Petróleo do Golfo na dependência do dólar e da produção americana

Petróleo do Golfo na dependência do dólar e da produção americana
De  Euronews
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Houve uma réstea de esperança no mês de fevereiro, com a primeira subida do preço do petróleo, depois do declínio acentuado dos últimos sete meses. A Arábia Saudita desempenhou um papel chave na flutu

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Alguns sinais de retoma dos preços do petróleo começaram a surgir, depois de um período de queda abrupta, que já não víamos há seis anos. Pela primeira vez desde o passado mês de julho, o mercado registou alguns lucros.

Em fevereiro, o Brent valorizou 18, 79% e o WTI 4,56%. Mas os dados dos Estados Unidos revelam uma redução da extração de mais de 19% em fevereiro, ao mesmo tempo que as reservas americanas aumentaram para 8,4 milhões de barris.

No Médio Oriente, os países do Golfo tentam manter um discurso positivo desde a última reunião da OPEP em dezembro, o que tem contribuído certamente para a estabilidade dos preços. Um bom exemplo foram as declarações do ministro saudita do Petróleo, Ali Naami:
“A Arábia Saudita mantém o compromisso de ajudar a equilibrar o mercado, mas as circunstâncias requerem que os países não membros da OPEP também cooperem. Até agora decidiram não o fazer. Têm as suas razões, mas gostaria de deixar claro que a Arábia Saudita continua à procura do consenso”, afirmou.

A produção de petróleo atingiu um recorde de 9,8 milhões de barris em fevereiro. Os preços cairam para metade desde julho de 2014, quando o barril custava entre 100 e 115 dólares. Os paíse produtores aguardam com expetativas a reunião de junho da OPEP e as medidas que serão decididas na ocasião.

Daleen Hassan falou com Nour Eldeen al Hammoury, responsável pela estratégia de mercado na ADS Securities, em Abu Dabi, sobre as verdadeiras perspetivas para o petróleo:

D.H Euronews: Acha que o preço do petróleo vai continuar a subir como aconteceu em fevereiro ou estaremos a caminhar para um novo declínio?

Nour Eldeen Al Hammoury: Há fatores geopolíticos que influenciam a estabilidade dos preços, sobretudo depois do acordo Rússia- Ucrânia e do resultado do ataque da coligação contra o grupo Estado Islâmico no Iraque, onde o exército iraquiano recuperou o controlo dos campos petrolíferos próximos de Mossul.
Ao mesmo tempo, a subida do dólar americano influência o declínio dos preços do petróleo, apesar da recente estabilização. Portanto, se o dólar continuar a valorizar, o preço do petróleo vai sofrer as consequências e é pouco provável que suba consideravelmente nos próximos meses. Para além disso, a oferta continua a aumentar; a procura permanece fraca e a produção está em alta.
Mais ainda, os indicadores negativos das economias mais industrializadas como a China vão continuar a pesar sobre o mercado até à reunião da OPEP em junho.

E: Até que ponto é que as declarações dos ministros do petróleo do Golfo têm contribuído para a estabilização, ainda que sem qualquer medida de corte à produção?

N. E.H: Na verdade, as declarações dos ministros têm sido muito importantes na estabilização dos preços. Os mercados tentam sempre seguir estas declarações e elas estão a acalmar os mercados ao afirmarem que o declínio é temporário e que é suposto os preços começarem a subir outra vez rapidamente.
Isto significa que os ministros estão confiantes que os produtores vão tomar medidas mais cedo ou mais tarde o que levou os investidores a concluirem as encomendas a curto prazo, e aliviou a tensão sobre os preços.

E: Apesar de uma ligeira subida, os preços continuam baixos. Como é que isto afeta a região do Golfo? N. E.H: Um petróleo barato é perigoso para os orçamentos dos países do Golfo, que podem enfrentar défices, o que poderá levar a travar investimentos ou a medidas como a criação de novos impostos. Contudo, não podemos esquecer que os países do Golfo têm uma grande quantidade de reservas. Como exemplo, tivémos acesso a relatórios que mostram que a Arábia Saudita pode sobreviver com um petróleo barato durante oito anos, sem impacto no plano de despesas do país. Mas como foi dito antes, os baixos preços do petróleo afetam esses países no âmbito do grandes projetos de investimento de longo prazo.

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