Clínica francesa paga 1,88 milhões de euros por trocar bebés há 20 anos

Clínica francesa paga 1,88 milhões de euros por trocar bebés há 20 anos
De  Francisco Marques com LUSA, AFP
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A clínica Jourdan de Cannes, em França, e a respetiva seguradora, a SHAM, foram condenadas pelo tribunal de Grande Instância de Grasse, na região dos

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A clínica Jourdan de Cannes, em França, e a respetiva seguradora, a SHAM, foram condenadas pelo tribunal de Grande Instância de Grasse, na região dos Alpes-Marítimos, a pagar 1,88 milhões de euros de indemnização devido a uma troca de bebés ocorrida há mais de vinte anos.

O caso deu-se a 4 de julho de 1994, dia em que nasceu Manon, filha de Sophie Serrano. Devido a icterícia, a então bebé foi colocada numa incubadora sob luzes ultravioleta ao lado de outra recém-nascida, Mathilde. Dias depois, antes de as devolver aos pais, uma enfermeira trocou as bebés de forma involuntária e elas cresceram na família errada.

Logo nos primeiros anos as mães estranharam a falta de parecenças familiares das crianças. Levantaram dúvidas, mas a clínica ignorou as queixas. Para a Sophie, o caso veio a ganhar proporções dramáticas. A falta de parecenças com o pai, levou pessoas próximas à família a insinuar que ela teria enganado o marido e, numa brincadeira mais séria do que esperado, que a criança seria “filha do carteiro.”

Affaire des bébés échangés: Manon et Sophie gagnent leur procès #Nice06RTLFrance</a> <a href="http://t.co/a0aIHGXm8e">pic.twitter.com/a0aIHGXm8e</a></p>&mdash; Julien Fautrat (Dioulen) 10 fevereiro 2015

Pressionado pelo ambiente à volta da família, o pai exigiu um teste de paternidade que, obviamente, provou que ele não era o progenitor. Mas o teste não incluiu a mãe e a troca não foi colocada como hipótese. Dez anos após o parto, Sophie Serrano e Manon realizaram um teste de ADN e as dúvidas de anos confirmaram-se. “Senti-me perdida. Completamente devastada”, assumiu, tempos depois, a mulher que criou Manon acreditando ser sua filha de sangue.

A família da outra bebé foi, igualmente, contactada e regressaram a França desde a Ilha de Reunião, onde residem. “Foi muito perturbador estar diante de uma mulher que é a nossa mãe biológica e ao mesmo tempo uma completa estranha”, contou Manon, depois uma audiência no tribunal, em dezembro.

Sophie e Manon Serrano tentaram criar um laço com a outra família, mas não resultou. “Era muito difícil, por isso cada família seguiu o seu caminho. É complicado. Foi a única forma de encontrarmo-nos alguma estabilidade”, disse Sophie.

Cannes: échangée à la naisssance: Sophie et Manon, unie par le destin.http://t.co/HHYx8Gt4capic.twitter.com/NegHdZf9i8

— Nicematin Photo (@nicematinphoto) 2 dezembro 2014

O tribunal, entretanto, já deliberou e condenou a clínica. Os advogados das famílias pediam 12 milhões de euros de compensação, mas a indemnização foi fixada em 1,88 milhões a distribuir pelas duas famílias: 100 mil euros para cada uma das raparigas trocadas à nascença; 100 mil euros para os respetivos pais; e 25 mil euros para cada um dos irmãos de Manon e Mathilde.

Manon garante que o dinheiro não é importante. “A sério, não vai mudar nada. O mais importante é que a clínica já não pode continuar a culpar as mães. Está provado que a culpa foi deles e têm de ser responsabilizados. Todos eles têm de assumir a responsabilidade por este horrível ato que cometeram”, concluiu, em lágrimas, a agora jovem mulher.

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