Crise migratória: "O Conselho de Segurança da ONU mostrou-se completamente inútil"

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A crise migratória na Europa continua a agravar-se, sem qualquer solução à vista. Os líderes da União Europeia continuam sem consenso sobre como

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A crise migratória na Europa continua a agravar-se, sem qualquer solução à vista.

Os líderes da União Europeia continuam sem consenso sobre como resolver esta vaga crescente de migrantes e refugiados.

O alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, António Guterres, apelou à distribuição de pelo menos 200 mil refugiados, pelos Estados-membros, 80 mil mais do que os propostos pela Comissão Europeia.

Jean-Claude Juncker pediu, aos parceiros europeus, que dividam, entre si, os 120 mil refugiados que se encontram na Hungria, Grécia e Itália.

Enquanto a Europa não decide, milhares de pessoas continuam a arriscar a vida para chegar ao Velho Continente. O mundo ficou chocado com a morte, por afogamento, do pequeno menino sírio, Aylan.

Para discutir uma das maiores crises humanitárias do pós-Segunda Guerra Mundial, temos Metin Çorabatır, presidente do Centro de Pesquisa sobre Asilo e Migrações, em Ancara, na Turquia.

Gizem Adal, euronews: A foto do pequeno sírio Aylan Kurdi, morto na praia de Bodrum, suscitou emoção e indignação no mundo inteiro. Depois de todos os recentes acontecimentos movimentados, pensa que as autoridades vão finalmente agir e tomar medidas concretas?

Metin Çorabatır: “Espero que sim. Esperemos que esta dor não fique só nos corações das pessoas, mas também nas mesas de reuniões dos decisores políticos, para que encontrem uma solução permanente. Têm de procurar uma solução séria no que toca aos Direitos Humanos, aos direitos dos refugiados e, em primeiro lugar, focar-se na cooperação internacional.”

e: Durante vários anos, foi porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Na sua qualidade de perito nesta questão, o que devem fazer a Europa e o resto do mundo? Qual é a solução mais conveniente?

MÇ: “O maior fardo está nas mãos dos países vizinhos da Síria, como a Turquia, o Líbano e a Jordânia. Só a Turquia acolhe, há muito tempo, metade dos quatro milhões de refugiados sírios. Isso cria tensões económicas e sociais. É um fardo enorme e nenhum país, por muito grande e rico que seja, pode lidar com isto. Já se olharmos para os países europeus vemos, por exemplo, que o Reino Unido só aceitou 216 pedidos de asilo por parte de sírios. Mas esses números podem ser enganosos. Segundo um relatório das Nações Unidas do ano passado, a União Europeia aceitou 890 mil pedidos de asilo… É o segundo número mais alto desde 1990.”

e: Tendo em conta o número de refugiados, que aumenta consideravelmente, e a opinião pública europeia influenciada por esta tragédia, pensa que as autoridades políticas europeias vão encontrar uma solução duradoura para acabar com a guerra na Síria?

MÇ: “O Conselho de Segurança da ONU, que foi formado para manter a paz neste tipo de atmosfera, não deu nenhum passo nesse sentido. Mostrou-se completamente inútil, tal como aconteceu já em crises anteriores. O aspeto político desta tragédia é o mais importante, pois foi ele que causou esta crise de refugiados. Infelizmente, até hoje, nem o Ocidente, nem o Conselho de Segurança, nem a Rússia, nem a China conseguiram encontrar soluções… Ou então, não as quiseram procurar. Depois da morte trágica desta criança, os políticos têm de tomar decisões concretas, não apenas chorar frente às câmaras. Essas medidas têm de se centrar em questões humanitárias, Direitos Humanos, leis sobre os refugiados e soluções permanentes, que devem ser encontradas.”

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