Grécia: Controlo de capitais não deve acabar tão cedo

Grécia: Controlo de capitais não deve acabar tão cedo
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Os bancos até podem reabrir na terça-feira, 7 de julho, mas o controlo de capitais na Grécia deve estar para durar, pelo menos foi isso que aconteceu no passado recente.

No domingo, 28 de junho, quando anunciou as medidas de emergência – encerramento dos bancos durante uma semana e imposição de restrições aos movimentos de capitais – o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, colocou as culpas no Eurogrupo:

“Esta decisão do Eurogrupo (de não prolongar o programa de resgate) levou o Banco Central Europeu (BCE) a não aumentar a liquidez para os bancos gregos e obrigou o Banco da Grécia a avançar com medidas, incluindo o encerramento temporário dos bancos e a imposição de restrições aos levantamentos”.

60 euros por dia, por cartão e por conta é o máximo que os gregos podem levantar. A limitação não se aplica aos turistas, mas é preciso que encontrem caixas multibanco com dinheiro disponível, uma missão hercúlea neste momento.

O controlo de capitais é particularmente penalizante na Grécia, um país onde o uso de cartões não é generalizado, em especial entre a população mais velha/idosa.

Já há algum tempo que os gregos suspeitavam que o controlo de capitais viesse a ser imposto.

Só este ano, a corrida aos bancos fez desaparecer das contas, este ano, à volta de 40 mil milhões de euros, cerca de 1/4 (25%) dos depósitos na Grécia, segundo a agência Reuters.

À razia não será estranha a proximidade com Chipre, o primeiro país da União Europeia a impor o controlo de capitais na sequência da crise financeira de 2008.

Em março de 2013, os bancos fecharam apenas 12 dias. Mas, a limitação nos levantamentos a 300 euros por dia prolongou-se por um ano.

O controlo de capitais, que também inclui as transferências para o estrangeiro, acabou por durar dois anos e quem tinha depósitos superiores a 100 mil euros sofreu grandes perdas em troca do programa de resgate da troika (FMI, Comissão Europeia, BCE)

Antes de Chipre, tinha sido a Islândia, em 2008 – pouco depois de a crise rebentar – a impor um controlo de capitais, que só começou a ser aliviado em junho de 2015.

Ainda neste século, são muitos os que se recordam da crise da dívida na Argentina. Em dezembro de 2001, os depósitos foram congelados e os levantamentos foram limitados a 250 dólares por semana. As restrições prolongaram-se até dezembro do ano seguinte.

Indignado, o povo reagiu de forma violenta nas ruas e, ainda em dezembro de 2001, no dia 20, o presidente Fernando de la Rúa acabou por demitir-se, mergulhando a Argentina numa crise ainda mais profunda. É o que se teme que aconteça agora na Grécia.

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