NYT revela práticas de trabalho controversas na sede da Amazon

NYT revela práticas de trabalho controversas na sede da Amazon
De  Euronews com NYT
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Num longo artigo publicado no domingo, resultado de uma investigação realizada por uma equipa de jornalistas, o norte-americano New York Times revela

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Num longo artigo publicado no domingo, resultado de uma investigação realizada por uma equipa de jornalistas, o norte-americano New York Times revela as duras práticas de trabalho na sede do gigante Amazon, em Seattle. O artigo centra-se sobretudo nas condições dos trabalhadores de “colarinho branco”, empurrados até ao limite por práticas que alimentam uma viva controvérsia.

Não é a primeira vez que o gigante das compras através da internet é criticado pelas condições oferecidas aos trabalhadores. No passado, outros jornalistas chegaram mesmo a infiltrarar-se nos armazéns da empresa para testar as condições na primeira pessoa.

Entre as práticas da Amazon alvo de controvérsia descritas no artigo do New York Times:

Sistema de “feedback” secreto

Os trabalhadores recebem instruções para enviar, através de uma ferramenta simples e em segredo total, reações acerca do trabalho dos colegas aos superiores. Um sistema que, segundo muitos, é usado para sabotar aqueles colegas com os quais existem más relações.

As 14 “regras sagradas”

Os trabalhadores de “colarinho branco” que entram na empresa recebem folhas laminadas com os 14 princípios da Amazon. Mais tarde são interrogados e, se tiverem memorizado todos, recebem um prémio virtual.

Frugalidade acima de tudo

Entre os 14 princípios, está a frugalidade, que deve ser assimilada ao máximo na amazon: em muitos casos, os trabalhadores pagam os próprios telemóveis profissionais e as despesas de deslocação.

Pela noite dentro

O NYT diz que vários trabalhadores se queixam de recebem emails “depois da meia-noite, seguidos de mensagens nos telemóveis a perguntar por que razão é que ainda não responderam”.

Competição secreta

Noutro caso citado no artigo, o fundador e diretor-executivo da Amazon, Jeff Bezos, pôs duas equipas a trabalhar no mesmo projeto, com a segunda a recorrer a uma tecnologia alternativa, sem o conhecimento da primeira equipa.

O desacordo é crucial

Segundo o NYT, Bezos acredita que a harmonia é demasiado valorizada no local de trabalho. Por isso, o “princípio 13” diz que os trabalhadores devem “discordar e empenhar-se” ou, na análise do New York Times, “esquartilhar as ideias dos colegas, com ‘feedback’ direto ao ponto de ser doloroso, antes de se alinharem numa decisão”.

Num email enviado ao NYT, o vice-presidente de Recursos Humanos da Amazon, Tony Galbato, diz: “Queremos chegar sempre à resposta certa. Seria certamente muito mais fácile socialmente coeso chegar a um compromisso e não debater, mas isso poderia conduzir à decisão errada.”

Sentimentos à flor da pele

Na Amazon, os nervos de muitos empregados não aguentam: “Sai-se de uma sala de conferência e vê-se um homem adulto a cobrir a cara”, disse ao NYT Bo Olson, que trabalhou menos de dois anos no departamento comercial da empresa, acrescentando: “Vi quase todas as pessoas com que trabalhei a chorar nos seus postos.”

Falta de empatia

O artigo do New York Times indica que empregados que sofreram de cancro e crises pessoais, bem como trabalhadores que tiveram, por exemplo, abortos espontâneos, foram criticados por terem um desempenho reduzido e mesmo ameaçados com o chamado “plano de melhoria de desempenho”, um passo a caminho da porta de saída da empresa.

A reação do diretor-executivo da Amazon

A Amazon reagiu ao artigo de investigação do NYT: Bezos escreveu um memorando onde encoraja os seus empregados a lerem a peça do New York Times e oferece uma resposta, da parte de um “membro da família Amazon”.

Nas palavras de Bezos: “O artigo do NYT destaca anedota que descrevem práticas de gestão chocantes e insensíveis, incluindo pessoas que são tratadas sem qualquer empatia, ao mesmo tempo que sofrem de tragédias familiares ou problemas de saúde sérios. O artigo não descreve a Amazon que conheço […] Mesmo se forem casos raros e isolados, temos de ter tolerância zero face à falta de empatia […] Diz que a nossa abordagem intencional é criar um local de trabalho distópico e sem alma, onde não há alegria, nem se ouvem risos. Mais uma vez, não reconheço essa Amazon e espero que vocês também não. […] Acredito vivamente que qualquer pessoa que trabalhe numa companhia como a que é descrita pelo NYT é louco, se decide continuar. Eu sei que sairia dessa empresa.”

NOTA: o New York Times tem como principal concorrente o Washington Post, propriedade do fundador e diretor-executivo da Amazon, Jeff Bezos.

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