Tunísia debaixo de fogo

Tunísia debaixo de fogo
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A Primavera Árabe nasceu na Tunísia, o único país que, até ao momento, conseguiu fazer a transição democrática. Em dezembro os tunisinos festejaram a

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A Primavera Árabe nasceu na Tunísia, o único país que, até ao momento, conseguiu fazer a transição democrática. Em dezembro os tunisinos festejaram a eleição de Caïd Essebsi, o primeiro presidente eleito democraticamente.

Em janeiro de 2014, ao fim de dois anos de negociações, e com um ano de atraso, a assembleia constituinte aprova finalmente o novo Texto Fundamental. A constituição consagra a liberdade de culto e os direitos das mulheres. A vice-presidente da assembleia, Mehrzia Laabidi, reflete o espírito da maioria:

“- Não há nenhuma fatalidade, não existe apenas a ditadura ou o caos e a violência. Existe a liberdade, a democracia, a vida em sociedade e a paz”

Mas, a seguir à revolução, o país assistiu ao nascimento de um movimento radical que elimina os opositores políticos, como Chokri Belaïd, assassinado em fevereiro de 2013, ou Mohamed Brahmi, morto cinco meses depois. Os dois homicídios, reivindicados pelos jihadistas no final do ano passado, provocaram uma profunda crise política.

Em julho de 2013, oito soldados tunisinos são abatidos numa emboscada junto à fronteira com a Argélia, num território onde os militares combatem um grupo terrorista com ligações à Al-Qaida desde dezembro de 2012.

A revolução e as suas consequências afetaram o turismo, um dos principais motores da economia da Tunísia, um país sem petróleo. Em 2010 a Tunísia recebeu cerca de 7 milhões de turistas. Um número que permanece uma miragem e que tão depressa não deve ser atingido. No ano passado registou-se mais um recuo.

Há um ano, na feira do turismo de Berlim, a Tunísia batia-se para recuperar os turistas europeus.

“A democracia não funciona sem pão na mesa. O turismo é o nosso pão, é uma parte da nossa economia. Nós precisamos de todos os europeus para ajudar a primeira democracia no mundo árabe” – era o apelo da ministra do Turismo, Amel Karboul.

Os acontecimentos desta quarta-feira vão dificultar ainda mais a frágil recuperação da economia tunisina.

Para aprofundar este tema falámos com Suhaire Belhassan, presidente honorário da Federação Internacional dos Direitos Humanos.

Ontem testemunhámos um dos maiores atentados ocorridos na capital tunisina desde o início da revolução. Na sua opinião, esta ação deve-se à boa organização dos terroristas ou à desorganização das forças de segurança tunisinas?

*Suhaire Belhassan:

Eu penso que tem a ver com os dois fatores. Por um lado a desorganização das forças de segurança tunisinas e por outro lado, a existência de organizações terroristas que foram capazes de desenvolver-se na Tunísia. Os governos anteriores permitiram que tal acontecesse.*

Euronews:

Se percebo bem está a acusar os regimes e os governos anteriores de terem colaborado com estas organizações terroristas…

*Suhaire Belhassan:

Não disse que colaboraram mas que fecharam os olhos.*

Euronews:

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Estas pessoas de onde vêm, são tunisinas? E como se organizaram na Tunísia?

*Suhaire Belhassan:

Alguns deles vêm da Líbia. Neste momento há 3.000 terroristas em solo tunisino, no sul do país. Temos a organização Ansar Al-Sharia há vários meses, senão anos. Também temos o grupo Oqba Ben Naféh em Keirouan.*

Euronews:

Na sua opinião o governo e o exército tunisino têm capacidade para derrotar estas organizações terroristas?

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*Suhaire Belhassan:

Como sabe, os militares tunisinos não são tão numerosos como no Egito e têm falta de armas e logística assim como de um bom sistema de segurança.*

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