Business Middle East: impacto económico da operação militar no Iémen

Business Middle East: impacto económico da operação militar no Iémen
De  Nelson Pereira
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Bem vindos ao Business Middle East. Nesta edição especial, no nosso estúdio em Bruxelas, vamos debater o conflito no Iémen. Uma operação militar

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Bem vindos ao Business Middle East. Nesta edição especial, no nosso estúdio em Bruxelas, vamos debater o conflito no Iémen.

Uma operação militar chamada “Tempestade Decisiva” foi lançada na passada semana contra as milícias xiitas huthis. Sucedem-se as análises que tentam avaliar o impacto deste conflito na economia local e global.

Para discutir as consequências desta intervenção militar, temos connosco no estúdio Nour Eldeen Al-Hammoury, responsável pela estratégia de mercado da ADS Securities em Abu Dhabi.

Daleen Hassan, euronews:
A região do Golfo é conhecida como uma zona segura para o comércio. Esta imagem pode mudar depois da declaração de guerra?

Nour Eldeen Al-Hammoury:
Não creio que isso se altere. Quando começaram os ataques, houve preocupações,
mas o apoio dos países árabes e da comunidade internacional garantirá a segurança na região face a qualquer ameaça futura.

Daleen Hassan, euronews:
Continuaremos a nossa conversa, mas antes vamos analisar a reação dos mercados financeiros .

Intervenção militar no Iémen: a importância de Bab El-MandedCom o apoio dos países árabes e da comunidade internacional, a Arábia Saudita desencadeou a intervençao no Iémen com o objetivo de defender o regime do Presidente Mansour Hadi.

Nesta operação participaram os países-membros do Conselho de Cooperação do Golfo, com exceção de Omã (Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Qatar, Bahrein e Kuwait) e ainda o Egito, Jordânia, Sudão, Paquistão e Marrocos.

O conflito no Iémen teve efeitos negativos nos mercados financeiros do Médio Oriente e África do Norte, em particular so do Golfo, que encerraram na semana passada com prejuízos.

O mercado do Kuwait encerrou na passada quinta-feira com um prejuízo de 2,42% e o mercado egípcio registou uma queda de 1,59%.

As previsões indicam que este conflito pode despertar receios de consequências negativas e contribuir para que a zona passe a ser considerada instável, abrindo assim a perspectiva de uma fuga de empresas para países mais previsíveis.

Na semana passada, preocupações quanto ao fornecimento de petróleo da Arábia Saudita povocaram uma subida dos preços em 5%. A maior preocupação hoje é a segurança da rota marítima crucial do Estreito de Bab El-Manded. Esta passagem de cerca de 40 kms entre o Iémen e Djibuti, é um ponto de passagem vital para o fornecimento de petróleo à Europa, América e Ásia.

Estima-se que este estreito é utilizado para o transporte de mais de 3 milhões de barris de petróleo por dia.

Daleen Hassan, euronews:
Como vimos, os mercados do Médio Oriente e da África do Norte sofreram o impacto financeiro
da ofensiva liderada pelos sauditas no Iémen. Que efeitos se podem esperar nos mercados árabes?

Nour Eldeen Al-Hammoury :
Há efeitos positivos e negativos. Assistimos a uma resposta rápida do novo rei saudita e foi garantido o apoio da comunidade internacional e dos países árabes.
Se os ataques continuarem por muito tempo, poderão verificar-se efeitos negativos nas reservas. A queda dos preços do petróleo bruto pode levar a uma diminuição das reservas. Porém, a Arábia Saudita dispõe de grandes reservas e acreditamos que este conflito não afetará os mercados regionais nos próximos tempos. A reação positiva à cimeira árabe no Egito permite prever que o sentimento negativo inicial será ultrapassado.

Daleen Hassan, euronews:
Falemos do petróleo. Vários analistas apontaram que a subida dos preços do petróleo tem limites. Que cenários podemos prever?

Nour Eldeen Al-Hammoury :
Apesar da recuperação dos preços do petróleo que temos visto, os cenários são limitados. Os preços podem manter-se numa margem estreita, entre 40 e 60, até à reunião da OPEP em junho, onde pode ser decidido um corte na produção.

Daleen Hassan, euronews:
As opiniões divergem sobre a reação das milícias Huthis, relacionadas principalmente com a passagem de petroleiros no estreito de Bab El-Mandeb. O encerramento do estreito teria efeitos sobre o preço do petróleo?

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Nour Eldeen Al-Hammoury :
Como os mercados estão sobre abastecidos de petróleo, não penso que este conflito tenha consequências de maior. Os mercados começarão a consumir o excedente, se os abastecimentos forem interrompidos. Os preços poderiam aumentar, mas os fornecimentos são protegidos pela Marinha egípcia.
A intervenção vai continuar até o Iémen estar estabilizado, e é por isso que os mercados recuperaram, não só na região, mas em todo o mundo, no início da semana. Não acredito que exista uma ameaça ao abastecimento, por enquanto.

Daleen Hassan, euronews :
Para onde poderá deslocar-se o investimento estrangeiro que decida abandonar os países do Conselho de Cooperação do Golfo?

Nour Eldeen Al-Hammoury:
Como já vimos antes, noutras situações de conflito, o que todos fazem é investir em ativos seguros, como ouro e prata. A onça de ouro atingiu 1220 dólares e a onça de prata ultrapassou os 18 dólares.
Mas esta fuga foi de curta duração. A cimeira da Liga Árabe transmitiu uma mensagem forte, que trouxe de volta os investidores, nos mercados regionais como no mercado global.
Os investimentos permanecerão na região, especialmente porque se espera que a Arábia Saudita comece a aceitar os investidores internacionais, que vão trazer uma entrada de capital importante. As oportunidades vão permanecer na região e na Europa, apesar das tensões no Médio Oriente e na Rússia.

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