O escândalo de corrupção que se abateu sobre a FIFA esta quarta-feira vai marcar a entidade por muito tempo. De acordo com a justiça americana, os 14
O escândalo de corrupção que se abateu sobre a FIFA esta quarta-feira vai marcar a entidade por muito tempo. De acordo com a justiça americana, os 14 acusados sequestraram o futebol. Entre os sete detidos contam-se vários ex-vice-presidentes da FIFA. Por agora os montantes envolvidos rondam os 150 milhões de dólares. A investigação promete continuar.
Os patrocinadores seguem atentamente a situação e reclamam transparência. A atribuição dos mundiais de futebol de 2018, à Rússia, e de 2022, ao Qatar, também estão a ser investigados pela justiça helvética.
O suíço Sepp Blater, eleito pela primeira vez para a presidência da FIFA em 1998, tenta passar entre os pingos da chuva. Candidato à reeleição esta sexta-feira, o homem-forte do futebol mundial não desiste da candidatura apesar das pressões.
Acusações contra a FIFA não são uma surpresa
Robert Barrington, da Transparency Internacional – uma organização de luta contra a corrupção mundial, responde às perguntas da euronews sobre o escândalo de corrupção que atinge a FIFA.
Como reage à decisão dos EUA e das autoridades suíças de deter responsáveis da FIFA numa operação bem planeada que visa a cúpula da organização?
Reajo de várias formas, primeiro, não se trata de uma verdadeira surpresa pois há algum tempo que a FIFA é alvo de várias alegações de corrupção, e em segundo lugar, penso que já era tempo. Porque é que demoraram tanto tempo?
Pensa que se trata de uma investigação com motivações políticas, nomeadamente a investigação ao campeonato do mundo de 2018 na Rússia?
É tentador especular sobre uma ligação com a Rússia, em particular quando o presidente Putin defendeu em público Sepp Blatter. Mas tanto quanto sei, estas investigações iniciaram-se há alguns anos, antes das fricções geopolíticas entre a Rússia e o resto do mundo. Não tenho a certeza de que seja essa a motivação deste inquérito.
O que vai acontecer agora com a FIFA e com o seu presidente Sepp Blatter?
Bem, com outras organizações é mais fácil de prever o que acontece após um caso deste tipo, uma investigação por corrupção à escala mundial, em particular liderada pelas autoridades norte-americanas. Em geral, os dirigentes expressam o seu arrependimento, algumas vezes a direção pede-lhes que abandonem o cargo, leva-se a cabo uma investigação completa apoiada pelos próprios que acaba com gente na cadeia e grandes multas. Mas, no entanto, a FIFA vive no mundo da “Alice no País das Maravilhas” onde é difícil prever o que vai acontecer. Sabemos o que deveria acontecer, mas o que vai acontecer é outra questão.
Como é possível que uma organização desportiva possa tornar-se tão poderosa, dominar negociações e influenciar a ação de governos?
A FIFA foi bastante notável neste campo, conseguiu acumular muita influência ao longo do mundo e a resposta mais simples é: por causa do dinheiro. E há muito dinheiro em torno do futebol. Os governos são tentados a envolver-se por causa do prestígio nacional e, claro, trata-se de um dos desportos mais populares do mundo. A combinação entre dinheiro e popularidade é muito tentadora para muitos governos.
O mundo era um lugar melhor para viver há 24 horas atrás?
Pois eu acho que é um lugar ligeiramente melhor. Penso que será um local muito melhor quando todos os responsáveis por este tipo de corrupção forem julgados e quando a FIFA se tornar numa organização reestruturada e quando o futebol mundial, como qualquer outro desporto, estiver nas mãos de pessoas que defendem o interesse da competição e não os seus próprios interesses financeiros.