O Papa Francisco e o novo rumo da Igreja Católica

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Vai ser uma semana atarefada no Vaticano. Passaram dois anos desde que Bento XVI abdicou. O seu sucessor, o Papa Francisco, iniciou uma reforma

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Vai ser uma semana atarefada no Vaticano. Passaram dois anos desde que Bento XVI abdicou. O seu sucessor, o Papa Francisco, iniciou uma reforma ambiciosa e complexa da Cúria Romana.

Ouvimos Sébastien Maillard, o correspondente no Vaticano do jornal francês La Croix, que está em Roma, sobre a questão.

Euronews:

Em que ponto está a famosa reforma da Cúria e porquê a mudança?

Sébastien Maillard, La Croix:

Antes do conclave que elegeu o Papa Francisco, em março de 2013, os cardeais reuniram-se todos e concordaram que estava na hora de fazer esta reforma, por isso, o Papa esperou que ela estivesse em andamento para consultar os cardeais, dar um passo, e foi isso que ele fez nos últimos dois dias, consultas para conhecer os seus pontos de vista sobre esta reforma que eles pediram e que representa um voto de confiança nele.

Euronews:

Esse passo foi já dado. Foi feita uma reformulação dos serviços económicos e financeiros e criado um secretariado para a economia.

Sébastien Maillard, La Croix:

Sim o primeiro passo já foi dado com a criação, à cerca de um ano de um secretariado para a economia que foi confiado ao Cardeal australiano George Pell, com um conselho para a economia, com o mesmo número de representantes, e responsabilidades, entre laicos e cardeais. Isso é uma novidade, um verdadeiro avanço foi alcançado com a criação desta nova instituição para supervisionar todos os canais financeiros do Vaticano porque era fundamental colmatar essa lacuna.

Euronews:

É aí que se colocam as questões. Há resistências evidentes e há mesmo quem se oponha à mudança…

Sébastien Maillard, La Croix:

Todos os que estão à frente de uma congregação ou conselho pontifício tinham sido já advertidos, a 24 de novembro, da reforma e podiam dar a sua opinião. Por isso, aquilo que o Papa queria fazer com este Consistório era não avançar sozinho, não se trata de fazer ele próprio as reformas. Ao mesmo tempo, e mais uma vez, a reforma da cúria foi algo que todos entenderam necessária, às questões de fundo ninguém se opõe, está bem fundamentada. Não se trata de resistência como existiram e continuam a existir em relação ao Sínodo sobre família, que é um assunto completamente diferente.

Euronews:

O Papa falou, muitas vezes, da força das periferias, o que significa, em particular, a escolha dos novos cardeais?

Sébastien Maillard, La Croix:

A força das periferias significa que a igreja não governa apenas pelo centro. A Cúria romana, etc., existe para estar ao serviço de toda a Igreja universal e também do C9 que ele criou. Nove cardeais que o cercam vieram, eles mesmos das periferias, dos cinco continentes. O objetivo do Papa, hoje, é governar com toda a igreja. É verdade que ainda há 57 cardeais europeus, dos 115 eleitores, mas agora há muitos mais vindos da Ásia, da América Latina, América do Norte, África e isso reflete, simplesmente, a realidade do mundo católico, hoje.

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Euronews:

O Papa Francisco agita o mundo católico com os seus sermões num discurso muito direto, porquê esse tom?

Sébastien Maillard, La Croix:

É o seu estilo, a sua natureza. É, verdadeiramente, a sua forma de agitar as coisas e esse foi também o objetivo desta eleição. É uma maneira de reformar a igreja, não se trata apenas de reorganizar as estruturas, congregações, para fazer um novo organigrama. Também se está a impor um novo tom que foi ouvido no Sínodo sobre Família, em outubro, quando ele disse: “falem todos livremente, abertamente”, e alguns disseram que era a primeira vez se fazia um verdadeiro sínodo, onde o discurso é livre e, por isso, o Papa regressou a este estilo evangélico. É também a sua forma de ser um missionário.

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