WikiLeaks denuncia escutas a dirigentes europeus

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Os Estados Unidos espiaram, entre 2006 e 2012, os três últimos presidentes franceses – Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande – de

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Os Estados Unidos espiaram, entre 2006 e 2012, os três últimos presidentes franceses – Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande – de acordo com documentos da WikiLeaks, revelados esta terça-feira pelo jornal “Libération” e pelo site Mediapart.

Classificados como “Top-Secret”, os papéis consistem, principalmente, em cinco relatórios da Agência de Segurança Nacional (NSA) baseados em “interceções de comunicação”.
De acordo com o “Libération”, os documentos eram destinados à “comunidade de Inteligência” americana.
Sem grandes revelações, o material explica o funcionamento e o processo de tomada de decisões de Hollande e dos antecessores.

As acusações referem-se a escutas de telefonemas privados de Nicolas Sarkozy nos quais ele critica o governo de Washington pelos erros no combate à crise económica, mas reconhece ter acabado por acatar os seus bons conselhos. A conversa foi registada em 2008, no auge da crise dos créditos hipotecários.

Outra conversa privada revelada data de 2011, quando o antigo presidente francês tentava relançar diretamente as discussões de paz no Médio Oriente, sem informar os Estados Unidos, mas com o então presidente russo Dimitri Medvedev.

As escutas aos presidentes continuaram com François Hollande.

Em maio de 2012, segundo a WikiLeaks, Hollande organizou uma reunião secreta, em Paris, sem informar a chanceler Angela Merkel, com a oposição alemã, sobre as consequências de uma possível saída da Grécia da zona euro. Nessa reunião, segundo a mesma fonte, Hollande ter-se-à queixado da intransigência de Merkel.

Enquanto o Eliseu prepara o contra-ataque, a vaga de caricaturas coloca em causa a importância internacional da presidência francesa…

Há dois anos, Merkel também esteve sob escuta dos americanos, assim como todos os altos funcionários do Estado alemão.

Ned Price, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, declarou apenas que não faz comentários sobre alegações específicas relacionadas com a Informação Classificada.

Sophie Desjardins – Falamos com François Bonnet, fundador da Mediapart e do Frenchleaks, lançado em 2011.

Em colaboração com o jornal Libération acabou de tornar públicos documentos que se são uma pedrada no charco. Documentos classificados como “Top Secret” que revelam que os americanos espiaram três presidentes franceses.

Como acedeu a esses documentos?

François Bonnet – Temos uma parceria de longa data com o Wikileaks. Fomos um dos primeiros medias em França a apoiar o lançador de alertas de Julian Assange.

De que se trata? De uma forma totalmente ilegal, segundo os tratados internacionais, os Estados Unidos espiaram massivamente governos e poderes estrangeiros, incluindo um dos seus melhores aliados, neste caso, o poder francês.

E não foi durante uma crise. Não, foi durante um longo período.
Ao longo de um decénio foi montado um mecanismo de vigilância, de escutas telefónicas, de interceção de todas a comunicações eletrónicas, não só dos presidentes da República, Chirac, Hollande e Sarkozy, mas também de altos funcionários, de diretores da administração, de diretores de empresas, de conselheiros dos gabinetes ministeriais. É aí que tudo isso assume as dimensões de uma crise maior.

Sophie Desjardins – Publicou tudo, ou ainda nos reserva mais surpresas?

F.B. – Como se trata de documentos importantes, que eu diria que falam de histórias diferentes de vigilância, de histórias de espionagem, vamos publicá-los em várias tranches, para termos tempo de cada vez analisar o alcance desses documentos.

S.D. – O que nos dizem, o que nos dão a conhecer esses documentos sobre as relações dos americanos com os seus aliados?

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F.B. – Dão-nos a conhecer que é tudo o mesmo. A desconfiança está na base das relações entre aliados.

S.D. – Mas isso não é novo!

F.B. – Não é novo, mas a esta escala, é. É necessário ver que os erros da NSA e também da CIA provocaram uma mancha na imagem dos Estados Unidos, enquanto um grande país democrático. Ou seja, quando os Estados Unidos queriam proteger-se com sistemas de vigilância incrivelmente sofisticados e organizados, esses sistemas na verdade não os protegeram. Essa é a primeira constatação. A segunda, é que esses sistemas estão a destruir a imagem dos Estados Unidos, como potência democrática.

S.D. – Uma palavra sobre Julian Assange… Ele continua ativo e aos comandos a partir da embaixada do Equador na Grã-Bretanha?

F.B. – O Julian Assange está sempre muito ativo. Gostaria de sublinhar a vida completamente insuportável que ele tem há três anos: Julian Assange vive recluso num pequeno quarto da embaixada do Equador em Londres, de onde não pode sair sob pena de ser preso de imediato. Edward Snowden, vive na Rússia. Acho que a grandeza da França seria conceder o direito de asilo a Assange e Snowden.

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S.D. – Há quem esteja a propor isso atualmente!

F.B. – Cada vez há mais pessoas em França a fazer essa proposta, porque eles lutam pela nossa liberdade. Por isso acho indispensável que a França ou outros países europeus concedam asilo político a Assange e Snowden.

S.D. – Obrigada. François Bonnet, chefe de redação da Mediapart.

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