AIIB: O novo banco asiático que desafia o FMI

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Neste episódio de Business Middle East, vamo-nos debruçar sobre o novo banco internacional proposto pela China, o Asian Infrastructure Investment

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Neste episódio de Business Middle East, vamo-nos debruçar sobre o novo banco internacional proposto pela China, o Asian Infrastructure Investment Bank (AIIB).

Pequim conseguiu reunir quase seis dezenas de países para criar uma estrutura destinada a financiar projetos no continente asiático. Vários países europeus, incluindo Portugal, vão participar no núcleo de lançamento do banco. Os Estados Unidos mostram-se críticos e decidiram manter-se à margem.

A adesão de grandes potências económicas levantou questões sobre o papel de instituições como o Fundo Monetário Internacional. Há mesmo quem acredite que Pequim vai alterar o equilíbrio de forças no panorama económico. Como é que o FMI está a encarar tudo isto? O nosso correspondente em Washington, Stefan Grobe, preparou uma reportagem.

“São 57 os países que vão trabalhar em conjunto para definir os parâmetros do novo Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas, conhecido como AIIB. A sede é em Pequim e o orçamento inicial é de 50 mil milhões de dólares. O projecto destina-se a fornecer apoio financeiro à construção de estradas, linhas ferroviárias, aeroportos e outras infraestruturas na Ásia. Os membros fundadores vão definir as formas de gestão e de tomada de decisão, sendo que os membros associados também terão uma palavra a dizer.

Há sete países árabes envolvidos: o Egito, como fundador; os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita, a Jordânia, o Omã, e o Kuwait, como associados. Dezassete países da União Europeia quiseram tomar parte, entre eles a França, a Alemanha, o Reino Unido, a Itália e Portugal.

Vários especialistas consideram que o AIIB pode tornar-se um forte adversário do Banco Mundial e do ADB, o Banco Asiático de Desenvolvimento. David Lipton, do FMI, afirma que ‘o mundo inteiro espera que esta instituição seja bem governada, seja orientada de acordo com os altos padrões que são aplicados nas outras instituições financeiras internacionais. Mas isso é algo que ainda tem de ser definido.’

A administração Obama tentou marginalizar o AIIB – mas não conseguiu. No congresso americano, os republicanos opõem-se a um plano de mudanças no FMI que daria mais protagonismo à China. Nos próximos meses, Washington tem de lidar com aquilo que é um desaire diplomático e tentar dar a volta ao texto.”

Daleen Hassan, jornalista da euronews, falou sobre esta questão com Nour Eldeen AL-Hammoury, da ADS Securities, a partir de Abu Dhabi.

euronews: Qual é a importância do AIIB para China e em que medida poderá competir com o FMI e o Banco Mundial?

Nour Eldeen AL-Hammoury: A importância deste banco assenta no financiamento de projetos massivos de desenvolvimento sustentável no continente asiático. O conceito é colmatar o fosso gigantesco que existe em termos de investimentos no setor das infraestruturas. Não será fácil competir com o FMI, mas o capital do novo banco é enorme e pode vir a financiar mais projetos asiáticos do que o FMI.

euronews: Os aliados dos Estados Unidos, sobretudo os europeus, foram muito rápidos em tornar-se membros fundadores. Que leitura se pode fazer disto?

Nour Eldeen AL-Hammoury: O número de países que aderiu ilustra o grau de interesse que existe no mercado asiático e o interesse em que haja uma moeda forte. Os Estados Unidos estão a tentar manter a liderança, mas ao mesmo tempo vemos a China a subir ao topo. O conceito do banco pode provocar a redução da fatia do FMI no continente asiático. Quanto aos países europeus, estão à procura de uma fatia nos investimentos porque querem fortalecer as suas economias que se encontram vulneráveis.

euronews: Como poderá evoluir a moeda chinesa após a implementação do banco?

Nour Eldeen AL-Hammoury: É óbvio que os efeitos serão muito positivos para a China e para toda a região. Ao longo do tempo, é natural que aumente a procura de um yuan chinês forte, o que vai provocar a subida da sua cotação a nível global.

euronews: Há sete países árabes que são membros – o Egito é um dos fundadores. Em que medida pode a região do Médio Oriente e do Norte de África beneficiar?

Nour Eldeen AL-Hammoury: Pode beneficiar através do financiamento de novos projetos infraestruturais. Alguns dos projetos serão levados a cabo nos próprios países fundadores do banco, o que aumenta a possibilidade de haver novos investimentos externos.

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