Prevenir é o melhor remédio para a sustentabilidade dos cuidados de saúde

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De  Euronews
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Em 2050, 37% da população europeia terá mais de 60 anos e o envelhecimento populacional é um desafio para a sustentabilidade dos serviços de saúde

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Em 2050, 37% da população europeia terá mais de 60 anos e o envelhecimento populacional é um desafio para a sustentabilidade dos serviços de saúde.

Portanto, os sistemas de saúde têm de adaptar-se às mudanças nas sociedades e foi esta a mensagem que saiu de uma conferência, que teve como base a premissa de que uma ação conjunta é fundamental para a definição de diretrizes que permitam tornar sustentáveis os sistemas de saúde. Um evento que decorreu em Bruxelas no passado dia 19.

Um grupo de trabalho europeu, que reúne académicos, membros da indústria de cuidados saúde e políticos sugeriram algumas soluções:

“O status quo na área da saúde já não é uma opção. Se queremos continuar com o serviço de saúde, na Europa, que é de alta qualidade, universalmente abrangente, para todos na mesma base, sem racionamento, temos de transformar, radicalmente, a forma de prestar serviços, de agir com os pacientes e permitir aos cidadãos gerirem a sua própria saúde”, refere Mary Harney a responsável pelo grupo de trabalho europeu para a sustentabilidade dos cuidados de saúde.

Cerca de 30 projetos-piloto, de 21 países, foram estudados por este grupo que trabalha, há mais de um ano, para reunir dados e testá-los. O “Livro Branco”, apresentado na conferência, reúne as suas recomendações:

“Hoje, temos uma população envelhecida na Europa e, particularmente, em Itália e na Alemanha, e temos de reorganizar os serviços para as pessoas que têm doenças crónicas, que se arrastam muitos anos, não só nos hospitais mas também proporcionar assistência no terreno e em casa”, esclarece o Professor Walter Ricciardi, da Universidade Católica de Roma.

As doenças crónicas são responsáveis por 86% das mortes e afeta mais de 80% das pessoas com mais de 65 anos. A questão é relevante o nível económico já que, todos os anos, estas despesas de saúde, representam um valor estimado em 700 mil milhões de euro:

“Pegando no exemplo da oncologia, em alguns casos a oncologia passou de uma condição muito grave, com prognósticos muito graves, para uma condição crónica, mas podemos chegar aqui através de uma intervenção precoce. Um tratamento atempado pode minimizar a gravidade da condição crónica e ajudar as pessoas a viverem mais tempo”, explica Pascale Richetta, vice-presidente da AbbVie para a Europa Ocidental e Canadá.

A intervenção precoce tem sido o cerne de um projeto de investigação, aplicado a mais de um milhão de pessoas, em Madrid, que sofrem de doenças reumáticas, a principal causa de deficiências motoras em todas as idades:

“Conseguimos reduzir 40% o número de dias de baixa em pessoas com este tipo de doenças, os resultados económicos foram muito bons, por cada euro que se investe no programa obtém-se um retorno de 11€, em dois anos”, diz o Professor Juan Jover, chefe do serviço de reumatologia do Hospital de San Carlos, em Espanha.

A promoção de estilos de vida responsáveis terá um impacto sobre a economia, em especial em países como o Reino Unido, onde se considera que 67% dos homens e 57% das mulheres têm excesso de peso ou são obesos:

“Estilos de vida mais cuidados podem permitir que as pessoas tenham menos excesso de peso quando atingem os 50 anos, fazendo com que a Europa economize até 100 mil milhões de euros até 2050 e isto, simplesmente, através da mudança no estilo de vida, não com medicamentos ou através de outras medidas”, refere o Professor Vincenzo Atella, da Universidade de Roma Tor Vergata.

Cortar nos recursos, para reorganizar os cuidados de saúde não é a solução. Medidas severas, adverte o Comissário Europeu para a Saúde, podem ser contraproducentes:

“Quando falamos de reformas estruturais temos de falar sobre a avaliação do impacto das mesmas na saúde pública. Com as chamadas reformas estruturais não se pode acabar com o acesso aos cuidados de saúde. O que significa cuidados de saúde? Eles são um pré-requisito para o crescimento e o emprego”, adianta Vytenis Andriukaitis.

O lema: “É melhor prevenir do que remediar” talvez seja uma máxima a ter em conta mesmo em tempo de contenção.

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