A vida secreta das plantas

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Como ajudar as raízes das plantas a encontrar mais facilmente água e nutrientes? É um robô que nos dá a resposta, um aparelho faz parte de um sistema

Como ajudar as raízes das plantas a encontrar mais facilmente água e nutrientes? É um robô que nos dá a resposta, um aparelho faz parte de um sistema complexo criado para ajudar a desenvolver, entre outros, o cultivo de trigo. Foram recolhidas amostras deste cereal produzido em solos com diferentes índices de água e nutrientes que depois foram analisadas por tomografia computorizada.

“Ao longo de dez mil anos, o cultivo era gerido através da observação da parte superior das plantas. Mas nós olhamos para as raízes porque queremos que as plantas utilizem os nutrientes e a água de forma mais eficaz. Queremos revelar o seu lado escondido”, afirma Malcolm Bennett, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.

Os cientistas desta universidade recorrem a scanners, semelhantes aos da imagiologia médica, para seguir o desenvolvimento das raízes de diferentes espécies de plantas. É um pouco como retraçar a sua arquitetura. As imagens recolhidas pelos scanners permitem criar modelos que reproduzem as condições de crescimento em terrenos com diferentes graus de humidade.

Tony Pridmore, especialista em Informática, explica que “há várias raízes numa só imagem. Tentamos separá-las, de forma a compreender como é que elas interagem debaixo de terra. Estudamos o crescimento da raiz através de uma sequência de imagens. Assim podemos detetar onde está a água, as bolsas de ar, e analisar as interações entre a estrutura do solo e o desenvolvimento da raiz.”

Os investigadores, que participam num projeto científico europeu, confirmam que a forma das raízes está diretamente relacionada com a capacidade de captar os elementos essenciais. E lançam outras pistas.

“Descobrimos que, se o nível de humidade for reduzido, as raízes laterais não crescem tanto como quando estão em presença de níveis mais elevados. As imagens permitem-nos entender como é que as raízes se desenvolvem do ponto de vista celular. Podemos integrar esses dados nos mecanismos moleculares, e ter uma perspetiva mais completa para melhorar o cultivo em solos com pouca humidade”, declara o cientista Craig Sturrock.

A identificação dos genes que controlam a capacidade de absorção de água e de outros elementos pode multiplicar a eficiência de diferentes tipos de cultivo. A microbióloga Stephanie Smith realça que “a auxina, que é uma hormona vegetal, tem um papel muito importante na forma como as raízes se desenvolvem, se ficam mais estreitas e longas ou se geram ramificações mais largas. Mas queremos saber mais. Como é que os nutrientes são recolhidos do solo? Como é que a água é absorvida pela raiz?”

Os cientistas defendem que esta pesquisa pode ajudar a proteger a atividade agrícola em geral. “Hoje em dia, as plantas absorvem cerca de 40% dos fertilizantes que são utilizados. Ou seja, muito do fertilizante fica na terra e polui as águas subterrâneas. Aquilo que podemos tentar fazer é reduzir a quantidade de nutrientes perdida e aumentar a quantidade que é absorvida pelas plantas”, remata Malcolm Bennett.

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