Foi aqui, nesta central elétrica em Clichy-sous-Bois, nos arredores de Paris que, em outubro de 2005, dois adolescentes morreram eletrocutados. Os
Foi aqui, nesta central elétrica em Clichy-sous-Bois, nos arredores de Paris que, em outubro de 2005, dois adolescentes morreram eletrocutados. Os jovens fugiam da polícia que realizava uma operação na zona.
Zyed Benna, de 17 anos, e Bouna Traoré, de 15, esconderam-se com outro amigo na central elétrica.
Uma década depois as famílias dos dois jovens reclamam de um sistema de justiça demorado e desigual.
“Esperamos 10 anos para ouvir o que a polícia tem a dizer, para saber a verdade”, afirma Adel Benna, irmão de Zyed.
A morte dos dois adolescentes gerou uma onda de violentas manifestações, nos subúrbios da capital francesa e um pouco por todo o país.
Durante três semanas o país da Liberdade, Igualdade e Fraternidade viveu em sobressalto. Milhares de automóveis foram incendiados, em 200 cidades de França.
Milhares de jovens provenientes das classes mais desfavorecidas manifestaram-se contra o desemprego e a exclusão social.
O escalar da violência levou a que o governo de Paris declarasse o Estado de emergência, a 8 de novembro, pela voz do então ministro do Interior, Nicolas Sarkozy. “Vou apresentar ao primeiro-ministro um decreto simples para a aplicação da lei de 1955, mas é uma decisão de princípio. Vamos assegurar como e medir a evolução dos eventos e a sua aplicação direcionada.”
No início deste ano, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, reconheceu a existência de sentimentos de alienação nos subúrbios. Disse, ainda, que existe, em França, uma “espécie de apartheid social e étnico”.
10 anos depois Clichy-sous-Bois melhorou mas o desemprego afeta cerca de 20 por cento da população, o dobro da média nacional. Há bairros onde cerca de 40 por cento da população não tem trabalho.
Em janeiro Valls afirmou que a França não pode tolerar a “guetização”.