Como imitar os mecanismos do olho humano?

Como imitar os mecanismos do olho humano?
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De  Ricardo Figueira com Denis Loctier
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Especialistas espanhóis estão a desenvolver uma lente que pode imitar o desempenho do cristalino e combater a vista cansada.

À medida que envelhecemos, os nossos olhos vão perdendo a facilidade em focar-se nos objetos que estão perto ou longe. Precisamos de óculos. O que pode a ciência fazer para melhorar a nossa visão, nos próximos anos?

A vista cansada é um problema comum a partir de uma certa idade, mas ainda não é muito compreendido. Com a idade, o cristalino perde a elasticidade e a capacidade de mudar de distância focal.

“Com os anos, comecei a ver pior ao perto. Queria poder ler sem precisar de óculos, por isso vim a este hospital, à procura de uma solução”, conta María Jesús Blanco Montes, paciente do hospital da Fundação Jiménez Díaz, em Madrid.

Os cirurgiões podem substituir o cristalino por um implante artificial, como uma lente multifocal, que permite ver, com a mesma nitidez, objetos que estão perto ou longe. É o que se faz, muitas vezes, nas operações às cataratas. Mas as lentes multifocais não são perfeitas: “O ideal seria encontrar uma solução fisiológica para a vista cansada, que pudesse imitar o funcionamento do cristalino. As lentes que implantamos corrigem ao longe, ao perto e para uma distância intermédia, mas não conseguem imitar o mecanismo de acomodação”, explica Ignacio Jiménez-Alfaro, diretor do departamento de oftalmologia deste hospital.

Como então tornar o tratamento da vista cansada mais eficaz? Os cientistas que trabalham num projeto de pesquisa europeu no Instituto Espanhol de Ótica desenvolveram ferramentas que podem ajudar a resolver o problema, ao fazer implantes orgânicos que podem adaptar-se de maneira natural.

“Pensamos que as lentes acomodativas são as lentes do futuro, porque reproduzem as funções de um cristalino jovem no olho humano”, diz Susana Marcos, deste instituto.

Os instrumentos laser permitem estudar a estrutura interna do olho e ajudar os cirurgiões a escolher a lente mais apropriada, entre as opções existentes: “Podemos até pensar em conceber uma lente intraocular personalizada, desenhada especificamente para cada paciente, com base nos dados recolhidos por estes instrumentos”, explica ainda Susana Marcos.

Com base num modelo digital do olho, os médicos vão poder criar um implante flexível que pode colar-se aos músculos do olho, tal como o cristalino.

“Esta ligação permite transferir a força do músculo para a lente flexível. A superfície fica assim deformada e muda com o ponto focal”, diz o cientista Andrés de la Hoz, especialista em biomecânica.

Os pesquisadores dizem que os instrumentos laser podem tornar-se mais compactos e fáceis de usar nas clínicas, o que dá aos oftalmologistas uma ferramenta mais eficiente para tratar a vista cansada: “Esperamos que o sistema ajude os pacientes a melhorar a forma como veem depois da cirurgia. Um um implante intraocular vai mudar a visão e, graças a isso, a seleção da lente vai ser ideal, explica Carlos Dorronsoro , especialista em ótica física.

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