Sanções ou armas: o dilema da Europa na dialéctica com Putin

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A euronews entrevistou Wolfgang Ischinger, presidente da Conferência de Munique sobre Segurança e antigo enviado da OSCE para a Ucrânia.

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O conflito na Ucrânia é actualmente a maior ameaça à segurança da Europa. A tensão com a Rússia atinge níveis dos tempos da Guerra Fria e dos receios de um “inverno nuclear”.

A euronews entrevistou Wolfgang Ischinger, presidente da Conferência de Munique sobre Segurança e antigo enviado da OSCE para a Ucrânia.

Que podemos fazer se a diplomacia falhar?

“Se os esforços diplomáticos fracassarem e sentirmos a necessidade de elevar o nível de pressão, acho que todas as hipóteses têm de ser consideradas com muita ponderação e não penso que seja possível descartar qualquer opção, sem primeiro a olhar cuidadosamente.

Obviamente, os riscos são enormes: se for iniciada uma entrega de armas, há o risco de uma escalada. Por outro lado, se nada for feito, existe o risco de se continuar a dividir o país em dois, abandonando os princípios sobre os quais foi construída a segurança europeia”.

Há algum exemplo de um caso em que sanções económicas tenham alterado a política externa de uma superpotência como a Rússia?

“Na realidade, as sanções são um péssimo instrumento da diplomacia, não tenho dúvidas sobre isso. Não funcionam muito bem e, se funcionarem, têm sempre o efeito colateral de criar ou reforçar o movimento de apoio ao líder que é alvo delas, de defender o país, porque o país está a ser atacado do exterior. Portanto, não é uma grande ideia. Mas qual é a alternativa? As sanções não são um bom instrumento mas podem ser a única opção válida. É uma situação clássica da diplomacia, em que temos poucas opções e nenhuma delas é boa. Então, temos de escolher a menos má”.

Putin está a tentar dividir o Ocidente?

“Seria muito estranho se (Putin) não tentasse beneficiar das divergências entre os aliados ocidentais. É claro (que tentará aproveitar divisões). Impusemos sanções, o que do ponto de vista russo não um simples acto hostil, é um acto extremamente hostil. Se fosse conselheiro dos russos, aconselhava-os a fazerem o seu melhor para dividir estas pessoas (no Ocidente) para que não consigam alargar e prolongar as sanções por mais tempo, o que obviamente é do interesse russo, tem de ser”.

Ministro russo diz que rebeldes ucranianos apenas confiscaram armas locais

O ministro-adjunto da Defesa russo, Anatoly Antonov, deverá ser integrado na lista de pessoas sancionadas pela União Europeia (UE) por causa da crise na Ucrânia.

Em entrevista a James Franey, enviado da euronews a Munique (Alemanha), o governante negou que a Rússia entregue armas aos rebeldes na Ucrânia.

James Franey/euronews (JF/euronews): “Muitos dos participantes nesta Conferência de Segurança de Munique, dizem – pelo menos nos bastidores – que a Rússia não tem mostrado muita vontade de dialogar ou de implementar o acordo de Minsk”.

Anatoly Antonov/ministro-adjunto da Defesa da Rússia (AA/ministro-adjunto): “Não se esqueça de que a Rússia não é protagonista neste conflito. Não é uma parte interessada, nem tem qualquer participação”.

JF/euronews: “Algumas pessoas duvidam disso”.

AA/ministro-adjunto: “Há muitos rumores sobre a situação na região”.

JF/euronews: “Quando diz que não fazem parte deste conflito… se insiste que não têm qualquer envolvimento no que se passa, então porque é que a Rússia faz parte das negociações?”

AA/ministro-adjunto: “Todas as soluções têm de ser fruto do diálogo com o governo de Kiev e as forças de auto-defesa de Lugansk e Donetsk. Quanto à Rússia..”

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JF/euronews: “É assim que classifica os separatistas?”

AA/ministro-adjunto: “Não, não os classificamos como separatistas. São pessoas que querem que seus direitos sejam respeitados. Eles não querem expressar-se numa única língua, mas também não aceitam que o governo de Kiev os proiba de usar, por exemplo, o russo … querem poder usar a língua materna”.

JF/euronews: “A Constituição ucraniana protege esse direito”.

AA/ministro-adjunto: “Havia algumas ideias para introduzir restrições.

JF/euronews: “Mas nunca foram implementadas”.

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AA/ministro-adjunto: “Sim e claro que apoio essa decisão. Apenas queremos ajudar as partes a chegar a um acordo”.

JF/euronews: “Disse claramente que a Rússia não dá qualquer tipo de apoio militar aos rebeldes. Então, como é que eles têm acesso às armas?

AA/ministro-adjunto: “Haverá uma grande quantidade de depósitos de armas e munições no território de todas as repúblicas da ex-União Soviética, incluindo na Ucrânia. As forças de “auto-defesa” usam agora essas armas e munições. E também confiscaram muito desse material aos membros do exército”.

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