Os EUA abrandam e o Egito vive polémica na Bolsa

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Neste programa, vamos analisar o quadro económico americano tendo em conta os fracos resultados do primeiro trimestre. No Business Snapshot, falamos

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Neste programa, vamos analisar o quadro económico americano tendo em conta os fracos resultados do primeiro trimestre. No Business Snapshot, falamos do polémico novo imposto sobre os lucros da Bolsa de Valores egípcia.

As expetativas quanto ao crescimento da principal economia mundial tornaram-se bastante mais moderadas, influenciando as perspetivas de retoma. A Reserva Federal dos Estados Unidos mantém a relutância sobre a subida das taxas de juro. O foco centra-se agora no próximo anúncio dos números sobre o desemprego.

O Departamento do Comércio dos Estados Unidos divulgou números que colocam em evidência um abrandamento do crescimento do PIB americano, que avançou apenas 0,2% no primeiro trimestre deste ano. As estimativas situavam uma subida que rondaria o 1%. Há muitos fatores por detrás desta quase estagnação que já provocou quedas nos investimentos na ordem dos 22%. A valorização do dólar afetou negativamente as trocas comerciais, gerando uma descida de mais de 7% nas exportações. O mau tempo que atingiu várias partes do país também ajuda a compreender este contexto.

No entanto, a Reserva Federal decidiu manter congeladas as taxas de juro e não mencionou a eventualidade de subidas nem no início, nem no fim do verão.

Apesar de tudo, as previsões para o segundo trimestre são um pouco mais sorridentes, embora não apresentem a solidez pretendida.

A jornalista da euronews Daleen Hassan explorou este tema com Nour Eldeen Al-Hammoury, da ADS Securities, em Abu Dhabi.

Daleen Hassan, euronews: O crescimento não foi o esperado; as previsões para o segundo trimestre são inferiores… O que é que aconteceu em relação ao ano passado? Nour Eldeen Al-Hammoury: Os inventários dos produtos americanos aumentaram para níveis recorde. As vendas diminuíram significativamente no primeiro trimestre e o dólar continuou a subir. Tudo isto mostrou que a economia americana pode vir a retrair-se ainda mais nos próximos meses. É um cenário que não tem comparação com o que aconteceu no ano passado, quando a economia recuou antes de avançar. É crucial acompanhar cada dado económico publicado a partir de agora. Daleen Hassan, euronews: A Fed não anunciou nada de novo. No final da semana serão publicados os números do emprego. Até que ponto podem influenciar a Fed para subir as taxas de juro? Nour Eldeen Al-Hammoury: Os números do emprego são fundamentais para a Reserva Federal. No último anúncio que fez, o banco central afirmou que uma subida das taxas seria adequada em caso de melhorias no mercado laboral. Se a economia produzisse mais 200 mil empregos em abril, por exemplo, isso poderia reforçar as especulações em torno de uma subida em junho. Números negativos reduzem as expetativas de qualquer subida que seja em junho. Daleen Hassan, euronews: Que influências têm os últimos dados sobre o dólar? Nour Eldeen Al-Hammoury: Até agora, o dólar tem sofrido pressão por causa dos fracos resultados económicos. Se continuar a tendência negativa, o dólar vai permanecer sob pressão durante os próximos meses. Se os números do emprego forem positivos, isso pode aliviar ligeiramente o declínio e o dólar pode vir a recuperar. No Egito, os investidores e empresários confessam-se em estado de choque depois de ter sido imposta uma nova taxa que atinge os dividendos do mercado de capitais. O Ministério das Finanças egípcio encontra-se sob fortes críticas que estão a provocar mesmo uma crise no setor financeiro do país.

Foi uma iniciativa generalizada – a Associação Egípcia de Investidores, gestores, empresários, investidores particulares… Todos se uniram para abrir um processo na justiça, exigindo a mudança da lei que impõe uma taxa sobre os lucros bolsistas. O presidente da Bolsa do Cairo, Mohammed Omran, realçou que o mercado se tem ressentido negativamente por causa da nova taxa e da falta de clareza em torno do enquadramento legal para a sua aplicação. Omran afirma que o primeiro trimestre deste ano foi o pior na bolsa de valores egípcia desde o início da crise financeira global em 2008.

No final de abril, o índice EGX 30 caiu para perto dos 8000 pontos, quando em fevereiro tinha atingido o pico dos 10000. Os analistas salientam que as perdas têm a ver não só com o novo imposto, mas também com a forma como ele é implementado e aplicado a investidores estrangeiros, sobretudo porque o Egito tem tentado multiplicar mecanismos para atrair dinheiro do exterior.

Daleen Hassan, euronews: As quedas sofridas pela Bolsa de Valores egípcia e o debate sobre o novo imposto pode mesmo afetar a confiança dos investidores? Nour Eldeen Al-Hammoury: Apesar das quedas recentes, não acredito que vá haver mudanças no panorama geral. É preciso não esquecer que a cimeira económica no Egito demonstrou claramente o grau de confiança que os outros países têm no Cairo, pelo menos no que diz respeito à vertente económica. Creio que as quedas atuais vão ser de curta duração. São motivadas pela nova lei fiscal. Acho que estamos a assistir a um reposicionamento saudável do sistema antes de retomar a normalidade.

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