Os artistas querem continuar a participar na definição do mundo, mas, com a pintura a óleo não é possível acompanhar a recriação e configuração do mundo que é feita pelos técnicos, pelos políticos e p
O evento ‘Globale’ em Karlsruhe, na Alemanha, celebra a arte digital e o impacto da máquina na criação artística.
A exposição pretende ser um espaço de reflexão sobre o papel do homem enquanto criador, num mundo moldado pela tecnologia e pela ciência.
“A arte digital é o ponto culminante da arte. Graças às máquinas, criamos um mundo novo. Os artistas querem continuar a participar na definição do mundo, mas, com a pintura a óleo não é possível acompanhar a recriação e configuração do mundo que é feita pelos técnicos, pelos políticos e pelos engenheiros. A criação é um elemento essencial para os artistas”, explicou Peter Weibel, o comissário do evento.
Na primeira semana, os organizadores conceberam uma sessão de tribunal para julgar o legado do século XX, marcado por guerras, genocídios e migrações forçadas.
Uma das instalações que mais fascina o público gira em torno de uma nuvem. As pessoas podem passar pela nuvem e tocá-la. O projeto foi concebido pelo engenheiro alemão Matthias Schuler, em colaboração com o arquiteto japonês Tetsuo Kondo.
“Durante a inauguração muitas pessoas destruiam a nuvem, havia imensos remoinhos, o que fez descer a nuvem. Isso significa que temos de ser muito mais cuidadosos com a natureza porque a natureza protege-nos e se a destruirmos é como cometer suícido”, frisou Matthias Schuler.
A instalação do compositor japonês Ryoji Ikeda, “Micro- macro” foi desenvolvida durante uma residência no CERN, a organização europeia para a pesquisa nuclear. Imagens matemáticas e físicas foram sincronizadas com sons.
A exposição “Globale” coincide com a celebração dos trezentos anos da cidade de Karlsruhe.
Para assinalar a data, um coletivo de Budapeste foi convidado a projetar imagens em edifícios.
“A equipa húngara domina a arte dos efeitos 3D abstratos. A nossa mente consegue mesmo voar”, considerou Tamás Vaspöri, gestor do projeto.
“Cada artista de ‘video mapping’ tem o seu próprio estilo. Para nós, o mais importante é estar próximo da música. A animação tem de ser estar ligada à música. Tentamos ao máximo adaptarmo-nos de forma precisa à arquitetura do edifício”, frisou Anrdás Sass, responsável artístico do projeto.
A criação de Johan Lorbeer maravilhou os visitantes. O artista alemão fica, literalmente, suspenso no ar!
“Concebo vários perfomances que lidam com a ideia de gravidade e anti-gravidade. Continuo a ficar surpreendido com a forma como as pessoas reagem. Basta alterar um elemento e tudo muda. Sou uma pessoa normal mas não estou no chão e sou um pouco maior do que o normal. Só por isso torna-se espetacular”, sublinhou o artista.
O artista argentino Leandro Erhlich colocou uma casa inteira no ar!
“O que mais me influenciou foi o facto de eu ter crescido no seio de uma família de arquitetos. O que mais me interessa é criar arte em locais pouco comuns. Gosto de arte nos espaços públicos onde as pessoas possam propor a sua própria interpretação da arte”, disse Leandro Erlich.
A “Globale” pode ser visitada em Karlsruhe, até ao mês de abril.