Festival da Canção 2015: Eurovisão versus Intervisão

Festival da Canção 2015: Eurovisão versus Intervisão
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De  Maria-Joao Carvalho
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A Rússia tira antiguidades do baú e reorganiza o festival do antigo bloco soviético criado para revializar com o festival da Eurovição. Assiste-se agora à guerra das canções, no ano em que o evento eu

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O Festival Eurovisão da Canção de 2015 marca a 60ª edição anual do evento.

Depois da marcação de datas provisórias ficou decidido que as semifinais serão realizadas nos dias 19 de 21 de Maio, e a final, no dia 23 de Maio.

A Áustria será anfitriã pela segunda vez – a primeira foi em 1967.

Depois de uma reunião entre a emissora da Áustria (ORF) e a EBU – European Broadcasting Union , decidiu-se que o produtor executivo deste ano, em Viena, será Edgar Böhm.

Chipre, República Checa e Sérvia vão regressar, mas a Ucrânia decidiu retirar-se devido à crise que o país enfrenta.

Este ano a Austrália irá participar na competição pela primeira vez, tendo sido convidada a participar pela EBU, devido ao do país neste concurso – já o transmite há 30 anos – razão pela qual, está classificada automaticamente para a final.

O formato do concurso mantem-se e espera-se um orçamento de €45 milhões, dos quais 40% será investido pela EBU e 60% pela ORF, no entanto, Jon Ola Sand disse que vai ser algo que vai devidamente homenagear o concurso.
No final de 2011, a UER anunciou que está em curso uma digitalização e arquivação de todas as edições, desde a primeira, em 1956, até à mais recente.

Em Junho de 2013, foi anunciado que o arquivo estava prestes a terminar para celebrar o 60º aniversário. Este estará acessível ao público através do site oficial do concurso.

Para assinalar, o logotipo do Festival Eurovisão da Canção foi atualizado.

Vão participar 40 países.

Este concurso anual de canções é transmitido pela televisão, com participantes de países em que a televisão nacional transmissora é membro do European Broadcasting Union. O concurso é transmitido na televisão e também na rádio por toda a Europa. Recentemente, a transmissão do mesmo foi também alargada a outros países não europeus por meio dos canais internacionais de seus membros e também pode ser acompanhada na Internet.

O nome do concurso deriva da palavra Eurovision que é a primeira palavra da cadeia de televisões europeia: a European Broadcasting Union (EBU) (União Europeia de Radiodifusão em português). Esta união pode conseguir uma audiência de aproximadamente 1/6 da população mundial. Qualquer membro da EBU pode participar no concurso, mesmo que não seja um país europeu (ou um continente como, este ano, a Austrália-Nova Guiné, Sahul, Oceania, Meganésia, Grande Austrália, Australásia, ou Australinea).
Isto inclui países africanos e asiáticos tais como Israel e Marrocos, que já participaram do concurso e fizeram história.
O Líbano tentou participar em 2005, mas pelas leis locais teria de cortar a transmissão da participação israelita.

Portugal participou pela primeira vez no Festival Eurovisão da canção em 1964, com António Calvário. já o fez 46 vezes; só não compareceu 5 vezes desde a seua estreia.

A História de Portugal ficou ligada à da Eurovisão com duas canções importantes :em 1973, “Tourada”, do Poeta Ary dos Santos – interpretada por Fernando Tordo e, em 1974, “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho. Esta canção foi um dos sinais de rádio no Exército, para o início da Revolução do 25 de Abril.

Na edição dete ano, Susana Andrade representa Portugal com a canção “Há um mar que nos separa”.

Rússia vai substituir Eurovisão por Intervisão?

As difíceis relações entre a Rússia e o ocidente também desempoeiraram velhas divisões que muitos acreditaram ultrapassadas, do tempo Muro de Berlim.
A tal ponto que Moscovo reorganizou, já com um adiamento em Sochi, o seu Festival Intervisão da Canção, uma relíquia da Guerra Fria que foi organizada, com grande sucesso, entre 1977 e 1980, em oposição ao Festival Eurovisão da Canção, mais popular.

Durante a Guerra Fria, o leste e o oeste competiram em tudo. Os aliados ocidentais tinham a NATO, o bloco de Leste, o Pacto de Varsóvia. O ocidente tinha um mercado comum, a União Soviética o Comecon.

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Atualmente, a Rússia é membro da União Europeia de Radiodifusão, o clube das emissoras ocidentais que organizam o evento, e tem o direito de participar no Festival Eurovisão da Canção. Mas os desentendimentos na edição de Copenhaga afastaram os russos por ordem do Kremlin.

A nova divisão foi provocada pela controvérsia gerada pela vitória de Conchita, na edição de 2014. As autoridades de Moscovo não gostaram do triunfo da “drag queen barbuda” e resolveu ter de novo um Festival que não dê espaço à cultura LGBT.

O Festival da Intervisão nasceu em 1961, uma semana depois do lançamento da primeira pedra da construção do Muro de Berlim. Com a divisão física da Europa, os artistas orientais ficaram limitados a cantar nos estaleiros de Gdansk, na Polónia.

Foi o célebre pianista polaco, Wladyslaw Szpilman, que idealizou o Intervisão.

Já era músico, antes da Segunda Guerra Mundial e trabalhava na rádio polaca. Em 23 de setembro de 1939, quando os nazis atacaram Varsóvia, Szpilman executou ao vivo o Noturno de Chopin em C sustenido menor. Foi a última música ao vivo transmitida pela rádio polaca, até o final da guerra.
Décadas mais tarde Szpilman tornou-se famoso graças ao filme “O Pianista”, de Roman Polanski (Palma de Ouro no Festival de Cannes, 2002), que relata a sua fuga da deportação e os meses de sobrevivência ​​na clandestinidade.

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Szpilman considerava que o porto de Danzig não era o melhor lugar para fazer música e, em 1964, fez mudar a organização do evento, para a estância balnear de Sopot, também na Polônia.

A decisão de desafiar o Festival Eurovisão da Canção surgiu em 1970. Foi o diretor da televisão polaca que, perante a grande popularidade do Festival da Eurovisão no ocidente, pretendeu ter um festival próprio da Europa de Leste para usar como ferramenta de propaganda.

Em 1977, a competição foi rebatizada, oficialmente, Festival da Canção Intervisão. Mais do que o nome, o que se pretendeu foi demonstrar ao Ocidente que, no Bloco Comunista, todos podiam cantar e, mesmo, cantar melhor.

Ao contrário do original, no entanto, o Intervisão é realizado no mesmo lugar, na Polónia.

O Intervision não se limitava à União Soviética e aos países satélites. Numa tentativa para superar o Festival da Eurovisão e estabelecer-se como o mais importante festival de música do mundo, a competição foi aberta a artistas comunistas de todo o mundo, incluindo Cuba, mas também à Finlândia, tão determinada em ser neutral na Guerra Fria, que entrava nos festivais dos dois blocos.

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Outra particulariedade do Intervisão era abrir uma janela ao público ocidental: milhões de telespetadores no bloco soviético permaneceram colados à televisão, no intervalo, para ouvir os artistas do ocidente. Gloria Gaynor foi uma das poucas artistas convidadas para Sopot.

A história do Intervisão confunde-se com a do Solidariedade. A primeira greve organizada no estaleiro Lenine, em Gdansk, “foi organizada para coincidir com o festival só para ganhar visibilidade.

Em 1979, quando os Abba venciam o Eurofestival com Waterloo , a russa Alla Pougatcheva refletia os gostos da época, mesmo na roupa – impensável, até ao festival – e ganhava, como num espelho, o certame de Sopot.
frame width=“420” height=“315” src=“https://www.youtube.com/embed/H5nM472emfM” frameborder=“0” allowfullscreen>Depois de 1980 o Intervisão terminou. No ano seguinte, as autoridades polacas declararam a lei marcial.

O Intervisão foi esquecido até à consolidação de Vladimir Putin como todo poderoso no Kremlin.

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