Os ambientalistas perderam a batalha: a Shell recebeu autorização do governo norte-americano para, sob certas condições, fazer prospeções no Ártico, ao largo do Alasca.
Os ambientalistas perderam a batalha: a Shell recebeu autorização do governo norte-americano para, sob certas condições, fazer prospeções no Ártico, ao largo do Alasca. A petrolífera anglo-holandesa quer perfurar seis poços no mar de Chukchi com dois navios que também podem tentar estancar fugas no caso de um acidente. A prospeção pode arrancar no verão se até lá a companhia conseguir as autorizações que ainda faltam, mas que não são difíceis de obter.
A decisão do governo norte-americano provocou a cólera dos ecologistas, que têm tentado travar o processo. No inicio de abril, quando era rebocada para Seattle antes de ser alugada à Shell para a prospeção no Ártico, a plataforma de perfuração petrolífera Polar Pioneer foi alvo de uma abordagem no Pacífico por membros da Greenpeace.
Os ambientalistas criticam a administração Obama por ter “dado luz verde à Shell para iniciar a prospeção no Ártico apesar de o governo dos Estados Unidos admitir que há uma probabilidade de 75% de um derrame de petróleo no mar de Chukchi se a produção arrancar”, refere Laura Kenyon, da Greenpeace,
Estima-se que o Oceano Ártico contenha 20% das reservas mundiais de gás e petróleo não-provadas e que 34.000 milhões de barris de petróleo se encontrarão em águas norte-americanas.
Mas o Ártico é um ecossistema extremamente sensível por causa do clima, da fauna e das populações autóctones que dependem dos recursos naturais não poluídos.
Barrow, a cidade mais ao norte do Alasca, onde o mar não congela durante 8 meses, é habitada por esquimós inuítes, um povo que vive da caça à baleia e que está contra a prospeção por causa dos riscos que ela implica:
“Um pequeno pedaço de gelo pode entupir os aspiradores de vácuo que utilizam para sugar o petróleo. Os metais tornam-se mais frágeis neste ambiente. Quando está muito frio as coisas partem-se mais facilmente. As baleias são extremamente sensíveis, conseguem sentir a poluição nas águas e irão evitar esta área se ela for contaminada”, explica uma local.
Em 2012, a Shell realizou as primeiras prospeções nas águas do Alasca, mas teve de suspender os trabalhos depois de problemas com um navio. No ano seguinte, teve de evacuar a plataforma Kulluck, que andou vários dias à deriva nas turbulentas águas do Ártico. Estes incidentes servem de argumento aos ecologistas para dizer que a Shell não tem a tecnologia para levar a cabo o seu projeto sem colocar em risco o ambiente.