Pobreza envergonhada na Hungria

Pobreza envergonhada na Hungria
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Nem todas as crianças têm acesso a refeições completas fora dos jardins de infância na Hungria. O país não forneceu estatísticas oficiais sobre a

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Nem todas as crianças têm acesso a refeições completas fora dos jardins de infância na Hungria. O país não forneceu estatísticas oficiais sobre a pobreza, em relação ao ano passado, por alegada falta de meios, mas o Eurostat e outros organismos publicaram relatórios: entre 2009 e 2013, a percentagem de pessoas em situação de pobreza passou de 20,3% para 26,8%. Em 2014, 42,2% das crianças com menos de 7 anos sofreram privações graves.

Mária Herczog, presidente do Eurochild: – A partir de 2008, o Estado deixou de aumentar os abonos familiares, pensões e subsídios, em geral, o que conduziu a esta trágica situação . Cada vez há menos pessoas a usufruirem de subsídios e há cada vez mais medidas contra os mais desfavorecidos. As decisões políticas castigam sempre os mais pobres, as suas condições de vida deterioram-se cada vez mais. A euronews esteve com duas famílias que vivem no limiar da pobreza na Hungria rural. Vivem com o equivalente a 50 euros por mês, com os quais têm de alimentar um agregado de quatro pessoas. Podem não viver à fome, mas não se alimentam convenientemente.

Mária Papp, divorciada, mãe de dois filhos: - Quando as minhas filhas começaram a ir para a creche, passavam mais tempo em casa, doentes; só iam dois ou três dias, com sorte uma semana, depois recaiam. Esta primavera passaram nove semanas doentes em casa. A Biborka tem intolerância à lactose, pelo que necessita de produtos específicos para bebés que custam 12 euros para cinco días. O abono dá-me um euro e meio ou nada.

O Fundo Especial de Alimentação Infantil criou o programa da Farmácia dos Pobres, em outubro passado, em Bátmonostor, uma pequena aldeia fronteiriça no sul da Hungria. A partir de julho, as aldeias com 1500 a 3000 residentes com um médico generalista e farmácia, podem solicitar uma ajuda mensal de 320 euros para leite materno e medicamentos, como explica Gábor Király, presidente do Fundo:

- O Programa Farmácia para os Pobres é muito simples. Damos o dinehiro aos médicos para comprarem os remédios para as crianças, ou para as mulheres grávidas sme poder de compra para os medicamentos. A farmácia pode, assim, fornecer o medicamento prescrito ao paciente.

Magdolna Gyulai, coordena o programa de Farmácia em Bátmonostor. Garante que os mais necessitados preferem esconder as necessidades e hesitam bastante antes de procurar ajuda:

- A maioria das pessoas tem vergonha, prefere esconder a impossibilidade de comprar os medicamentos receitados aos filhos, pois os filhos são o mais importante. “Se não lhes podemos dar nada é porque não somos suficientemente bons”, é o que pensam os pais. As crianças que passam fome, podem ter um peso aceitável, mas têm mais dificuldades de aprendizagem, são mais lentas na hora de resolver problemas aritméticos, demoram mais tempo a aprender a ler. Muitas vezes, a razão disso é a inanição. Quando falamos com os pais temos de averiguar a verdade, quando dizem coisas como “não tenho tempo para lhe dar o pequeno-almoço” e, na relaidade, não teêm nada para lhes dar.

*Izabella Benedek

- Os mais pequenos não se apercebem muito dos problemas, ou acham que têm que chegue ou não compreendem.
É aos mais velhos que temos de explicar a nossa pena, não termos dinheiro suficiente para comprar isto ou aquilo. , talvez mais tarde, se conseguirmos.*

O responsável do governo húngaro Ministro vai atribuir, este verão, um orçamento de 9,5 milhões de euros para as refeições infantis
de famílias sem meios, mas o problemas continua lá.

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