição de príncipe herdeiro e outorgou o poder a Abdullah. Este recebeu do tio os documentos que simbolizavam a transferência de poderes e, no dia seguinte, no mesmo aeroporto em que se despediu do pai, prestou juramento como herdeiro.

Hussein sempre foi um rei voltado para a defesa nacional e para a diplomacia. As veleidades do irmão, ara consolidar uma ambição que já não disfarçava, levaram a esta mudança de poder num momento dramático para os jordanos.

Com Abdullah no trono, foi restaurado o princípio da descendência do primogénito de linhagem hachemita (Hashim foi o bisavô de Maomé), ao mesmo tempo que a experiência castrense garantia a fidelidade das forças armadas e o afeto do povo, grande parte de origem palestinana (30%), que recebeu, com agrado, a princesa Rania, com a mesma origem, agora rainha.
Abdullah casou em 10 de junho de 1993 com Rania Yassin, que nasceu no Kuwait, em 1970, no seio de uma família palestiniana e que vive na Jordânia desde 1990. Os reis têm três filhos, o príncipe Hussein (nascido em 1994), a princesa Iman (1996) e Salma (2000).

Depois da breve regência, Abdullah da Jordânia tranquilizou a comunidade internacional e prometeu, a nível interno, “reformas democráticas radicales”, com “maior apoio do proceso democrático, de liberdade de expressão, pluralismo político.”

A 7 de fevereiro, com a morte de Hussein, o regemte passou a ser rei.
Whashinton apoiou-o com material no valor no valor de 35 milhões de dólares, de um pacote de ajuda de 225 milhões, para proteger o jovem monarca da dependência do Iraque, pois o embargo internacional prejudicavameva também o reino, desprovido de recursos materiais.

A Jordânia foi o sexto país a receber da Casa Branca o estatuto de aliado Principal na NATO; no Médio Oriente só havia dois aliados: Israel e Egito.
O Estado de Israel tentou manter o capital de boas relações com o reino vizinho, por o encarar como tampão natural frente a sírios e iraquianos, além de mediador insubstituível nas conversações que ia havendo com a Autoridade Palestiniana.

Nada disto impediu que a Jordânia condenasse a segunda Intifada em Jeusalém, que eclodiu em 2000, e o uso de arsenal militar contra os revoltosos. Ao lado do presidente egípcio Hosni Mubarak, juntou-se aos países árabes que pediram prudência e condenaram os apelos à guerra do Estado judeu.

Abdullah II aproximou-se também dos outros jovens líderes, Assad da Síria, e o rei de Marocos Mohammed VI.
Ao mesmo tempo que consolidou a sua posição a nível internacional, reprimiu os setores islâmicos, principalmente os que estavam ligados ao Hamas, organização que culpou de converter o país numa base de retaguarda para ações terroristas antiisraelitas na Cisjordânia. A advertência real foi ditigida a todos, incluindo a Irmandade Muçulmana. in Biografias de Homens Políticos

Em 2011, publicou as suas memórias, facto raro na vida de um monarca tão jovem. Depois de assistir a quatro guerras, desde que subiu ao trono, o rei Abdullah acreditava que se deparava com um momento de verdade. Os Palestinianos, tendo esperado demasiado tempo pelo cumprimento da promessa dos Acordos de Oslo de lhes conferir o estatuto de estado, estavam a ficar impacientes. No livro livro, o rei Abdullah partilhou o cenário que julga podermos criar – bem como os catastróficos custos que implicava o fracasso dessa visão.
Descreveu o impacto da Guerra do Iraque no seu país, com palavras firmes, assim como o flagelo do extremismo e a melhor forma de abordar o Irão. Intimista, intenso, sem barreiras, cheio de histórias surpreendentes, “A nossa última Esperança” é um apelo fervoroso a que, antes que seja demasiado tarde, se tomem as difíceis mas necessárias decisões para instaurar uma paz duradoura. “A nossa última esperança”: http://www.fnac.pt/A-Nossa-Ultima-Esperanca-Rei-Abdullah-II-da-Jordania/a346458

Abdullah sobre o EI, a Síria e o Médio Oriente em geral:

Abdullah II acredita que o destino do mundo está sendo jogado no Médio Oriente, por isso é necessário elaborar “medidas humanitárias e de segurança urgentes para criar soluções sustentáveis às crises de hoje”.

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“Os que dizem que isso não é um assunto deles estão errados”, criticou o monarca na sede da ONU, em Nova Iorque, onde pediu união contra os extremistas.

Abdullah II chamou os líderes muçulmanos e de outros países a “trabalhar juntos contra as falsidades e os atos de divisão”.

Além disso, anunciou que a Jordânia apresentará uma proposta de resolução na ONU para a criação de um novo crime internacional com base nos “aberrantes novos atentados contra as comunidades religiosas vistos recentemente na Síria e Iraque”.

Para terminar com a guerra na Síria, o rei da Jordânia defende a necessidade de impulsionar uma solução política de consenso, e convocou a comunidade internacional para estudar um meio de legitimar negociações entre o regime de Damasco e a oposição de moderada.

Também pediu ajuda para lidar com a migração em massa de refugiados ao seu país. A Jordânia já acolhe 1,4 milhões de sírios e, segundo o monarca, a resposta internacional não é suficiente.

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O rei da Jordânia salienta em todos os discursos, a última crise de Gaza, e defende que será impossível resolver o futuro da região enquanto seu “conflito central” não for encerrado. Abdullah II com Ban Ki- Moon

Conclusão

Ao contrário do que ocorre em muitas monarquias, Abdullah II possui poderes relativamente elevados: Pode dissolver e suspender o parlamento, sancionar, vetar e emendar leis, nomear e exonerar juízes. Também comanda as forças armadas e pode declarar guerra. Por isso reagiu violentamente à execução do piloto jordano pelo alegado Estado Islâmico:

Encurtou a visita aos Estados Unidos, depois da divulgação do vídeo, onde militantes do grupo armado “Estado Islâmico” queimam vivo um piloto da Força Aérea jordana. O vídeo terá sido gravado em janeiro, mas só agora a morte de Muath al-Kasaesbeh foi conhecida.

O primeiro ato do rei, regressado à Jordânia, foi reunir-se com altos responsáveis militares, para decidir a resposta a este crime: “A Jordânia está a trabalhar com os membros da coligação, para parar o extremismo e o terrorismo. É o que vamos continuar a fazer. A nossa força e as nossas capacidades são conhecidas de todos. A Jordânia vai continuar nessa via. Na altura certa, vamos anunciar os novos passos que vamos dar”, disse o porta-voz do governo, Mohammad al-Momani.

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O pai de Muath pediu também uma vingança implacável pela morte do filho. O piloto foi capturado pelos radicais em dezembro, depois do abate do F16 que pilotava, no quadro das operações militares da coligação.

Logo a seguir, a Jordânia executou Sajida al-Rishawi e Ziad al-Karbouly, dois iraquianos ligados à Al Qaida, segundo o anúncio do porta-voz do governo Mohammed al-Momani. Outro funcionário do governo disse que eles foram executados por enforcamento.

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