Os desafios da paridade euro/dólar e o futuro do Egito

Os desafios da paridade euro/dólar e o futuro do Egito
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De  Ricardo Figueira com DALEEN HASSAN, MOHAMMED SHEIKHIBRAHIM.
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Os desafios colocados pela nova realidade cambial e o futuro económico do Egito, em destaque nesta edição de Business Middle East.

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Nesta edição de Business Middle East vamos ver quais os cenários possíveis para o euro. Vamos também debruçar-nos sobre a abertura do Egito ao investimento.

Euro perto da paridade com o dólar

Já pensou onde vai passar as próximas férias? Está à procura de um destino com boa relação qualidade-preço? Talvez seja uma boa altura para conhecer a Europa, agora que a cotação do euro caiu para o valor mais baixo em 12 anos e está quase em paridade com o dólar.

A Goldman Sachs prevê mesmo que o euro caia abaixo da paridade com o dólar até ao fim de 2016. E se essas expectativas se tornarem realidade?

O Banco Central Europeu começou a injetar mais dinheiro. O objetivo é estimular as economias europeias, numa altura em que os medos de uma deflação se mantêm elevados.

Na semana passada, o dólar caiu para o valor mais baixo em 12 anos face ao dólar, com cada euro a valer cerca de 1,05 dólares. Ao mesmo tempo, o dólar cresceu face à maioria das divisas, durante a última semana.

Com o euro a descer, as exportações europeias podem tornar-se mais baratas e atrair clientes estrangeiros para o mercado, capazes de apoiar a procura de produtos europeus e criar emprego no setor das exportações.

Algumas previsões apontam para um maior número de turistas na Europa, este verão, sobretudo vindos dos Estados Unidos e do Médio Oriente, que beneficiam agora de taxas de câmbio favoráveis.

Entrevista

Para uma análise desta batalha entre o euro e o dólar, a jornalista Daleen Hassan falou com Nour Eldeen Al Hammoury, estratega de mercado da ADS securities, em Abu Dhabi.

As previsões relativas ao euro parecem pessimistas. É possível a moeda cair abaixo da paridade com o dólar?

É possível que o euro venha a cotar-se abaixo do nível de paridade ainda este ano. Estamos muito próximos da paridade. No entanto, uma queda abaixo deste nível só pode acontecer com base nas decisões dos bancos centrais. O BCE está a comprar ativos, enquanto a Reserva Federal americana pode subir as taxas de juro em junho. Se isso acontecer, o euro pode descer até aos 90 cêntimos de dólar. Mas se a Fed mantiver as taxas a um nível baixo mais algum tempo, o euro pode estabilizar acima do nível da paridade, que é o que esperamos.

Quais são os desafios que a Europa enfrenta hoje em relação às políticas dos bancos centrais?

O maior desafio para o BCE e para a Europa, como um todo, é a dívida soberana, que continua a crescer. O BCE vai querer aumentar o balanço patrimonial para o nível em que estava antes da crise de 2009. Quando isso acontecer, será um desafio.

Em relação às recentes movimentações do dólar e da Fed, qual o impacto no investimento no mundo árabe?

Há vantagens e desvantagens. O aumento do dólar é negativo para as empresas que importam matérias-primas dos Estados Unidos ou que usam o dólar, mas é positivo para as empresas que compram matérias-primas europeias, por causa do euro mais barato. Além disso, os investimentos da Europa no Médio Oriente devem crescer, apesar dos problemas que a Europa enfrenta. Além de que o aumento das taxas de juro nos Estados Unidos deve levar os investidores a relocalizar os investimentos das bolsas americanas para a Europa e para o Médio Oriente.

Um novo Egito

Em Business Snapshot, vamos ver a conferência sobre o futuro económico do Egito, que teve lugar em Sharm-el-Sheikh, com a presença de figuras de mais de 80 países.

Durante a cimeira, choveram investimentos orçados em milhares de milhões de dólares, com destaque para acordos no setor energético. O nosso correspondente Mohammed Sheikhibrahim esteve lá.

A conferência económica “O Egito e o futuro” teve como resultado um grande número de contratos assinados, num valor de 36 mil milhões de dólares.

Entre os maiores investidores estão os Emirados, o Kuwait, a Arábia Saudita, mas também potências ocidentais como os Estados Unidos, a França, a Grã-Bretanha e a Alemanha.

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O setor da energia esteve no centro dos debates: “O setor energético no Egito é muito importante. Há um desfasamento entre o que é consumido e o que é produzido. Para os investidores, é uma área muito importante, porque há muita procura e não é possível ter crescimento e desenvolvimento sem um setor energético forte”, diz Osama Bishai, presidente executivo da Orascom

Um dos maiores projetos apresentados foi o de construir uma nova capital, a leste do Cairo, ao longo dos próximos cinco a sete anos, um projeto orçado em 45 mil milhões de dólares. A verdade é que, nas palavras do próprio presidente Abdel Fatah al-Sisi, o país precisa de muito mais: “Vejo a solução de forma tão clara como vos vejo a vós. O país precisa de não menos que 200 a 300 mil milhões de dólares para que haja uma verdadeira esperança e os 90 milhões de egípcios possam viver como deve ser”, disse o chefe de Estado egípcio.

“Durante esta conferência internacional, foram assinados vários acordos que permitiram injetar dinheiro na economia egípcia. O grande desafio é fazer com que estes projetos fiquem de pé e a funcionar”, conclui *Mohammed Sheikhibrahim, enviado especial da euronews a Sharm-el-Sheikh.

Leia também: Artigo do Libération

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